Exibido pela primeira vez, há três décadas, em uma reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o documentário “Roda Peão”, do fotógrafo Patrick Pardini (fotografias) e do economista José Alberto Colares (áudio e montagem), está de volta à cena, nesta terça-feira, 24 de setembro, a partir das 19h, no Sesc Boulevard. Direcionado a jornalistas, fotógrafos, documentaristas e interessados no assunto, após a sessão haverá debate com Ernani Chaves e Marly Silva.
Os grandes projetos na Amazônia sempre trouxeram mais impactos sociais e ambientais para a região, do que o real desenvolvimento e a melhoria na qualidade das pessoas que vivem aqui. E no que diz respeito a registros, o audiovisual tem exercido função importante.
Um bom exemplo é Iracema, uma Transa Amazônica, do Bodanski, onde para além da trama “ficcional” em meio à cena documental, podemos ver a floresta em chama em vários momentos, anunciando um longo e interminável período de devastação a que a Amazônia continua sofrendo até nossos dias.
Um bom exemplo é Iracema, uma Transa Amazônica, do Bodanski, onde para além da trama “ficcional” em meio à cena documental, podemos ver a floresta em chama em vários momentos, anunciando um longo e interminável período de devastação a que a Amazônia continua sofrendo até nossos dias.
Outro, é “Roda Peão”, documentário feito na década de 1980, à época da implantação da fábrica de alumina em Barcarena e Abaetetuba, no nordeste do Pará. O filme, montado, a partir de fotografias projetadas em slide e sincronizadas com a narração em áudio de uma fita K7, traz imagens e relatos de ribeirinhos e trabalhadores da região.
Na época, houve expulsão dos moradores do local onde foi construída a indústria, para logo em seguida atraí-los de volta para o local para trabalhar na obra. Antes quem vivia da pesca, passou a trabalhar na construção da indústria. Até hoje é assim. Quase todo mundo vive de um emprego na fábrica. O índice de violência nas duas cidades continua alto, com direito a assassinatos, prostituição e problemas com uso de drogas entre jovens.
Na época em que foi lançado, o vídeo chegou a ser exibido em Belém, em Barcarena e também em cidades de outros estados. O momento era de intensa discussão política e de acordo com Patrick, o áudio serviu de mote para gerar debates em torno dos grandes projetos industriais.
Para a nova aparição de Roda Peão, um trabalho intenso de digitalização foi feito com as fotografias e a fita de áudio, também passou por novo processo e foi remasterizada.
Na trilha sonora há duas músicas, uma delas, "Homenagem a Conde", de Joaquim de Lima Vieira (Mestre Vieira), cantada por Dejacir Magno (Dinâmicos).
Na primeira parte do filme é abordada a vida dos ribeirinhos e as principais atividades econômicas das cidades. Depois, o documentário trata de aspectos de dentro da indústria, da condição de vida dos operários, mostrando inclusive a parte de lazer dos trabalhadores, que gastavam o dinheiro do trabalho na Vila do Conde onde havia prostituição, bares, locais de dança e música ao vivo. Aproveitando o momento em que eles conversavam livremente, Patrick Pardini diz que foram obtidos depoimentos de alegria, emoção e raiva.
Serviço
Exibição de “Roda Peão”, às 19h, no Ssec Boulevard – Entrada franca. Na Av. Castilho França, em frente à entrada do estacionamento da Estação das Docas.
Exibição de “Roda Peão”, às 19h, no Ssec Boulevard – Entrada franca. Na Av. Castilho França, em frente à entrada do estacionamento da Estação das Docas.
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