30.4.13

102 anos de cinema paraense na Pan Amazônica

De Líbero Luxardo aos novos realizadores. Esta será uma grande oportunidade para conhecer a vasta produção cinematográfica do Pará. A Mostra de Cinema Paraense “Esse País que se chama Pará” vai acontecer de 01 a 05 de maio (quarta a domingo), no Cine Estação das Docas (Teatro Maria Sylvia Nunes), das 18 h às 21h, com entrada franca. 

Além das exibições, haverá ainda, no sábado, 04, a mesa de debate “O Cinema Paraense em perspectiva: Passado, presente e futuro”, que terá como convidados, o realizador e coordenador do Núcleo Digital do Pará/IAP, Afonso Gallindo, as professoras do curso de cinema da UFPA, Ana Lúcia Lobato e Ana Cláudia Melo e o realizador Joel Cardoso, com mediação de Marco Moreira. 

“Acho muito importante o diálogo, o debate, a reflexão. Quanto ao tema, costumo dizer nas minhas andanças pelo mundo que sou de “Um país que se chama Pará”, como na música ‘Porto Caribe’ de Paulo André Barata”, diz Zienhe Castro, curadora da programação, montada com a colaboração do Instituto Culta e do Museu da Imagem e do Som do Pará. A mostra traz um recorte desta produção centenária, com algumas raridades do acervo do MIS, digitalizado recentemente. 

“Isso é muito importante para história do cinema paraense, que segundo dados históricos, neste ano de 2013 completa 102 anos. As obras mais recentes da década de 80 para cá, tive que contatar os realizadores para solicitar as cópias e autorização de exibição”, explica a produtora. 

“A ideia foi de apresentar um panorama com filmes que representassem as diversas fases da nossa produção. A produção cinematográfica paraense tem registros desde 1911 com o filme “Viagem de Lisboa ao Pará”, realizado pelo cinegrafista espanhol Ramon de Baños. Porém, lamentavelmente muitos desses registros foram extraviados e outros o tempo e a umidade corroeram”, comenta Zienhe Castro. 

Filmagens de Marajó...
Filmes de Líbero Luxardo em destaque 

Da década de 30, a peça de uma raridade. “Um Diamante e Cinco Balas”, o longa, está perdido. Ninguém sabe onde está.

Até hoje, pesquisadores, cinéfilos e até parentes de Luxardo tentam desvendar o mistério de onde o filme foi parar. 

Pode estar até esquecido em alguma gaveta ou fundo de armário, quem sabe escondido... há especulações à respeito. Realizado em 1931, o que restou dele será visto pelo público. Trata-se de um trailler do gênero grandes produções, de 3 minutos, em preto e branco. Você confere logo na abertura da mostra, nesta quarta-feira, 1º de maio. Vá!

No mesmo dia, mais duas pérolas de Líbero Luxardo. "Alma do Brasil", produzido no mesmo período que "Um Diamante..", em 1931/1932, com 1 hora de filmagem, em preto e branco. Já da década de 1960, temos “Um dia qualquer” (80 min), também preto e branco. Foi o primeiro longa metragem do cineasta. 

Traz no elenco Hélio Castro, Lenira Guimarães, Cláudio Barradas, Zélia Porpino e Nilza Maria, com fotografia de Fritz Mellinger e Rui Santos, som de João S. Nunes e a trilha com músicas de Waldemar Henrique e Bruno de Menezes. É uma coisa de se ver. Belém, suas ruas, os bairros da periferia, ainda repletos de igarapés. 

No set de Um Dia Qualquer
Em uma das cenas de festa tenho a impressão de ver Sebastião Tapajós, posso estar enganda, só revendo a ficha técnica. E outra, há  aprimeira cena de nudez do cinema paraense. Imagina o que foi a repercussão na época. Histórias que certamente Marco Antonio Moreira poderá nos contar no bate papo que vai acontecer no sábado.

A programação da Mostra de Cinema segue na quinta-feira, 02 de maio, com filmes produzidos na década de 1960. 

Abre com “Belém 350 anos” (10min/P&B/16 mm), direção de Líbero e a câmera, de Milton Mendonça, outro grande expoente da nossa produção em seu pioneirismo. Traz a música “Exaltação de Belém”, de José Macêdo executada pela orquestra Alberto Mota. 

Belém 350 anos, veja aqui
Na narrativa, os comentários enaltecem os 350 anos de Belém, com cenas do Círio de Nazaré, da fundação da Universidade Federal do Pará e do próprio Líbero Luxardo divulgando, junto com Lenira Guimarães, seu filme “Marajó: Barreira do Mar”. Traz uma Belém moderna, do cinema, do conhecimento. 

Completando o segundo dia de exibição com as obras de Líbero Luxardo, claro, tem “Marajó, Barreira do Mar” (1963/64 /80 min. p&b), o segundo longa, com direção e roteiro Libero Luxardo, músicas,mais uma vez de Waldemar Henrique e também de Sebastião Tapajós. No elenco, os atores Lenira Guimarães, Zélia Porpino, Luis Mazzei, Maria Gracinda e Cláudio Barradas. 

A mostra, que ainda percorre outros diretores, exibe neste dia, dentro do ciclo dos anos 1960, “Vila da Barca (1964/p&b, 16 mm, 10 min), com direção de Renato Tapajós, colaboração de Cláudio Barradas, Isidoro Alves, Acyr Castro, Poty Fernandes e José da Silva Marreco. 

O documentário de curta metragem aborda a favela construída sobre palafitas em Belém do Pará’ (1964-65), e ganhou prêmio de melhor documentário no Festival Internacional do Filme de Curta Metragem de Leipzig, Alemanha Oriental (1968). Foi o primeiro filme de Renato Tapajós. Permanência (1976/19m 59s), com direção, roteiro e montagem de Vicente Franz Cecim, fecha a noite.

Ópera Cabocla, de Adriano Barroso em pré-estreia
Mais recentes - A mostra segue até domingo, trazendo produções que vão dos anos 1980 até os mais recentes, incluindo ainda um lançamento.

“Ervas e Saberes da Floresta”, de Zienhe, finalizado em abril de 2012, mas só teve duas sessões fechadas para convidados em Belém.

Haverá um pré-lançamento, “Ópera Cabocla”, de Adriano Barroso, que terá sessão especial, no domingo, 05, encerrando a mostra. O filme documenta as óperas populares interpretadas pelo Pássaro Junino Tem-Tem do Guamá e as encenações feitas durante a quadra junina, na Cidade de Belém do Pará.

Atentos, vale repetir: vai ser uma oportunidade e tanto para ver, principalmente as obras restauradas, de Líbero Luxardo (lembrando que há muito mais de sua produção aguardando um trato no Museu da Imagem e do Som do Pará), mas também pra se atualizar quanto a esta produção centenária que o Pará tem em cinema. 

Serviço
A programação completa está no site da VII Feira Pan Amazônica do Livro, no site www.feiradolivro.pa.gov.br. Pode ser baixada em PDF. Acesse.www.feiradolivro.pa.gov.br

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