6.5.16

Sebastião Tapajós e convidados no Theatro da Paz

Artista paraense de maior projeção internacional na Música, aclamado pela crítica e por outros grandes músicos de vários países como um dos melhores violonistas do mundo, faz neste sábado, 7, no Theatro da Paz, apresentação única do show inédito "Por entre as árvores". Sebastião Tapajós traz com ele um grande elenco de artistas da música e da dança especialmente convidados. Os ingressos para assistir ao show são gratuitos, e estão à disposição do público na bilheteria do teatro.

Para Sebastião Tapajós, o espetáculo tem duplo caráter comemorativo, dos 74 anos de idade dele, completados a 16 de abril, e de 65 anos de violonismo, dos quais 64 como profissional. O espetáculo tem um solo de cada um dos instrumentistas participantes e do Trio Manari, de percussão, e apresentações dos músicos em formações diversas. O Centro de Dança Ana Unger apresenta a coreografia de uma guitarrada. Como cantores, participam do show Mestre Solano e Pedrinho Cavalléro. O repertório musical abrange os mais diversos gêneros.

Ao violão, além de Sebastião Tapajós, e merecedor de elogios dele, apresenta-se um dos músicos que tem sido um dos mais constantes convidados do virtuose para trabalhos em duo, o jovem belenense Igor Capela. 

Ao contrabaixo, internacionalmente reconhecido como um dos melhores músicos brasileiros da atualidade no instrumento, o belenense Ney Conceição, vindo do Rio de Janeiro, onde reside, apenas para o show, faz alguns dos pontos altos do espetáculo. Ao piano, é destaque o jovem santareno Andresson Dourado, professor de Música da Universidade do Estado do Pará - UEPA em Santarém, que assim como Ney está em Belém para participar do show. 

Um dos mais atuantes e festejados cantores de Belém, Pedrinho Cavalléro, interpreta uma composição que gravou há anos em primeira mão, “Navio Gaiola”, e outra inédita, “Extremo Norte”, ambas de autoria de Sebastião Tapajós, a primeira em parceria com Antônio Carlos Maranhão, a segunda em parceria com Billy Blanco. “Extremo Norte” é uma homenagem ao Pará e, em especial, a Belém. 

Mestre Solano
O veterano compositor e instrumentista Mestre Solano, com longa trajetória de sucesso popular no País, deve entusiasmar o público ao solar duas guitarradas e cantar um hit nacional, “Ela é Americana”, todas três composições próprias. Na percussão, o amazônico Trio Manari, formado por Márcio Jardim, Kleber Benigno e Nazaco Gomes, volta à cena, no palco do Theatro da Paz, para alegria dos fãs, após um longo tempo de ausência.

Inspiração "Por entre as árvores" 

O título do show, criado pelo próprio violonista Sebastião Tapajós, faz referência ao que ele vê quando olha para fora da saleta onde compõe e ensaia com jovens músicos discípulos, na atual residência dele, em uma área rural de Santarém: por entre as árvores, ao fundo, corre o rio Tapajós. 

Na segunda metade dos anos 1950, antes de partir de Santarém para Belém e uma trajetória de sucesso internacional, Sebastião adotou como sobrenome artístico, hoje legalmente incorporado à identidade nominal civil dele, o nome Tapajós, do rio azul que ao desaguar no Amazonas forma, na frente de Santarém, o mais bonito encontro das águas existente na Amazônia. 

Pedrinho Cavallero
Não é preciso decifrar sonhos para perceber que "Por entre as árvores" expressa o olhar por dentro de si de um Sebastião na maturidade. Quando menino, motivado por Sebastião, o pai, a tocar violão, e por Maria, a mãe, a apartar com estudo música e boêmia, ele foi sensível aos dois. 

E antes de partir de Santarém, ao olhar por entre as árvores da floresta, entreviu e incorporou o Tapajós, e saiu a fluir, música, pelo mundo afora. Hoje, por entre as árvores, encantado, Tapajós se vê a fluir como o rio da vida.

