O show do disco solo de Domenico Lancellotti será realizado em Belém, dia 23, no anfiteatro São Pedro Nolasco, na Estação das Docas, de cara para a baía do Guajará. A apresentação integra a programação do Conexão Belém, realizado em parceria com o Festival Ver o Peso do Jazz, e que abre na sexta, 21, no Theatro da Paz, com outras atrações.
Quase uma década depois da primeira imersão autoral, o músico traz no álbum Cine Privê (2011) o experimentalismo e a mistura de ritmos, com o samba soando mais uma vez eletrônico enquanto o rock chega mais suingado. O disco marca sua estreia como carreira solo, um novo momento na carreira do artista que apesar disso, ainda traz diversas parcerias.
“É muito mais difícil fazer as coisas sozinho, sempre fui do coletivo, e de certa forma continuo sendo, sem a ajuda dos meus colaboradores de sempre não sou ninguém. Mas tenho conhecido outras parcerias, tenho feito música em outros estilos, fora da banda temos uma liberdade maior. Não gosto de fazer sempre a mesma coisa, meu projeto solo é um lugar onde posso desenvolver algumas ideias”, disse em entrevista ao Holofote Virtual, nesta segunda-feira, 17.
Um trabalho que muda constantemente. É assim que ele gosta de se definir na música esteticamente. “Meu trabalho muda o tempo todo é isso que me dá alegria, o entusiasmo vem daí”, explica.
E cita como exemplos, o Duo de improvisação que faz com Pedro Sá, o Taksi, outro duo, com João Brasil, além do Trio Elétrico, um trio instrumental realizado com Davi Moraes e Alberto Continentino, e a Meia Banda, que ele tem como pessoal do Rabotinik.
“Todos esses trabalhos andam juntos e são fundamentais, um alimenta o outro”, esclarece. “Tenho feito muita música com o Tono (banda que gosto muito aqui do Rio), Acabei de fazer um disco em Londres em parceria com Sean O Hagan, fiz muita coisa para o novo projeto inspirado nos trios de bossa nova dos anos 60 e 70, junto com Davi Moraes e Alberto Continentino. Além dos parceiros de sempre, Kassin, Moreno, meu irmão”, continua.
Cine Privê é o primeiro disco solo de Lancellotti, que já surpreendeu quando lançou Sincerely Hot (2003), o primeiro disco de estúdio feito em parceria com Kassin e Moreno Veloso, através do projeto +2, e recebido como um som novo, trazendo o samba ou a música popular brasileira a roupagem moderna das interferências eletrônicas.
Misturas, influências, experimentalismo
Quem esteve em Algodoal, no Festival Cultura de Verão de 2004 - aliás, o melhor e mais desafiador de toda a sua história -, viu ao vivo e à cores Domênico + 2. Na época, os três nos trouxeram novos ares mas também travaram o primeiro contato com o turbilhão musical paraense.
“Ficamos muito impressionados com a cena musical da cidade e como havia espaço para todos os estilos. Incluindo uma banda experimental carioca!”, disse Lancellotti. Ele conta que a primeira vez que esteve em Belém sofreu um impacto muito grande com a cultura da cidade.
“Isso me influenciou muito, fiz algumas músicas inspiradas nisso, ‘Zona Portuária’ do Cine Prive pra mim é principalmente o mercado Ver o peso. Nesse disco novo fiz um filme para todas as faixas, tem uma também que é o mercado Ver o Peso”, comenta, acrescentando que naquela ocasião teve oportunidade de conhecer Mestre Vieira, Curica e Aldo Sena, os mestres da guitarrada, Dona Onete, Pio Lobato, Manuel Cordeiro, Gaby, além de tocar com vários deles algumas vezes na Orquestra Imperial. “A cena musical de Belém, hoje em dia é a que mais me interessa”, conclui.
Filho do compositor Ivor Lancellotti, Domenico cresceu influenciado pelo ritmo do samba. Tem colaborado com vários artistas como o Quarteto em Si, Daniel Jobim, Caetano Veloso, Fernanda Abreu, Adriana Calcanhoto. Nos anos noventa formou uma banda de rock experimental chamada ‘Mulheres Que Dizem Sim’, quando conheceu Moreno Veloso e Alexandre Kassin.
No momento atua em vários projetos junto a Orquestra Imperial, ao projeto Os Ritimistas em parceria com Stephane San Juan e Dany Roland, além de tocar bateria nas apresentações ao vivo do Adriana Calcanhotto, e sente-se feliz.
“Sou filho compositor, amigo desde a epigênese da infância de músicos, moro num pais tropical e a música é agregadora, é o ambiente perfeito para desenvolver a mente e a sensibilidade”, decreta.
A turnê de Cine Privê inicia em Belém. No dia 07 de agosto, chega em São Paulo, na
Galeria Nara Roesler, tendo como cenário uma instalação da artista plástica
Lucia Koch. A turnê passará ainda, em agosto e setembro, pelo Rio de Janeiro,
Brasília, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Goiânia. “Mas ainda estamos vendo a possibilidade de outras
cidades como Porto Alegre e Fortaleza", informa o músico.
No show, Domenico é acompanhado por uma superbanda formada por Pedro Sá
(guitarra), Alberto Continentino (baixo), Stephane San Juan (bateria) e Claudio
Andrade (teclados). No repertório, músicas do novo disco, como “Cine Privê”,
“Hugo Carvana”, “Pedra e Areia”, além das canções de seu primeiro CD “Sincerely
Hot” (2003), como “Aeroporto 77” e “Alegria, vai lá”.
A turnê do Cine Privê tem patrocínio da Vivo, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de
Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e realização da Benguela Produções Artísticas, com produção: Rinoceronte Produções. Em Belém, o evento é uma parceria do Festival Ver-o-Peso do Jazz e o Conexão Belém, com patrocínio da Vivo, através da Lei Semear, com gestão e produção
partilhada da Ampli Criativa, Cria! Cultura e MM Produções.
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