Grupo Tamba-Tajá levanta a bandeira dos gêneros “genuinamente paraenses” e comemora 25 anos de atividades com show no Teatro Waldemar Henrique, com participação de Alfredo e Nanna Reis, além de Alcyr Guimarães e Edson Abreu. Nesta sexta-feira, 21 de junho, às 19h.
Um dos mais conhecidos e reconhecidos grupos de expressões culturais do Pará, o Tamba-Tajá quer mostrar que sabe mais do que entreter turistas. O grupo quer mostrar a pegada rústica do carimbó e de outros ritmos como lundu, síria e angola.
O evento, intitulado “Tamba-Tajá: 25 anos carimbolando pela cultura paraense” é a continuação do projeto “Carimbó e outros ritmos”, idealizado pelo compositor Alfredo Reis.
Ao mesmo tempo o espetáculo ganha um sentido de manifesto, uma vez que a popularização e a “modernização” dos ritmos nativos acaba por deixar em segundo plano os adeptos do carimbó “de pau e corda”.
Para Wilton Farias Júnior, coordenador musical do grupo, a existência do mesmo é uma resistência a favor da cultura popular.
“Fazer cultura de raiz em nosso estado é um desafio. Como os ritmos genuinamente paraenses são pouco difundidos, e com a invasão de outros ritmos, de outras culturas, bastante massificadas, e extremamente apelativas, geralmente não encontramos oportunidade para nos apresentarmos”, explica.
Wilton acredita que os ritmos modernos chamam muito mais atenção dos jovens e da maioria do público pela visibilidade e estratégias de promoção. Porém, ele garante que quando for dada a mesma ênfase ao carimbo e aos ritmos tradicionais, o gênero popular será valorizado.
“Se você for à Bahia, você encontra muita gente em roda de capoeira, tocando axé. No Ceará, quiosques oferecem apresentação de humoristas, apresentação de forró (do bom!), enfim, os outros estados promovem seus costumes e os valorizam. Já a gente, parece que tem até vergonha. Eu lamento”, desabafa.
Mas nem sempre foi assim, entre os anos 80 e 90, artistas de renome da música pop paraense reconheciam a iniciativa do Tamba-Tajá e os convidavam com freqüência para produções e participações. Eraldo Ramos, vocalista da banda Fruta Quente, um dos maiores sucessos populares da música do estado em todos os tempos, costumava cantar as músicas e chamar o grupo para tocar.
O mesmo aconteceu com artistas como Alcir Guimarães e Mosaico de Ravena, com quem o grupo gravou “Belém- Pará-Brasil”, que é considerada por Wilton uma “espécie de hino não-oficial de Belém”. O grupo também participou de programa “Viola, minha viola” apresentado por Inezita Barroso, pela TV Cultura de São Paulo.
O pesquisador e jornalista Elielton Nicolau Amador diz que a defesa apaixonada do Tamba-Tajá pode soar como um nativismo meio xenófobo, mas, segundo ele, a manifestação de resistência se justifica diante da obscurescência provocada pela superexposição midiática de gêneros ditos modernos.
“O grupo Tamba-Tajá tem exatamente os valores que faltam a muitos grupos de música pop baseada em gêneros paraenses da atualidade, que é a experiência e a pegada forte de quem bate no curimbó há muito tempo. Se você pegar um tocador de curimbó novo você não vai ver/ouvir uma performance tão forte e notável quanto a performance de Sinval Lourinho, que é músico do grupo.
O curimbó não é um instrumento fácil de tocar. As diferentes dinâmicas dos diferentes ritmos exige ao mesmo tempo força e sensibilidade de quem toca. Não são qualidades vistas com freqüência em um mesmo instrumentista”, afirma Elielton, que também é um dos idealizadores do projeto ao lado de Alfredo Reis.
O repertório do Tamba-Tajá neste show comemorativo vai contar com a essência das tradições folclóricas da Amazônia, ou seja, o público vai dançar muito siriá, lundu, carimbó e xote. Além dos temas tradicionais, o público também se encantará com as composições consagradas e as mais contemporâneas, além de outras inéditas, do grupo. Entre os convidados estão os músicos Alfredo Reis, Edson Abreu, Nanna Reis e Alcyr Guimarães.
“Vamos fazer uma viagem no tempo, resgatando a alegria das primeiras apresentações do Tamba-Tajá. A dinâmica musical e coreográfica, a importância do trabalho do Maestro Adelermo Matos que foi sofrendo adaptações durante todos esses anos. Receber convidados que em, algum momento, fizeram parte ou participações de destaque no grupo. Reunir antigos e novos componentes e fazer uma grande festa de confraternização com todos os que gostam e acreditam que nossa cultura musical tem que ser preservada”, revela Wilton Farias Júnior.
Ainda de acordo com Wilton Júnior, o espetáculo foi pensado para ser flexível. “Dependendo do momento, estamos preparados para que o público possa interagir e, dependendo dessa interação, dinamizar a apresentação”, revela. O show também vai ter intervenções fotográficas. A ideia é que se tenha um painel para mostrar um pouco da trajetória do Tamba-Tajá.
“O grupo tem se esmerado em buscar uma forma de contar essa trajetória de 25 anos num espetáculo de uma hora e meia, tentando fugir da forma tradicional de um show folclórico. Pretendemos fazer com que o público fique atento e empolgado com a apresentação, e que deseje ver mais! Nosso desejo é apresentar um espetáculo que agrade aos presentes e que possa mostrar que nossa arte tem um valor que ainda precisamos reconhecer, resgatar, proteger, divulgar, se orgulhar”, enfatiza Júnior.
Tamba-Tajá - Fundado em 13 de maio de 1988 por 28 integrantes pertencentes ao antigo grupo denominado Grupo Folclórico do Pará – coordenado pelo maestro e professor Adelermo Matos – o grupo é composto, atualmente, por 22 integrantes, sendo dez da batucada (parte musical) e 12 dançarinos.
O Tamba-Tajá tornou-se uma associação civil, sem fundos lucrativos, constituída por uma diretoria e um conselho deliberativo e fiscal, formado por seus próprios integrantes (dançarinos e instrumentistas).
A diretoria é composta por presidente (Norma Damasceno), vice-presidente (Rita Amorim), secretário (Sinval Ribeiro Lourinho), diretora artística (Conceição Barros), diretor de marketing (Levindo Carneiro), diretor de patrimônio (Robson Campos), coordenador musical (Wilton Farias Júnior) e relações públicas (Levindo Carneiro).
Serviço
Show: Tamba-tajá: 25 anos carimbolando pela cultura paraense! Dia 21 de junho – sexta-feira, às 19h, no Teatro Waldemar Henrique.
Ingresso: R$ 10.
Informações: (91) 8154-0309 / 9905-5276 / 8711-9806.
(Texto enviado pela assessoria de imprensa do projeto)
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