24.6.18

Cores e música da Amazônia no Buteco do Gugu

Olivar Barreto, o prato principal do cardápio musical
Fui conferir a apresentação do querido e talentosíssimo – vou superlativar mesmo - cantor Olivar Barreto, no Buteco do Gugu. Ele era o convidado especial do “Cores da Amazônia”, projeto pai d’égua, criado há seis anos, pelo músico e cantor Paulinho Mururé. É todo sábado, a partir das 15h, mas chegue antes, o espaço abre às 10h às 18h, na Pariquis entre a 9 de Janeiro e 3 de Maio. 

O Cores da Amazônia torna o Buteco do Gugu, mais do que nunca, um lugar de encontros, troca de informações, ideais e novidades da cena artística paraense, em conexões diversas. Além da atração principal tu ainda ouves uma geração veterana de músicos da cena autoral da cidade, tudo da melhor qualidade sonora, amparada pelo apoio técnico da Pro Music, de Moizés Freire

“Quando criei o projeto Cores da Amazônia era mesmo focado na música, mas comecei a perceber que também tinha cor autoral na poesia, artes plásticas e literatura de artistas de Belém”, me explica Paulinho, num papo já na margem da rua, porque na calçada e dentro do bar já não tinha espaço para colocarmos mesa. 

Gonzaga Blantez, Moizés Freire e Paulinho Mururé
“A cada sábado, abro a programação e vai chegando gente, pedindo pra tocar, pedindo pra cantar e eu vou dando a vez. Temos sempre um convidado especial que hoje foi o Olivar e convido alguém de outra linguagem pra lançar livro, declamar poesia, enfim. Isso aqui virou uma loucura, comecei tudo e hoje mal consigo tocar”, brinca o músico.

Ontem encontrei várias pessoas que já conhecia, mas também outras a que fui apresentada nas mesas amigas. Sérgio Salles, que é músico e também, escritor estava por lá autografando seu primeiro romance “Amor meu Grande Amor”, lançado em 2013 pelo selo Off Flip, em Paraty (RJ).  

Encontrei com Ronaldo Duque, cineasta, diretor do longa Conspiração do Silêncio, realizado aqui entre 2000 e 2002. Trabalhei  no departamento de elenco do filme junto com o ator e diretor e preparador de elenco, Cláudio Barros, um luxo. Fazia tempo que não o via.  Duque mora em Brasília, mas está por aqui realizando uma pesquisa, para um novo projeto na Amazônia. 

Ronaldo Duque e Pedrinho Callado
Também estavam na plateia e deram canja, os músicos Pedrinho Callado, o guitarrista Bob Freitas e outros, como Veloso e Gozaga Blantez. Cantores e compositores, um paraense e o outro amazonense, são autores de Ex mai Love, sucesso na voz de Gabi Amarantos, e “Curió do Bico Doce”, respectivamente, sucessos que fizeram parte de trilha de novela.

De calçada, por lá passam também pequenos vendedores ambulantes. Neste sábado encontrei Seu Manoel, bombomzeiro, uma fonte interessante de informações sobre o  movimento musical da cidade. Saiu dali em direção à Casa do Gilson. É isso, o Buteco do Gugu tem dessas e outras coisas. Lugar de saciar várias fomes, por isso não posso deixar de citar, para quem ainda não conhece esse boteco, o cardápio de lá, que oferece peixes, camarão, bolinhos e outros petiscos, além de refeições para almoço. 

Concorrência pouca é bobagem

Olivar autografa o CD em homenagem a Rui Barata, 
com Virgínia Maura e Messias Lyra.
O circuito de botecos em Belém está sempre em ebulição, dê uma olhada nos 23 que participaram este ano do concurso Comida di Buteco. E há novas iniciativas surgindo aí. Não é exatamente um boteco mas, no próximo sábado, dia 30 de junho, o Buteco do Gugu vai ter uma forte concorrência. 

O músico e compositor Messias Lyra e a produtora e empreendedora Virgínia Maura vão abrir as portas de sua casa, no bairro da Cidade Velha, com o Xibé Cultural, proposta que reúne musica e mostra cultural, além de um cardápio, aí sim, trazendo petiscos de boteco e cervejinha gelada.

Na programação de abertura, temos Armando Hesketh e Messias Lyra, apresentando o show Brasilidades, Adilson Alcântara, Bono Homobono, Márcio Montoril, Nean Galucio, Ocimar Moura, Pedrinho Di Britto, Roguesi, Renato Lú e Sérgio Salles (que deu uma canja  tocou Buteco do Gugu neste último sábado, com repertório de cantorias). Na Mostra Cultural, expõem André Mosh (pintura), Norma Teixeira (literatura), Paulo Emílio Campos (esculturas em papietagem) e Sandro Barbosa (fotografia). Anota o endereço: Rua Cametá, 113, entre Joaquim Távora e Pedro Albuquerque.

Gugu e Eudes Fraga, campeões do Comida Di Buteco
Concorrência, no entanto, não é problema para o Buteco do Gugu. Todos ali sabem que uma cena cultural só se torna forte quando há um circuito e as pessoas possam variar e circular por aí. 

Neste sábado, 23, Eudes Fraga, da Confraria do Fraga, foi até o Buteco do Gugu comer um peixinho frito do Gugu, mesmo tendo sido a dele, a cozinha a levar este ano, o primeiro lugar no concurso Comida di Buteco, uma experiência já vivida por Gugu, duas vezes, uma em 2012, com o petisco que virou a marca maior do espaço, o Peixe Frito, e outra em 2013, com um bolinho feito com massa de batata doce e recheio de charque. 

A Confraria do Fraga fica próximo, na Nove de Janeiro, entre Gentil e Magalhães Barata. É um espaço super aconchegante, com música mecânica e ao vivo em algumas ocasiões especiais. Ganhou o concurso Comida di Buteco com o petisco Bolinho do Baião da Mazé, receita da mãe de Eudes, uma homenagem in memoriam. Feito com Baião de Dois, é recheado de charque e queijo coalho, servido com molho de azeite de oliva, rapadura ralada e pimenta de cheiro.

Veloso, Messias e Virgínia + Sérgio Salles
Olha, ter saído ontem para comer um peixinho frito no Gugu foi mais do que ótimo. A gente matou a fome com a vontade de comer, literalmente. Agradecemos a Olivar Barreto, que nos avisou na quinta-feira passada que estaria se apresentando lá. 

Eu e Carlos Canhão Brito (baterista) o encontramos em outro clima musical, show da Railídia Carvalho no Sesc Boulevard. A cantora paraense, jornalista, radicada em São Paulo, por um triz não foi também dar uma canja no Gugu. Olivar bem que convidou, mas ela voltou para Sampa na sexta-feira mesmo.  Ficou para uma próxima, com certeza! 

Buteco do Gugu
Rua dos Pariquis, 3184 - entre Trav. 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela - Bairro Cremação. De quarta à sexta, das 17h às 23h, no sábado, das 10h às 18h e no domingo, das 10h às 15h. Telefone: (91) 3269-6024.

Confraria do Fraga - Travessa 9 de Janeiro, entre Gentil e Magalhães Barata - Bairro São Brás. De quarta a sexta, das 18h às 01h e sábado, das 12h às 17h.

Xibé Cultural - Inaugura sábado, 30 de junho, na Rua Cametá, 113, entre Joaquim Távora e Pedro Albuquerque. Vai funcionar de sexta a  domingo – a partir das 17h.

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