"Cobra Grande - Terror e encantamento na Amazônia" é o primeiro volume da coleção da coleção Lendas Amazônicas, publicada pela Editora Paka-Tatu. Abordando o imaginário de um tempo e lugar, o escritor pretende captar a atenção do leitor e do ouvinte com suas narrativas. O lançamento é nesta quinta-feira, 2, a partir das 18h, no estande da editora, na XX Feira Pan Amazônica do Livro, no Hangar.
Os mitos amazônicos revelam a riqueza da oralidade em perpetuar a memória de um povo. A diversidade de relatos e narrativas sobre o tema se transformaram em objeto de trabalho do pesquisador Paulo Maués Corrêa. Essa oralidade rica foi reunida por Paulo ao longo de mais de duas décadas de pesquisa. Desde 1999, o autor estuda o universo das lendas da região e colhe narrativas de personagens que encontra em suas andanças pelo Pará.
No título de estreia da coleção, estão quase 300 páginas de relatos, pesquisa, análises e interpretações que retratam a diversidade de narrativas sobre a Cobra Grande, acompanhadas de ilustrações produzidas pelo artista plástico Maciste Costa.
O livro traz as várias facetas que o mito da Cobra Grande assume em diferentes municípios e localidades. A do ser encantado, a do elemento de grandes dimensões, aquela que se metamorfoseia em navio, barco ou canoa. E de outras manifestações reproduzidas na cultura popular amazônica. Com a transcrição das entrevistas feitas com esses contadores de história, Paulo traz referências bibliográficas, analisa, identifica padrões, além de apresentar ao leitor, com o apoio do geógrafo Edson Maués, o contexto histórico-geográfico dos municípios presentes da obra.
De Santo Antônio do Tauá, Paulo evoca uma versão outra para a lenda da Cobra Grande, a partir do que conta Celina Maria Ferreira da Silva natural da Vila dos Remédios, e moradora de Belém há 37 anos, sobre uma mulher grávida cuja criança não nascia. O marido, aflito, tratou logo de chamar uma benzedeira para aplacar a dor do parto e tomar providências do que acontecia.
“Percebendo que não poderia mais ajudar, pois o parto estava difícil, chamou seu José e disse que aquilo era coisa do outro mundo. Pediu uma bacia cheia de leite. [...]Fiquei espiando pela brecha e vi tudo. Vi quando a mulher tava abaixada na bacia.
Foi aí que perceberam que não era filho coisa nenhuma, mas sim um montão de cobras saindo dela. E elas desceram pra bacia. Depois disso, ela levantou triste e desconsolada. As pessoas atearam fogo na bacia com leite e tudo. Eu não sei por que aconteceu aquilo, e o povo também não sabia se era feitiço ou encantamento. Mas o fato ocorreu, ocorreu que eu vi”, garante Celina em um dos depoimentos do trabalho.
De cada lugar, Paulo faz um recorte e uma interpretação do mito captado em conversas com os mais diferentes narradores: amigos, parentes, conhecidos, alunos. Pessoas que ele encontrando em pelo caminho. Gente de Bragança, Acará, Conceição do Araguaia, Anajás, Altamira, Abaetetuba e outros lugares da geografia paraense. Tudo realizado com cuidado e respeito à identidade de cada personagem que partilha suas histórias.
“Com as marcações próprias, preservando seu estilo de narrar. Nenhuma narrativa é igual a outra, por conta, especialmente, da performance do narrador, que afirma com muita veemência aquilo que narra. É a verdade da pessoa, é verdade de quem narra”, afirma Paulo Maués.
Serviço
Noite de Autógrafos do livro “Cobra Grande – Terror e Encantamento na Amazônia”, de Paulo Maués Corrêa e ilustrações de Maciste Costa. Dia 2 de junho, a partir das 18h, no estande da Editora Paka-Tatu na Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Preço: R$ 45. Na noite de autógrafos haverá descontos especiais para os visitantes da Feira. Vendas também para CredLivro.
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