5.9.13

Luiz Braga de volta à Casa das Onze Janelas

Imagem seminal que inspirou a mostra
"Entreato da Luz” reúne 34 imagens em cores e segue aberta até dia 29. Na programação já houve palestra de Diógenes Moura sobre a obra do artista, no dia 3, e no dia 24 trará um encontro do público com o autor, o curador Armando Queiroz e o poeta João de Jesus Paes Loureiro, autor dos textos da mostra. Entrada franca.

Um artista atento e ávido de luz. Assim Luiz Braga desbrava os espaços e percebe a hora da captura da  imagem e a escolha do que expor. Sobre a foto que abre o post, e que também foi escolhida para ilustrar o convite virtual dessa nova exposição, ele comentou com o Holofote Virtual. "Essa imagem é seminal, pois foi a partir da experiência sensorial desse espaço vazio invadido pela luz matinal é que decidi fazer a mostra".

Luiz Braga já realizou mais de 120 exposições, entre individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. Recebeu inúmeros prêmios e suas fotografias compõem coleções públicas e privadas relevantes, entre as quais destacam-se as do Museu de Arte Moderna de São Paulo MAM/SP, Centro Português de Fotografia, Miami Art Museum, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Pinacoteca do Estado de São Paulo. 

Desde 2010 (quando a mesma sala da Casa das Onze Janelas recebeu um grande acervo de fotos doado por Luiz Braga ao Sistema Integrado de Museu) e da exposição anterior, “Arraial da Luz” – que atraiu 35 mil visitantes - o fotógrafo paraense não apresentava aos conterrâneos uma seleção recheada de novidades, muito embora tenha mostrado muitos trabalhos em São Paulo, Tóquio e Veneza. 

"Banhista", em Outeiro
Este hiato de três anos é quebrado agora, com a exposição abrigada na Casa das Onze Janelas (um palacete do século 18, que hoje abriga o Museu de Arte Moderna de Belém, localizado no sítio onde a capital do Pará foi fundada). 

“A exposição se vale do próprio ambiente, preenchido não só pelas fotografias, mas também pela luz matinal que invade o salão superior frontal do palacete”, informa Braga. 

Outro detalhe repleto de cuidados e atenção, próprios do artista: Quem foi à abertura, no sábado, 31, se deparou com algumas de suas personagens, que estiveram presentes, uma espécie de troca colaborativa, pois em formato especial, a exposição também será levada ao quilombo onde ele fez as fotos mais recentes do ensaio. 

“As fotos, encerrada a exposição em Salvaterra, serão entregues como presente às pessoas que nelas aparecem. Todos nós gostamos de ter nossas fotografias no álbum da família (agora no Instagram ou noutro site de relacionamento) ou na parede da sala. Tenho certeza de que elas gostarão de ver as fotos e, certamente, as guardarão. E isso será a minha resposta ao acolhimento, à interatividade e à confiança que delas recebi nas sucessivas viagens que fiz” , justifica o fotógrafo. 

Além da série da menina pintada com carvão, que está em exibição na Bienal de Fotografia do MASP, a exposição nos traz imagens noturnas e a série recente feita em uma comunidade quilombola na Ilha do Marajó, e remete o visitante a um percurso pelo que Luiz Braga vem realizando nos últimos anos, desde o exílio causado pela violência urbana que o levou a fotografar no interior até a interação e a confiança readiquiridas no Marajó. 

"Meninos em Joanes"
O espaço urbano de Belém, que sempre foi seu território, tornou-se hostis às pessoas, inclusive aos fotógrafos, que precisam observar e contemplar com segurança a paisagem, empunhando uma camera - sem corer riscos, por exemplo de perdê-la ou a sua vida- ou, ainda, sem se submeter à desconfiança desconcertante (ou desconcentrantes) das pessoas que fotografa. 

O marco inicial desse passado está na exposição por meio de uma imagem ícônica do acervo de tempos mais tranquilos: a “Banhista em Outeiro”, foto da menina negra cuja imagem foi capturada em 1996 na Praia do Amor e que, recentemente, foi capa da revista francesa Courrier International, em sua edição especial sobre o Brasil. 

A exposição, que tem o patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, poderá ser visitada em Belém até 29 de setembro, num horário especial: de terça a sexta de 9 às 21hs e nos finais de semana e feriados de 10 às 22hs.

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