6.5.16

Desmemórias e conexões invadem Café Fotográfico

Um turbilhão de imagens invadem todos os dias os olhares cibernéticos do público em todo o mundo. Flavya Mutran traz sua pesquisa para o Café Fotográfico de quarta-feira, dia 11, no Casarão Fotoativa (19h), a experiência de seu mais recente trabalho Arquivo 2.0  - Desmemórias Fotógraficas.

O foco do estudo da fotógrafa resulta em trabalhos que provocam o espectador, que precisa vasculhar  o próprio  repertório  imagético  atrás das lembranças fixadas  a partir da imprensa, mídia, moda e o tão atual  compartilhamento de imagens via web.

Além de ponderar sobre o papel cultural da fotografia, a artista também busca proporcionar uma nova experiência do público com as imagens clássicas, já que apesar de ser uma pesquisa sobre o universo fotográfico, o contato não ocorre com fotografias formalmente expostas na galeria, e sim vídeos, objetos, livros e instalações, que resultaram na produção do livro de mesmo título.

Assim o trabalho de Flavya Mutran põe em pauta imagens emblemáticas de registro da história que fazem parte da memória coletiva das sociedades modernas, como a menina que corre da guerra no Vietnã, a criança africana  à espeita de um Carcara  ou  uma  silhueta  espelhada  numa  poça  d´água  captada  por  Cartier Bresson.

Além de bate papo fotógrafa abre mostra em Belém

O  projeto de Flávya foi vencedor do Prêmio de Artes Visuais Banco da Amazônia 2016. A artista abrirá no dia 18 de maio, permanecendo ao alcance do público até 24 de junho, no Espaço Cultural do banco da Amazônia, com obras de DELETE.use e RASTER, duas séries que a artista paraense vem aprofundando por meio de sua pesquisa de doutorado Universidade Federal do Rio Grande Sul. 

Em DELETE.use, a fotógrafa seleciona imagens conhecidas como partedas narrativas  modernas e,  simplesmente,  apaga,  ou  melhor,  deleta a figura humana, como uma estratégia de reocupação virtual da fotografia enquanto espaço social. 

“Não  são  fotografias, e sim, espaços de encontro. A série autodefine o duplo risco do apagamento e (re)uso de algo, que neste caso não exclui, e sim sugere novas conexões, inclusões”, diz Flavya. A reflexão sobre o conceito de desmemória fica evidente em RASTER, em que a fotógrafa exibe as transcrições visuais e sonoras dos códigos de imagens também  coletivamente muito conhecidas, explorando a plasticidade das versões alfanuméricas da linguagem de computadores. 

Nesta, a fotógrafa apresenta 12 clássicos da fotografia universal, porém em suas versões algorítmicas. Antes da abertura, porém, na semana que vem, os interessados já poderão dialogar com a artista sobre o pensar na fotografia como narrativas e elemento fundamental na construção da memória. “Embora possa parecer uma tentativa vã de mensurar o que não tem  medida,  me  ajuda a lidar com o  fato  de que  nem  mil  palavras,  sequer imagens, são capazes de valer mais que o tempo ou o espaço da memória”, afirma.

Café fotográfico: a arte de dialogar

Hoje referência no Brasil e no exterior, a fotografia paraense vem se constituindo desde a década de 1980 pela cultura do diálogo e da colaboração. No decorrer dos últimos anos, o Café fotográfico incentivou a discussão de temas os mais diversos possíveis, ligados tanto à fotografia quanto à produção artística visual. 

Outra marca do evento é a pluralidade de participantes. Os palestrantes convidados não se restringem a fotógrafos, o que favorece também a inclusão de outros grupos, como estudiosos, curadores, estudantes e profissionais de diversas áreas. Recebe artistas, curadores, editores, estudantes, profissionais da área das artes e é aberto a qualquer interessado na prática e discussão sobre fotografia e a produção audiovisual na região amazônica.

Símbolo da tradição que valoriza o debate e a interação, o Café Fotográfico iniciou em 2008 como uma atividade que valoriza o pensamento crítico sobre a fotografia – ou que é gerado a partir dela – e os seus diálogos com a imagem, reunindo quem atua ou se interessa pelo assunto em suas mais variadas possibilidades e abordagens.

Sob a coordenação de Irene Almeida, a programação valoriza tanto a participação de autores locais, para divulgar as suas obras, como o diálogo com produtores de outros lugares, o que permite a articulação com o que é pautado nas discussões realizadas em outras regiões do país.

Flavya Mutran - A paraense atua no campo da arte e comunicação desde  1989. Mestre em Artes Visuais  pelo  PPGAVI  do  Instituto  de  Artes  da UFRGS  (Porto  Alegre/RS),  ARQUIVO 2.0 é sua pesquisa de doutorado com estágio  no Programa de Doutorado Sanduíche no  Exterior  na Faculdade de  Belas  Artes da Universidade de Lisboa/PT (PDSE, BOLSISTA CAPES), com ênfase em compartilhamentos de fotografias via web.  Participa de exposições no Brasil e no exterior desde os anos 1990, tendo recebido prêmios  e  com  obras  nos  acervos  da  Coleção  Pirelli/MASP  (São  Paulo/SP);  na Coleção Joaquim Paiva em comodato no MAM-RJ (Rio de Janeiro/RJ); na coleção de Fotografia  Contemporânea  Paraense  do  Museu  de  Arte  Contemporânea  do  Pará (Belém/PA); no  MARGS  -  Museu  de  Arte  do  Rio  Grande  do  Sul  e  MAC-RS (Porto Alegre/RS). 

Contatos
flavyamutran@delete-use.photos
homepage – www.flavyamutran.com.br.
Sobre o projeto Arquivo 2.0:
www.arquivodoispontozero.com.br

Serviço
Arquivo 2.0 - Café Fotográfico com Flavya Mutran
Dia: 11 de maio de 2016 – quarta-feira
Hora: 19h
Local: Casarão Fotoativa
Endereço: Praça das Mercês, 19, Campina
Entrada gratuita

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