4.6.18

Arenas Amazônicas lança 1o vol. Feira do Livro

Negros e negras, mulheres, periferia, cultura e resistências são a palavras que marcam o primeiro volume da série Arenas Amazônicas e que será lançando neste sábado, dia 9, com sessão de autógrafos, na 22ª Feira Pan-Amazônica do Livro em Belém. 

Rogério Almeida, jornalista e professor na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), e os ex alunos, hoje jornalistas, Daniel Leite e Lilian Campelo, assinam as sete reportagens que compõem o primeiro volume, grande parte publicadas no site paulista Agência Carta Maior. 

O livro traça narrativas de grafiteiros, lideranças culturais, ativistas do movimento negro, biscateiros, desempregados, Dj’s e outros personagens que sublinham ações coletivas ou individuais em diferentes flancos: cultura, política, direitos humanos e cidadania.

Parte das histórias dos personagens se passam nos bairros da Pedreira, Guamá, Terra Firme e Distrito de Icoaraci, além de outros municípios que mantém relação de fronteira com a região metropolitana de Belém, como o caso do bairro da Guanabara, muitas vezes cenário de programas policialescos dos meios de comunicação.

Na Pedreira, bairro do amor e do samba, à Rua Álvaro Adolfo, o Coletivo Rádio Cipó germinou. O mesmo aglutinou gerações diferentes. O grupo hoje extinto, ganhou o mundo nos anos 2000. A vedete Dona Onete segue carreira com boa aceitação no país e fora dele. Os diferentes artífices continuam a atuar, a exemplo do DJ Montalvão, que segue em sua carreira autoral.

As mulheres ocupam lugar de destaque do volume um da série. Thiane Neves e Nega Suh são jovens ativistas do movimento negro, que em certa medida seguem os exemplos das pioneiras Zélia Amador e Nilma Bentes. Diferentes gerações ocupam a mesma trincheira.

Outra experiente ativista incensada no livro é a professora Hecilda Veiga. Histórica militante pela defesa dos direitos humanos do estado encerra a obra.  A professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o seu companheiro, o advogado Paulo Fontelles, assassinado na década de 1980 por defender camponeses na luta pela reforma agrária foram fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH).

Vulnerabilidade e Comunicação popular nos próximos volumes

O projeto da coleção é a publicação de três volumes. O segundo volume enfocará a peleja das populações locais e suas formas de enfrentamento aos grandes projetos. No conjunto de oito textos constam as disputas territoriais na região do Jari, fronteira do Pará com o Amapá entre extrativistas e a Jari Celulose, hoje controlada pelo grupo paulista Orsa. 

Outro trabalho aborda crimes ambientais no município de Barcarena, como os transbordos das bacias de rejeitos das grandes empresas e os impactos econômicos, sociais e ambientais junto às populações locais. O segundo volume já pode ser baixado, clique aqui.

Outro tema delicado tratado no segundo volume do Arenas diz respeito à situação de vulnerabilidade de crianças e adolescentes na Estrada de Ferro de Carajás.  Setores de direitos humanos do Maranhão e do Pará travam uma luta que dura mais de dez anos contra a Vale. Além de documentos e coleta de relatos, os autores acompanharam audiências públicas em São Luís, no Maranhão, e em Marabá, sudeste do Pará.

A cadeia ilegal da exploração madeireira também consta na coletânea de textos. Os autores além de dados oficiais, ouviram vários setores envolvidos no processo. O texto inédito foi uma encomenda de um grande site por conta da COP 21, Conferência Climática ocorrida em 2015.  Por conta da crise, texto não foi publicado.

A comunicação popular é o tema do terceiro e último volume da coleção. Nele, parte da experiência de jornais e rádios do campo democrático do estado será recuperada. O plano é lançar somente em 2018. Colaboração e parceria conformam a iniciativa, onde o autor contou com o apoio de revisores, diagramadores, gente que fez cessão de fotos, e por aí vai. Antes de qualquer coisa a série Arenas Amazônicas é uma iniciativa coletiva, que apesar dos ventos contrários segue em resistência.

Serviço
Lançamento e asessão de autografo do livro Arenas Amazônicas: Negros, mulheres e cultura nas periferias em Belém do Pará. Data: 09 de junho, 19h. Local: XVII Feira Pan-Amazônica do Livro
Estande Banco da Amazônia. HANGAR – Centro de Convenções e Feiras Amazônia.

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