Sebastião Tapajós iniciou-se no violão aos seis anos, no instrumento do pai, do qual herdou o gosto pela música e o nome. Autodidata, foi influenciado, também, por João Pernambuco e Dilermando Reis, dois notáveis do violão no Brasil, que ele ouvia em Santarém em emissoras de rádio de Ondas Curtas. Ele conta que evoluiu como músico depois que pelo rádio conheceu o violão inovador de Garoto, um dos precursores da Bossa Nova. Em 1952, com 10 anos de idade, já muito conhecido em Santarém, como Babá, o filho do seu Marcião, ganhou o primeiro cachê. Aos 12 anos, em 1954, passou a trabalhar regularmente como violonista, tocando na banda santarena “Os Mocorongos”. 

Quando o alimento da alma torna-se o próprio sustento 

Em 1958, aos 16 anos de idade, já com o sobrenome artístico Tapajós, o jovem Sebastião mudou-se para Belém. Longe da família, passou a suprir sozinho o próprio sustento, como violonista, integrando outra banda de baile “Os Mocorongos”, desdobramento da banda homônima de Santarém. Foi como integrante dessa banda belenense que o violonista obteve o primeiro registro discográfico dele, em um long play. 

Ao mesmo tempo em que trabalhava como violonista, Tapajós estudava Contabilidade, na Fénix Caixeral Paraense, porque ser estudante era uma condição para poder integrar a banda Os Mocorongos. Formou-se contabilista, mas nunca exerceu essa profissão. Sebastião Tapajós recebeu em Belém aulas particulares de Teoria Musical, sucessivamente, com os professores Drago, Ribamar e Tácito Almeida. Posteriormente, no Rio de Janeiro fez um curso intensivo de Técnica Violonística, com um professor, violonista e compositor, de renome na época, Othon Salleiro. Findo o curso, voltou para Belém.

A inexistência de formação acadêmica em Violão no Brasil nos anos 1960, e principalmente o encanto que o jovem solista de Santarém despertava nos que ouviam a música dele, motivaram uma mobilização da comunidade luso-brasileira de Belém, que envolveu o Consulado de Portugal e a Reitoria da Universidade Federal do Pará – UFPA, então exercida pelo professor José da Silveira Neto, e resultou no custeio das despesas para que, em 1964, Sebastião Tapajós fosse estudar em Lisboa.

Carreira internacional iniciou em Lisboa

Na capital portuguesa, o catalão Emílio Pujol passava uma temporada dando aulas de aperfeiçoamento a alguns jovens violonistas de diversas nacionalidades, no Conservatório Nacional de Música de Lisboa. 

Juntamente com o espanhol Andrés Segovia, Emilio Pujol é um dos dois principais responsáveis iniciais pela consolidação do violão como instrumento de execução de peças musicais eruditas, cujo repertório ampliou como compositor. 

Sebastião Tapajós é o único brasileiro que estudou com Emílio Pujol. Esse é um dos motivos, embora não seja o único, que motivam o reconhecimento do virtuose parauara como um dos principais nomes da árvore genealógica mundial do violonismo. Em 1965, o violonista santareno desenvolveu novo período de estudos, desta vez de técnicas de guitarra latina (violão latino, em Espanhol), com Sanz de la. Masa, no Conservatório de Cultura. Hispânica, em Madri.

Serviço
“Por entre as árvores”, show de música e dança do violonista Sebastião Tapajós e convidados, Centro de Dança Ana Unger, Ney Conceição (contrabaixo), Andresson Dourado (piano), Igor Capela (violão), Mestre Solano (guitarra/voz), Trio Manari (percussão), Pedrinho Cavalléro (voz). No Theatro da Paz, neste sábado, 7, às 20h. Ingressos gratuitos, disponíveis na bilheteria do teatro. Apoio cultural: Governo do Pará.

(Holofote Virtual, com texto de Avelino Vanneta do Vale)

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