O resultado da disciplina prática de montagem, do 2º ano do curso Técnico em Ator, da Escola de Teatro e Dança da UFPA, já tinha estreado em março, e está de volta ao Teatro Cláudio Barradas, de hoje a domingo, às 20h. Marton Maués conversou com o blog e nos contou mais.
Em cena, a Cia de Atores Independentes trabalha com o jogo e as potencialidades comunicativas das máscaras teatrais (neutras, larvárias, abstratas e expressivas), utilizando como elemento plástico mobilizador, caixas de papelão, em grande quantidade, é criado um ambiente ao mesmo tempo lúdico e poético. De construção cênica colaborativa, o espetáculo tem direção de Marton Maués e Claudio Dídima.
As caixas guardam as máscaras, os personagens e seus adereços. Delimita os espaços, cria ambientes: entradas e saídas. Produz e reproduz o mistério. Estabelece um jogo de velar e desvelar a cena. As caixas encaixam e desencaixam a emoções. Personagens cruzam a cena, desfiando narrativas diversas: líricas, cômicas, absurdas e onde o mais importante que contar é jogar, expressar sentimentos e emoções com as máscaras.
No elenco, estão Bárbara Viana, Bernard Freire, Camila Pereira, Cristiano Teles de Souza, Dheyvyth Guylhermeth, Diana Flexa, Leonardo Rogério de Andrade, Luiz Girard, Raimundo Harles, Rogério Silva da Silva, Rosáura de Sá, Thainá Chemelo, Valéria Lima, Victor Hugo Burção, Patrícia Albuquerque, Dayana Gomes e Gabriela Maurity.
Marton Maués conversou com o Holofote Virtual, avaliou, como professor, a turma que já está formada e falou mais sobre o processo de criação e encenação do espetáculo, que ficará em cartaz de quinta a domingo, sempre às 20h, no Teatro Universitário Claudio Barradas, com ingressos ao preço de R$ 20,00 (vinte reais), e meia-entrada para estudantes.
Holofote Virtual: A máscara no teatro tem diversas funções. Neste caso, o que é enfatizado como exercício de cena?
Marton Maués: Trabalhamos com o que se convencionou chamar de máscaras teatrais, que são as neutras, larvárias, abstratas e expressivas. Cada uma delas tem uma função, uma característica, um jogo próprio.
Por exemplo, as larvárias são intermediárias entre o animal e o humano. A construção de seu corpo deve levar em conta isso. São engraçadas, lúdicas. As neutras proporcionam um mergulho interno, uma gestualidade mais suave e precisa, expondo a calma interior. Todas, porém, buscam neutralizar a expressão fácil, fazendo com que o ator busque expressar sentimentos e ideias através do corpo.
Holofote Virtual: Não vi o espetáculo na estreia de março, mas pelo que li tudo parece bem interessante, sem uma historia linear a ser contada.
Marton Maués: Cada cena tem uma história autônoma, mostram situações como relações amorosas gastas, conflitantes, rituais, problemas sociais, brejeirices, porém tudo tem energia no modo de jogar de cada máscara.
Holofote Virtual: O curso técnico de ator é o mais antigo da ETDUFPA. Quantos alunos se formam a cada dois anos, tempo de duração do curso?
Marton Maués: Não tenho dados precisos, mas acredito que forma cerca de 20 alunos por biênio. Esta turma tinha 23 alunos.
Marton Maués: No caso deste momento, juntam-se duas disciplinas: interpretação, que acontece durante dois meses - agosto e setembro - e prática de montagem, que vai de outubro a dezembro. Na interpretação o trabalho já começa a ser desenhado, culminando com a montagem.
Holofote Virtual: É um espetáculo resultado de curso, então. Como você avalia o amadurecimento desta turma?
Marton Maués: A turma está formada e já colou grau. O espetáculo foi o último estágio deles. É uma turma grande e muito boa. Acho que a turma mergulhou bem no processo. Dedicou-se, buscou compreender o trabalho técnico que utilização da máscara teatral exige, e criou cenas com as máscaras. O processo foi colaborativo, com todos participando da criação do espetáculo. Fiquei muito feliz de ter participado do processo e satisfeito com o resultado. Em caixas é um bom espetáculo.
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