28.5.13

Tecnomelody patrimônio artístico e cultural

Gang do Eletro
A assinatura da Lei n° 7.708, que reconhece o ritmo como patrimônio cultural e artístico para o Estado do Pará, pode esquentar as discussões no colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega, que nesta quarta, 29, e quinta, 30, reúne acadêmicos e artistas para discutir vários setores que envolvem o fenômeno cultural.

O texto publicado no Diário Oficial do Estado é claro: reconhece apenas o ritmo como patrimônio artístico e cultural, não as suas aparelhagens e símbolos. Foi aí que em 2011, esbarrou o projeto de Lei n. 130/08, vetado por Simão Jatene, e que instituiria o Tecnobrega como patrimônio cultural e artístico do Estado do Pará. 

Na época, o governador declarou: “Assim, como o cerne da lei aprovada é um só artigo (o 1º), onde se constitui a proteção artística cultural para o ritmo (até esse ponto constitucional), se a redação dele fosse até aí, não estaria contaminado pela inconstitucionalidade. Mas, ao estendê-la para o meio sonoro e marcas de divulgação do ritmo, foge do conceito destinado à proteção cultural e artística imaterial. Então, acaba por 
torná-la inconstitucional em seu todo”, disse. Houve polêmica.

DJ Dinho
Assim, com a nova lei instituída, o governador dá um passo à frente, sem contradizer sua opinião. A discussão em nível parlamentar, ganhou aplausos no portal do Melody, que festeja a Lei do Tecnobrega, enquanto no Diário Oficial do Estado, é escrito Tecnomelody. Onde está a diferença e no que isso implica? Bem, de uma forma ou de outra, resta saber o que será feito daqui por diante. 

Ainda em 2011, a Guitarrada também foi decretada patrimônio artístico e cultural do Estado. Para entender o que significava tudo isso, conversamos com o Isaac Loureiro, que coordena a campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, que é viabilizado em outra esfera, junto ao Governo Federal e IPHAN. De acordo com ele, o processo apensar de demorado, alguns benefícios já estavam sendo ganhos pelos que trabalham com o carimbó, já que ao reconhecer uma cultura como patrimônio, o Estado deve  criar políticas para a permanência e vigor destas culturas.

DJ Waldo Squash
Colóquio - O objetivo do colóquio que vai acontecer esta semana, obviamente, não tem esta discussão como foco, mas o assunto deve ser assimilado pelas questões que serão abordadas. 

No mínimo será uma boa oportunidade para saber o que os artistas do tecnomelody - representados ali pelo DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem projetado o agora patrimônio artístico e cultural país afora -, acham da lei e o que esperam dela. Afinal, para criar o ritmo é preciso que haja equipamentos e para levá-lo ao público, as aparelhagens têm sido importantes. 

O colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega acontecerá na Casa Fora do Eixo Amazônia, em Belém, e será transmitido on-line pelo site www.postv.org. A realização é do Projeto Territórios Híbridos, da Faculdade de Artes Visuais, do Instituto de Ciências da Arte, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sendo o projeto original da Universidade das Quebradas em Rede, em parceria com a Universidade Fora do Eixo Integrado: UniCult e Cultura de RED. 

Aparelhagem: música, tecnologia e pirotecnia
Serão debatidas questões ligadas ao fenômeno tecnológicos e midiáticos, de tecnomídia, no qual os principais agentes são as aparelhagens, os Djs, os artistas, os vendedores de rua, as casas de shows entre muitos outros agentes que envolvem as mídias, e as tecnologias que se proliferam na vida de todos. Assim, também será focado o tecno-brega como fenômeno cultural da região Norte. 

“A ideia é olhar para o tecnobrega como tecnomídia, que é um fenômeno cultural no âmbito da cidade com a música. Com a tecnologia há um status outro, que é a tecnomídia, e esse movimento está sendo do popular para a academia. O colóquio foi a maneira encontrada para dar prosseguimento às ações da Universidade das Quebradas, um projeto de extensão da professora Heloisa Buarque de Holanda, da UFRJ, aqui em Belém. O projeto está sendo expandido e realizado em outras regiões do país”, explica Val Sampaio, que coordena colóquio em Belém. 

PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira, 29
19h - Mesa redonda
“Circuito + Tecnologia + Identidades”
- Maurício da Costa, professor de História da UFPA, com Doutorado em Antropologia Social (USP) 
- Priscila Brasil, produtora da cantora Gaby Amarantos – projeto com crianças no bairro do Jurunas

21h - Set com VJ Nacho Durán - TeleKommando – TecnoKommando A/V 

Quinta-feira, 30
19h - Mesa redonda: “Música + Ruído + Tecnomídia”
- Mauro Maia Professor da Universidade da Amazônia (Unama) – Mestre em Ciências Sociais (UFPA) 
- DJ Waldo Squash – Produtor, DJ e cantor da banda Gang do Eletro

21h – Set com DJ Waldo Squash 

Serviço 
Colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega ocorre nos próximos dias 29 e 30 de maio, a partir das 19h, na Casa Fora do Eixo Amazônia (Rua Aristides Lobo, 292, bairro da Campina), em Belém. Entrada franca.

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