19.3.15

“Minha Ilha” leva ações educativas ao Marajó

Contemplado com o XIV Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Funarte – Ministério da Cultura, o projeto “Milha Ilha – Campos abertos do Marajó” chega neste sábado (21), a Cachoeira do Arari, reunindo alunos do 9º ano da Escola Estadual Adaltino Paraense.

Idealizado pelo fotógrafo Octávio Cardoso, o projeto pretende registrar o vaqueiro e os campos do arquipélago, durante três viagens para fazendas de gado da região. A ideia é fotografar este trabalhador em momentos de transição: tanto do clima, entre as secas e cheias, quanto da própria prática de manejo do boi. Ao final, uma exposição será montada no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.

De acordo com Octávio Cardoso, o projeto é a consolidação de uma pesquisa fotográfica de quase 30 anos de viagens às cidades do arquipélago para o registro documental do vaqueiro, trabalhador que maneja o gado com desenvoltura – uma tradição passada de geração em geração e se reconfigura com os períodos de seca e cheia.

“O foco é a própria atividade do vaqueiro, um trabalho que exige habilidade tanto no ato de cavalgar, quanto no ato de laçar a rês, de cima de um cavalo. É um exercício quase ancestral de embate entre homem e natureza. Quero fotografar esse vaqueiro em um momento de transformações”, analisa Octávio.

A ação educativa será realizada com uma exposição com imagens dos vaqueiros e suas práticas cotidianas de trabalho. Os alunos também vão participar de uma oficina de fotografia, em que irão construir câmeras artesanais (chamadas de pinholes) e produzir as próprias imagens do local onde vivem.

Assim como no Liceu Mestre Raimundo Cardoso, em Icoaraci, que recebeu a ação educativa no início deste mês, os alunos com deficiência visual terão uma experiência sensorial para “ver” as fotos a partir placas de cerâmica, que têm o relevo de uma fotografia. O objetivo é reunir todos os alunos, de olhos vendados, para que toquem o objeto e tenham uma nova experiência sensorial.

“A experiência para os jovens que participam da oficina é muito interessante por despertar o olhar sobre a paisagem e a cultura, e pela construção de um objeto, que é a câmera artesanal.

A proposta da exposição com mídias táteis é possibilitar não só a acessibilidade dos portadores de deficiência visual, mas também oferecer a todos a percepção da imagem de outra forma”, diz Simone Moura, professora de arte, que vai conduzir a atividade em Cachoeira do Arari.

O fotógrafo Octavio Cardoso é paraense, nasceu em Belém, onde se formou em Engenharia Civil, pela UFPA. Começou a fotografar em 1984 na Fotoativa e em 1987 trabalhou no estúdio de Luís Braga. No início dos anos 1990 fundou juntamente com Miguel Chikaoka, Patrick Pardini e Ana Catarina Brito, a KamaraKó Fotografias, onde ficou até 1994. Paralelamente, até 1995, trabalhou como cinegrafista e diretor de fotografia na DCampos Produções e no projeto Academia Amazônia da UFPA.

Em 1995 criou a WO Fotografia juntamente com Walda Marques. Foi presidente da Associação Fotoativa de 2000 à 2007. Atualmente tem seu próprio estúdio e desenvolve trabalhos de documentação, publicidade. Possui obras no acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU), em Belém, Museu do Estado do Pará (MEP).

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