Durante os dez dias do evento, cerca de 400 mil pessoas de todo o Brasil devem visitar os mais de 200 estandes da Feira Pan Amazônica do Livro, que abre nesta sexta-feira, 27 de maio, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, capital do Pará. Vai até 05 de junho.
Na programação há palestras, oficinas, mostras de cinema e atrações culturais, com participação de escritores nacionais como Paulo Markun, Márcio Souza, Carlos Moore (Cuba), João Anzanello Carrascoza, Jean Paul Delfino (França) e Ziraldo, e paraenses, como Antônio Juracy Siqueira, Rosângela Darwich, Daniel Leite, Antônio Moura, Alfredo Garcia, Vicente Cecim, Salomão Laredo e Age de Carvalho.
Um dos eventos literários mais importantes do país chega a duas décadas de existência. A 20ª edição homenageia a professora e doutora paraense Amarílis Tupiassú e o país em destaque será o planeta Terra. Durante dez dias, a Feira do Livro espera reunir milhares de visitantes interessados em consumir a cultura literária.
Além dos mais de 200 expositores, a Feira oferece uma farta programação que inclui encontros literários com grandes nomes da literatura mundial, palestras, workshops, oficinas, mostras de cinema e atrações culturais para todos os públicos. Uma exposição no hall do primeiro piso do Hangar vai rememorar todos os momentos marcantes da feira, autores que já passaram por ela, atrações nacionais e internacionais.
Diante de um cenário onde se discute muito a prática da leitura em um país considerado de poucos leitores, ver um evento literário crescer é motivo de orgulho. “Associo o interesse do público à programação que a feira oferece. As pessoas têm contato com os escritores, tem uma farta oferta de livros, tem teatro, contação de história, cinema e manifestações folclóricas. Tudo isso cria uma ambiência que favorece o contato com o livro, estimulando a leitura”, opina Ana Catarina Brito, diretora de cultura da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e organizadora da feira há seis anos.
O evento já passou por vários espaços da cidade. Quando tudo começou, em 1997, como um projeto ainda tímido e pequeno, a feira ocupou uma área de 2.000 m² no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), com cerca de 66 estandes e uma média de público de 102 mil visitantes. Neste endereço ficou por seis anos, mudando-se para a Companhia Docas do Pará, com um espaço maior, 10.000 m², no ano seguinte.
As próximas edições ocuparam um galpão no Hangar (antes da reforma) e o Centro de Eventos Júlio César, onde várias tendas eram montadas para atender ao público. Foi a partir da 11ª edição que o centro de convenções da Amazônia tornou-se a casa fixa da Pan-Amazônica, disponibilizando uma área de 24 mil m² para a exibição dos 225 expositores e para a circulação de mais 400 mil visitantes.
“A Feira do tamanho que chegou e da importância que tem era inimaginável há 20 anos, quando plantamos a semente. Hoje, não é apenas uma feira, mas um evento cultural de destaque nacional e até mesmo internacional. Ou seja, é um encontro de cultura e de arte que se aprimora a cada ano sem perder a característica de uma feira de livro”, pontua Paulo Chaves, secretário de estado de cultura.
Ainda que a Feira ocorra apenas em dez dias, programar um evento desse porte dura um ano inteiro. Ao terminar uma edição, os organizadores já começam a pensar na próxima, buscando sempre estimular a participação dos municípios, principalmente da rede escolar, porque é aí, segundo Paulo Chaves, que está o futuro do país.
A programação não se resume aos dez dias em Belém, se estende aos outros meses com saraus literários, com a Pan Amazônica na Escola, com gincanas literárias, Pan-Amazônica nos municípios e, mais recentemente, com os salões regionais do livro em cidades como Santarém, no oeste do Pará.
Homenageada – Uma das tradições da Feira Pan Amazônica do Livro, que este ano completa 20 anos de existência, é homenagear escritores nacionais e locais em suas edições.
Entre aqueles que já tiveram seus nomes nessa condição estão Ruy Barata, Benedito Nunes, Eneida de Moraes e Ariano Suassuna. Para celebrar as duas décadas do evento, a escritora paraense Amarílis Tupiassú foi a escolhida para ser a grande homenageada.
Graduada em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a escritora possui mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e não por acaso, teve seu nome escolhido para marcar a data comemorativa do evento. Ela é uma das escritoras mais atuantes do evento. “Sempre trabalhei com literatura na Feira, à frente de palestras ou na organização, desde a época em que os livros eram arrumados no chão. Tínhamos que ter cuidado para não pisar neles. Só me ausentei enquanto morava na França”, lembra.
