20.10.20

Turismo e cultura como políticas de intercâmbio

Depois de discutir o empreendedorismo feminino na música, a próxima live do projeto de extensão “Intercâmbio Turístico-Cultural entre Belém – Pará - Brasil e Cabo Verde” da Factur – Faculdade de Turismo (FACTUR), da Universidade Federal do Pará (UFPA), vai discutir as políticas de turismo e cultura como fatores de aproximação entre Belém e o país africano. 

A conversa com o professor Paulo Pinto, da Faculdade de Turismo da UFPA e coordenador do projeto; e Manuel di Candinho que, além de músico e diretor musical cabo-verdiano, é também Vereador em seu país, será no dia 29 de outubro, às 19h, com transmissão pelo Facebook do EMPACTUR - Escritório Modelo de Práticas Acadêmicas em Turismo/UFPA e pelo Youtube da M.M. Produções. E a mediação será da Bacharel em Turismo, Inês Silveira. 

É a segunda live dessa nova etapa do projeto, retomado no dia 2 de outubro. Tive o prazer de participar da primeira roda de conversa que trouxe como tema o empreendedorismo feminino na música em Belém e em Cabo Verde. Um convite da coordenação do projeto, a que agradeço a oportunidade. Participaram as cantoras Mariza Black e Natália Matos, paraenses, e Mindela Soares, de Cabo Verde, além da pesquisadora turismóloga Auda Piani e da professora, e turismóloga também, Silvia Cruz, da Factur. Nossa mediação foi da Bacharel em Direito Livia Duarte.

O papo foi delicioso, extenso com cada uma contando um pouco do seu fazer profissional. A live foi gravada e ainda pode ser vista na íntegra, no canal de Youtube da M.M., mas destacarei  aqui as questões levantadas para as cantoras sobre os modos de atuação e produção de cada uma em seus respectivos países. Embora tenhamos diferenças em relação ao desenvolvimento local do setor, as semelhanças na construção de uma carreira são muitas e passam pela falta de políticas públicas de incentivo à produção, até a forma de se lidar, hoje, com as novas plataformas de difusão e venda da música. 

Atrativo turístico e intercâmbio cultural

Outra coisa me chamou atenção. Mindela Soares nos contou que por meio da música brasileira, os cabo-verdianos acabam sabendo e se conectando mais com a cultura do nosso país, mas que o contrário (ainda) não é verdadeiro. Ela disse que gostaria que nós também soubéssemos mais sobre eles e pudéssemos trocar mais com a música deles. 

Mindela canta samba como Mariza Black. Ela ainda não conhece ainda muito bem, os ritmos paraenses. "A nossa caldeira lembra um pouco o carimbó", me dizia ela em uma entrevista, antes da live. “Somos culturalmente muito semelhantes em nossa constituição demográfica. A presença da matriz africana está em nossos ritmos musicais, na gastronomia, no sincretismo religioso etc. ”, resumiu o prof. Dr. Paulo Pinto.

E ano passado já tivemos aqui, um pouco disso, e também tive a chance de acompanhar de perto, e fiz diversas postagens aqui no blog. Manuel di Candinho esteve em Belém, participando do  primeiro momento do projeto de intercâmbio, e como músico nos falou sobre a Coladeira e a Morna, e mostrou, na prática, o Funaná, que em muito se aproxima da nossa guitarrada. 

Na ocasião, ele fez uma participação no show de lançamento do álbum "sem chumbo nos pés', do músico paraibana Naldinho Freire, um dos grandes incentivadores do projeto, responsável por apresentar o cenário cultural da música do país africano à Universidade Federal do Pará.

“Penso que devemos intensificar mais esta troca de experiências, sobretudo no setor da cultura, para que os brasileiros conheçam mais sobre Cabo Verde. Vejo que os cabo-verdianos conhecem mais do Brasil, do que vice-versa. Isso porque o Brasil ganhou projeção mundial cedo. Cabo Verde só agora está sendo mais conhecido, e isso é graças à música”, diz Manuel di Candinho que nesta próxima live vai nos trazer uma visão mais ampla sobre as políticas de turismo viáveis em países tão culturais, como Cabo Verde e o Brasil. 

O intercâmbio é um viés dessa política pública necessária ao turismo conectado com a cultura. Cabo Verde vem dando exemplo com a realização de eventos como o AME – Atlantic Music Expo, feira de cultura e negócios da música, criado em 2014, e que vem atraindo artistas e empresários, além de turistas, de todo o mundo. Além da visitação, esse tipo de turismo também abre novas possibilidades ao setor musical do país. Este ano, por causa da pandemia, o evento foi cancelado, mas já tem data para ser realizado, em abril de 2021. Aviso para quem desde já quiser se planejar. Vontade de chegar junto, não me falta.

Turismo cultural e pesquisa acadêmica

Além do viés cultural, o intercâmbio do projeto tem se firmado por meio das conexões do ensino e da pesquisa. Ano passado, na primeira fase do projeto, Paulo Pinto integrou a comitiva que viajou à Cabo Verde. Ele, representando a Universidade Federal do Pará (UFPA), participou de uma extensa programação, que incluiu uma reunião com a Profa. Dra. Judite Medina do Nascimento, Reitora da Universidade de Cabo Verde (UNICV), juntamente com parte de sua equipe de Pró-Reitores.

“Na reunião apresentei o Projeto de Extensão seu objetivo e suas atividades, e ao final saímos com a proposta de firmarmos um protocolo de intenções para a troca de experiências entre a UFPA e UNICV nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão”, continua Paulo Pinto.

O Curso de Turismo da UFPA tem mais de 40 anos de existência. De acordo com Paulo Pinto, “ainda é um curso que tem um grupo de professores pequeno, mas mesmo assim desenvolvemos o ensino de graduação (Bacharelado em Turismo) em Belém e campis da UFPA nos municípios de Soure, Bragança, Breves, Portel, Tucuruí e no distrito de Mosqueiro”, explica.

O turismo cultural vem sendo discutido e posto em prática por alguns projetos que partem da sociedade civil. Além de acreditar na valorização do patrimônio cultural, material e imaterial, o turismo cultural tem como objetivo combater os impactos negativos do turismo “predador”, que deixam um rastro de sujeira e prejuízos. Veja como é importante que haja politicas públicas para o fortalecimento da memória, da história, hábitos e costumes. 

“Sem esses atrativos culturais, naturais etc. não haverá deslocamento turístico. As pessoas não viajam para conhecer lugares no qual não tenha um resquício, pelo menos, dessa memória para ser apreciada”, afirma Paulo Pinto.

O Projeto de Extensão “Intercâmbio Turístico-Cultural entre Belém – Pará - Brasil e Cabo Verde” é financiado pela Emenda Parlamentar Individual (Nº 30870013) do Deputado Federal Edmilson Rodrigues, por meio do Ministério da Educação - Governo Federal, UFPA, PROEX - Pró-Reitoria de Extensão | UFPA, Fadesp - Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, ICSA - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas.

Serviço

Live ““Políticas públicas de turismo e cultura como fatores de aproximação entre Belém do Pará e Cabo Verde”, do projeto de extensão “Intercâmbio Turístico-Cultural entre Belém – Pará - Brasil e Cabo Verde” . Dia 29 de outubro, às 19h, com transmissão pelo Facebook do Empactur – Escritório Modelo de Práticas Acadêmicas em Turismo da UFPA - https://www.facebook.com/Empactur/.  E pelo Youtube da M.M. Produções, link: https://www.youtube.com/user/marciojmacedo .

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