O Festival Amazônia Mapping traz oficinas gratuitas, com os maiores artistas em mapping do país. Mas a programação ainda inclui shows em parcerias com músicos e produtores multimídias.
O inédito, o FAM investe em alta tecnologia, promovendo projeções que ocupam a arquitetura do centro histórico de Belém, até outubro.
Uma das técnicas visuais mais inovadoras da atualidade, o videomapping é a projeção audiovisual que, quando aplicada a grandes estruturas, como edifícios e monumentos, permite que as imagens “se dobrem” com a arquitetura onde são exibidas.
“A ideia é que esse centro histórico receba a intervenção de tecnologias avançadas de vídeo projeção, na busca de integrar a arte à arquitetura e ao espaço púbico. É um convite ao despertar de um espaço que diz respeito a nossa própria identidade cultural, como paraenses e amazônidas, e revisitá-lo de uma maneira surpreendente, que rompa com o modo trivial de lidarmos com a cidade”, diz a artista visual Roberta Carvalho, idealizadora e curadora do festival, realizado pela 11:11 Arte, Cultura e Projetos.
Os festivais de mapping têm sido realizados nos mais variados locais do mundo, como Londres, Genebra e Budapeste. No Brasil, os eventos ocorrem no sudeste do país e, pela primeira vez, chega à região Norte. “O mapping é considerado o futuro das projeções. E mesmo com a dificuldade de conseguir a tecnologia necessária para desenvolver essa técnica, a realidade é que essa técnica abre inúmeras possibilidades de criação e ocupação. Não há limites”, afirma Roberta.
Um dos destaques da programação é a exibição de um trabalho inédito de Leandro Mendes, o VJ Vigas. Para Belém, o artista traz um de seus mais significativos projetos. Batizado de “Organismos Públicos”, o trabalho mapeia prédios seculares de cidades do país, que têm a fachada “ocupada” por projeções criadas a partir da história de cada local e de elementos simbólicos que dizem respeito à identidade cultural daquele espaço.
Na capital paraense, a Igreja de Santo Alexandre será a tela que receberá os desenhos de luz criados por Vigas.
“A igreja tem um grande valor histórico para cidade, e o projeto tem o conceito de usar prédios públicos históricos para resgatar seu valor com a cidade, além de trabalhar elementos referentes ao histórico do seu entorno”, diz o artista.
A projeção inédita, inspirada no centro histórico de Belém, ocorrerá no sábado, 28, e traz elementos da realidade amazônica, marcada por um misto de urbanidade e regionalismo.
“Para essa apresentação, serão usados elementos que compõem a fauna e a flora amazônica, somando-se a elementos históricos da fundação da cidade, os povos que ali viveram, seus colonizadores. O projeto pretende revisitar a história secular da cidade a partir da tecnologia, e o despertar do espectador, que verá os prédios históricos de uma forma completamente inovadora”, diz o artista.
Oficinas - O Festival Amazônia Mapping se propõe a promover o intercâmbio com profissionais de outros estados brasileiros.
Três artistas de destaque na cena nacional e mundial irão ministrar oficinas gratuitas no Instituo de Artes do Pará (IAP).
O VJ Robson Victor, um dos maiores nomes em projeção de videomapping e detentor do título de Campeão Mundial de VJs no 4º World Championship, ministrará o workshop “Produção de conteúdo para Vjing em After effects”, de 24 a 26 de setembro.
Vencedor da 1º edição brasileira do Campeonato Brasileiro de VJs, Robson Victor trabalha a imagem em sincronia com o som, criando um ambiente totalmente imersivo com suas animações. Acumulando a experiência de ter participado de festivais de audiovisual em diversas cidades do mundo, o VJ atualmente trabalha com projetos de videomappings para o mercado corporativo e circuitos culturais que correm o mundo e ministra palestras e workshops de produção e mapping em São Paulo na USP e na Trackers Centro Multidiciplinar.
O mais influente e importante artista de vídeo mapping do país também é convidado do festival. Pioneiro no país e com uma trajetória de quase 20 anos, VJ Spetto ministra a oficina “Vídeo Mapping”, dos dias 24 a 26. Para ele, o videomapping proporciona a reinvenção da relação com o meio urbano.
“As pessoas não olham mais a paisagem urbana, estão cegas e presas a essa rotina, em que olhar para cima ou para o lado significa perder tempo.
A arquitetura é algo que se vivencia. O videomapping vem na esteira de todas as manifestações urbanas de arte. É uma ânsia da cultura e da arte atual de transformar a cidade em que se vive numa coisa mais humana, acessível e lúdica”, diz Spetto.
Voltada para iniciantes, o coletivo de experimentação gráfica Várzea Ilustrada promove a oficina “Intervenção Criativa” nos dias 26 e 27. Formado por André Catoto, Gabriel Bitar, e Nana Lahóz, o grupo trabalha com produção e manipulação de imagens em tempo real, fazendo uso principalmente da projeção e da animação quadro-a-quadro ao vivo como ferramentas em seus trabalhos.
Shows
A programação do FAM culmina em uma grande noite de celebração no dia 28, a partir de 20h.
Diversos artistas convidados irão expor projetos inéditos, criados especialmente para o festival, que serão apresentados em diversos espaços do centro histórico.
Daniel Ziul, do estúdio Gotazkaen, cria grafites enquanto os Cronistas da Rua tocam o seu hip hop.
O artista multimídia Luan Rodrigues compôs imagens que irão ser exibidas com um set musical criado pelo O DJ Waldo Squash, do Gang do Eletro. Aíla e Roberta Carvalho, que há anos trabalham juntas aliando música e imagem, também se apresentam no projeto.
O DJ e produtor Jaloo, que desponta no cenário nacional, se apresenta ao lado do artista visual Kauê Lima. Lucas Gouvea e Maécio Monteiro, da Improvideo, mostram suas projeções em parceria com o saxofonista Stefano, do Zebrabeat, banda paraense que aposta na black music e em batuques suingados.
Até o dia 15 de outubro, o FAM realiza ainda projeções dentro da mostra “Visualidades Sobre Superfícies da Cidade”, em vários locais da cidade, cuja proposta é deslocar o trabalho de artistas visuais para o meio urbano sob a forma de projeções mapeadas. As projeções serão divulgadas no site do festival. A realização do FAM é da 11:11 Arte, Cultura e Projetos, com patrocínio VIVO, através da lei Semear. Confira o site do projeto.
Serviço
Festival Amazônia Mapping realiza oficinas de vídeomapping de 24 a 27 de setembro, no Instituto de Artes do Pará. A programação promove no dia 28 a Ocupação do Centro Histórico, no Complexo Feliz Lusitânia, com artistas convidados que apresentam parcerias inéditas entre música e vídeo. Os shows começam a partir de 20h. Toda a programação é gratuita.
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