Em sua segunda edição em Belém, o evento traz programação especial, em comemoração ao Dia Internacional da Prostituta. Domingo, a partir das 9h, na Pça da República e a
partir das 12h no Stúdio 345 . Entrada
Gratuita. Saiba mais do que vai acontecer, a seguir, no texto da jornalista Luiza Cabral.
A luta das prostitutas pela garantia de direitos e da dignidade é diária e muita vezes silenciosa. Mesmo integrando a classe de uma das profissões mais antigas da humidade, estas mulheres trabalhadoras enfrentam preconceitos e estigmas diversos, reforçados pelo não reconhecimento do ofício perante a legislação brasileira.
E para mais uma vez colocar os holofotes em cima destas e outras questões também pertinentes, a Associação de Prostitutas do Estado (Gempac) realiza pelo segundo ano consecutivo o Puta Dei – programação alusiva ao dia internacional da prostituta, 2 de junho.
Na programação, debate político se une à arte e cultura, mostrando que a reflexão pode perpassar diversos campos e derrubar muitas fronteiras.
Tudo começou em 2012, quando o Gempac descobriu uma nova arma para difundir a luta das prostitutas: a comunicação autônoma.
Com um projeto aprovado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos, o “Zona de Direitos”, a instituição detectou que apesar dos grandes avanços que marcaram as últimas décadas, os níveis de violência registrados no meio das prostitutas ainda era muito alto.
Por meio de levantamentos, pesquisas e ações chegou-se a conclusão que a mídia tem papel fundamental nessa construção.
“A forma como os veículos de comunicação lidam com as questões a ver com as prostitutas – tanto em relação a violência, como com a própria luta – reforçam determinados pensamentos da sociedade sobre a classe. Foi aí que percebemos que a única forma de estabelecer uma comunicação coerente com o que vivemos só seria possível se nos muníssemos de ferramentas como a internet”, explica Leila Barreto, do corpo administrativo do Gempac.
Foi assim que pintou a ideia de montar um Núcleo de Comunicação para a instituição, que além de manter um blog, também criou o conceito do Puta Dei e de outras ações desenvolvidas pela entidade, como a campanha
“Não deixe a luz da esquina se apagar” e o evento em comemoração ao Dia da Mulher.
Apoios - Mais uma vez apoiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos e agora também pelo Red Umbrella Fund, o Puta Dei volta este ano com força total. Depois do sucesso da primeira edição, prostitutas e parceiros convidam novamente a sociedade para uma programação criativa e instigante, a fim de envolver a todos em importantes debates.
A programação deste domingo, 2 de junho, inicia na Praça da República, às 9h. Lá, será realizado o primeiro Ato Puta Dei, com o lançamento da campanha “Já temos ocupação, agora queremos legalização!”. A iniciativa tem como objetivo divulgar a informação de que o ofício de Prostituta é reconhecido na Classificação Brasileira de Ocupações - CBO.
“Quando a lista da CBO foi criada, em 2002, os profissionais do sexo foram inclusos sob o número5198. Isso é um avanço para a classe, pois pelo menos garante direitos básicos. É importante que as pessoas saibam disso e, principalmente, que as mulheers que trabalham como prostitutas de inscrevam na CBO. Acreditamos que a adesão é um passo nessa luta em direção à legalização da profissão”, considera Leila.
O ato se dará com distribuição de material informativo e também microfone aberto para considerações.
Depois do ato, ao meio-dia, haverá um cortejo em direção ao Stúdio 345, casa que abrigará o restante da programação do Puta Dei.
Munidos de poesia e muita informação, o grupo convida a todos para trazerem adereços e fantasias para a manifestação itinerante.
Depois do almoço, intitulado “Santa Ceia”, começa o segundo Ato Puta Dei, em que comunicadores, prostitutas e ativistas se unem para discutir diversas questões relacionadas à classe. “A ideia é que possamos conversar sobre comunicação e ativismo, unindo profissionais e pessoas que estejam na luta pelos direitos das minorias”, esclarece Leila.
Estão convidados para o bate-papo Adelaide Oliveira (Funtelpa), Cristina Carvalho (OAB), Maria Christina Barbosa (Comitê Arte pela Vida) e membros do Gempac.
Às 15h30, Cinderela, membro do Gempac, e as “pepetes”, como são conhecidas as meninas que trabalham no Stúdio 345, darão uma oficina descontraída de strip-tease.
Em seguida, começa a preparação para a tradicional Corrida de Calcinhas, atividade comum em toda a rede nacional de prostitutas.
Às 17h inicia a programação cultural “Pega fogo, Cabaré”, com apresentações de performances, exposições fotográficas e música.
“O interessante é unir todas as expressões artísticas em uma única programação, mostrando como o debate pode atravessar todas as linguagens. Convidamos a todos para endossar esse grito pelo fim do preconceito e por melhorias para a classe com a gente”, convida Leila.
9h
Preliminares: acordando o corpo com Icaro Gaya/ confecão de cartazes para o cortejo.
Ato Puta Dei com o lançamento da campanha “Já temos ocupação, agora queremos legalização!”
Local: Praça da República.
11h30
Cortejo em direção ao Stúdio 345 - Venha de fantasia, traga seus adereços!
12h - Santa Ceia.
Local: Stúdio 345
14h
Ato Puta Dei com o bate-papo “Putas, ativistas e comunicadores”
Com: Adelaide Oliveira (Funtelpa); Maria Christina Barbosa (Advogada e Comitê arte pela vida); Cristina Carvalho (OAB); San Rigaud (estudante de direito – UFPA); Leila e Lourdes Barreto (Gempac).
Local: Stúdio 345
15h30
Oficina de strip-tease com Cinderela e as Pepetes.
Ensaio fotográfico “As belas da tarde”, com o brechó Queen Jane.
Local: Stúdio 345
17h – Corrida das Calcinhas. Abertura com o burlesco amazônico de Lo Ojuara
Local: Stúdio 345
18h- 22h
Baile “Pega Fogo, Cabaré!”, apresenta: Performance Sarah Monserrat
DJs Rafael, RG, Fit Lucs
VJ Rodrigo Sabá
Perifeéricos
Djs Gersinho Paixão e Jeft Tesão
Dj Gabriel Gaya
Banda Carbono
Durante toda a programação
Cobertura analógica de Ana Mauê
Exposição "Marcas que somos nós", de Cinthya Marques.
O Stúdio 345 fica na Trav. Frutuoso Guimarães, 345 – entre Ó de Almeida e Manoel Barata.
Fotos do Flickr "Galeria Cine Gempac"
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