A experiência permite à escritora fazer uma avaliação pertinente sobre a Feira. “Ela teve um crescimento visível ao longo dos anos o que permite levar ao público uma gama maior de conteúdo e opções de atividades”, destaca.
Durante a Feira, a escritora vai lançar o livro “Escritores amazônicos e de outros nortes”, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). “São 28 ensaios, sobre obras de autores amazônicos, nacionais e internacionais, como Inglês de Souza, Eneida de Moraes, Ariano Suassuna, Milton Hatoum, Fernando Pessoa, Miguel de Cervantes, entre outros. Trata-se de uma revisitação nas publicações destes autores”, detalha.
Entre os livros lançados pela autora estão “Para refletir com Pe. António Vieira” (Editora Universitária EDUFPA/ 2008); “Escrita literária e outras estéticas” (Editora Unama / 2008); “A menina que veio de Itaiara” (Secult / 2004) e “Riso e pranto nos mares do descobrimento ou ensaio sobre história e poesia”. (Unama/2000).
País Homenageado – A partir de sua quinta edição, a Feira Pan Amazônica do Livro, além de homenagear um escritor, passou também a escolher um país para celebrar. E de lá para cá, cerca de 11 já estiveram nessa condição.
Para comemorar, os 20 anos do evento, no entanto, a organização resolveu reverenciar o planeta Terra, como uma grande nação. O secretário de Cultura, Paulo Chaves explica a escolha inusitada do planeta Terra, como o país homenageado para a edição comemorativa dos 20 anos da Feira Pan Amazônica do Livro.
“Ao longo de diversas edições, tivemos vários países homenageados como Portugal, Argentina, Peru e Itália, entre outros. Este ano, escolhemos homenagear o país de todos nós, a Terra, onde procuramos focar os principais temas nessa direção, no sentido de termos uma convivência pacífica e harmoniosa em todo o planeta, respeitando-se as diferenças e, particularmente, o meio ambiente”, ressalta.
Histórias - A família da jornalista Maria Christina Barbosa frequenta a feira desde a primeira edição. A paixão da mãe pela leitura fez com que as filhas e as netas adquirissem o hábito também.
Ela conta que ver o seu pai devorar páginas e páginas de livros fez com que ela ficasse encantada e, automaticamente, se influenciasse para este vício saudável. “Meu pai era um leitor voraz, tinha uma estante enorme. Muitos livros eu não podia ler que meu pai não deixava, mas desde muito nova eu lia, então passei isso para as minhas filhas”, recorda a jornalista.
A mais velha das três meninas de Christina, Maria Clara Henriques tem uma biblioteca em sua casa e entre os estilos literários presentes estão os romances. A filha de Maria Clara, Maria Alice Henriques, de 11 anos, foi incentivada desde cedo a ter contato com as histórias contadas pelos livros. “Aprendi a gostar de ler com a minha mãe e passei isso para as minhas filhas. O que eu puder fazer para manter esse hábito em casa eu vou fazer”, diz Clara. Todas as vezes que a família vai junto à Feira Pan Amazônica uma seção não pode ficar de fora da visitação: a infantil. Para elas, é um espaço extremamente educativo e criativo.
Há 24 anos trabalhando como professor de educação física, Mário Cardoso participa a pelo menos dez anos das edições da feira do livro. Um dos criadores do projeto Xadrez Escolar do Brasil, o professor garante que o evento é muito mais do que uma exposição de obras literárias, é um espaço para a divulgação e experimentação de outras artes, esportes e conhecimentos. Mário curte muito ler. Entre as suas histórias preferidas estão as que contam sobre as duas guerras mundiais.
“Acho que nasci para ser militar”, brinca. Por ser professor da Escola Estadual Miguel de Santa Brígida, em Salinas, ele tem direito ao Credlivro, um bônus concedido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) aos professores para que possam adquirir livros durante o evento. Para ele, o benefício oferece vantagens tanto para o servidor quanto para a sua família. “Sempre comprei livros para os meus filhos. É uma forma de incentivá-los à leitura também”, conta. Só no ano passado, foram disponibilizados R$ 4 milhões, ou seja, o Credlivro beneficiou cerca de 20 mil profissionais.
“A leitura é vital para o sucesso de uma pessoa. Leva a ter uma melhor compreensão do mundo e da vida, desenvolve a compreensão, a interpretação, a memória, a criatividade, a atenção e a concentração”, enfatiza o professor. Então, já dizia Monteiro Lobato, grande escritor brasileiro: um país se faz com homens e livros.
Serviço
A XX Feira Pan Amazônica do Livro. De 27 de maio a 5 de junho, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, das 10 às 22 horas. Entrada franca. Programação completa e notícias no http://www.feiradolivro.pa.gov.br/.
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