O tropicalismo trouxe a guitarra elétrica para a MPB, ousou mistrurar rock, bossa nova, baião, samba, entre outros estilos musicais e tem como maiores representantes Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Jorge Bem, Gal Gosta, Maria Bethânia e Rogério Dupra. O movimento inovou e influencia gerações até hoje. Tipo de aniversário que dá gosto de comemorar. Para animar a festa, além dos DJs residentes, um show de Rande Frank, Patrícia Rabelo e
banda, num dueto, na Black Soul Samba desta sexta, 09 de novembro, no bar Palafita. Vamos saber mais.
Por Dani Franco
Imagine que você está em 1967, onde o Brasil respira sob a sentinela
da ditadura militar do general Castelo Branco, e na TV um grupo de
músicos uma cantora vestida de noiva cantava a história de um domingo
no parque com direito a vertigem da roda gigante. Este foi o cenário
onde se instalou o Movimento Tropicalista, vanguarda que mudou
completamente os rumos da música brasileira, influenciado gerações de
artistas e pensadores e que se mostra cada vez mais contemporânea.
A apresentação de Gilberto Gil e os Mutantes cantando “Domingo no
Parque” no Festival da Canção da Record, de 67, é o marco de todo o
movimento que teve seu nome inspirado na obra do artista plástico
Hélio Oiticica: “Tropicália”, exposta no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro, no mesmo ano.
O balaio tinha Caetano Veloso como um de
seus principais pensadores e trazia ainda Tom Zé, Rogério Duprat, Gal
Costa, Torquato Neto, Nara Leão e Jorge Mautner; até mesmo Glauber
Rocha com seu cinema novo estava arrolado ao movimento.
Era a nova
cara de um Brasil que nunca foi tão moderno.
Dessa modernidade pós bossa-novistas, outros dois grupos importantes :
“Os Novos Baianos” e sua vida em comunidade, e os “Secos e Molhados”
com suas fantasias e pinturas lideradas por Ney Matogrosso, são crias
diretas da Tropicália, ainda nos anos 70.
“Acho que sou um resultado
do Tropicalismo, porque vim depois, em 1973, e aquilo já tinha mexido
com a minha cabeça de tal maneira, que penso que ousei me expor tanto
quanto me expus, porque o Tropicalismo me incitou”, declarou Ney em
entrevista recente à revista Rolling Stone.
A força do movimento continuou ainda bem depois.
Para o músico
paraense Rande Frank a resposta o movimento se estendeu de forma tal,
chegando a influenciar Chico Science e Nação nos anos 90, entre
outros. Para ele a tropicália “veio pra pontuar um momento na música
brasileira, que até então era muito careta”, afirma dizendo ainda que
o “Tropicalismo não se diluiu porque não era moda, não era a roupa,
era a riqueza musical que ainda está aí. Músicos da MPB, como a Marisa
Monte e até os Mamonas Assassina, têm a essência do movimento. ”,
acredita.
Patrícia Rabelo estreia o show inédito, na Black |
E são com os acordes dissonantes da tropicália que o músico vai subir
ao palco, dividindo-o com a cantora Patrícia Rabelo. A dupla se reúne
pela primeira vez, compartilhando um show inédito, especialmente para
o projeto “O Som da Tropicália – 45 Anos”.
Além da dupla encenando as canções, a
casa terá ainda cenário especial de Aldo Paz, inspirado no próprio
Hélio e em todo o movimento, dando tons de tecnicolor que a noite
pede. Estreando na Black Soul Samba, Patrícia Rabelo se diz num misto entre
apreensiva e empolgada. “A força da Black é muito grande e por isso a
responsabilidade é enorme”.
Patrícia fez uma participação
especial no show ao aniversário de Caetano Veloso, no semestre
passado. Foi a primeira vez que ela e Rande dividiram uma música.
Agora a dupla compartilha todo um repertório, com arranjos
completamente novos para canções marcantes como “Objeto Não
Identificado”, “Cinema Olympia”, eternizadas na versão de Gal Costa;
“A Menina Dança” dos Novos Baianos, “Brigitte Bardot”, de Tom Zé;
“Minha Menina”, dos Mutantes; e muitas outras.
“Cada um vai cantar
uma música, ninguém sai do palco e tem momentos em que cantamos
juntos. Nós vamos brincar bastante ”, avisa Patrícia.
Premiada em diversos festivais por todo o Brasil, Patrícia Rabelo já
abriu o show do cantor Lenine, no Festival de Garanhuns em Pernambuco,
além de ter sido eleita a melhor intérprete em vários outros festivais
no Pará, Amazonas, Rio de Janeiro e tantos mais.
Suas incursões pela música popular a levaram a tomar frente do
trabalho com a Banda Fênix no início dos anos 2000. Atualmente a
cantora vem se apresentando em bares de Belém, além de participar de
espetáculos em teatros como o Margarida Schivasappa e o Teatro da Paz. A parceria com Rande Frank é um novo momento em sua carreira.
Rande Farnk já fez vários Tributos na Black |
Com 20 anos de carreira, Rande vem caminhando contra o vento, como
ator, cantor e compositor, desde os anos 90.
Como vocalista,
participou de diversas bandas, dentre as quais as extintas “Arcano
19”, “A Decrépita” e a mais recente “Xamã”.
Produziu, gravou as vozes
e mixou 12 canções do compositor paraense Buscapé Blues e as
apresentou ao vivo em shows itinerantes dentro de um ônibus-palco, que
cruzou a capital carioca com a banda”'Xuxu e As Kaveiras Barrocas”,
com quem também se apresentou no Rock in Rio, no início dos anos 2000. Mas foi liderando os vocais da Banda “Xamã” que se popularizou com sua
voz e performance eufóricas, eletrizando as plateias roqueiras e uma
nascente tribo regueira que surgiu no fim de 2006 no cenário musical
de Belém.
Aliados a boa energia do carismático Rande e da bela voz de Patrícia,
estão ainda os músicos Guibson Landim na guitarra e arranjos, Paulo
Lavareda no baixo, Willy Benitez na bateria e Veudo na percussão. Segundo Rande, “A Black é a cara da tropicália. Não tinha outro lugar
pra fazer esse show se não fosse com a Black Soul Samba. Tenho certeza
que vai ser ‘lindão’ ”.
E para não deixar cair o andamento, os demais elementos da modernidade
da tropicália passam ainda pelos sets dos DJs Uirá Seidl, Kauê
Almeida, Fernando Wanzeler, Homero da Cuíca e Eddie Pereira, que levam
todas as cores da brasilidade tropicalista às pistas da Black Soul
Samba.
Serviço
“O Som da Tropicália – 45 anos” com Rande Frank, Patrícia Rabelo e banda.
Nesta sexta, 09 de novembro de 2012, a partir das 21h, no Bar Palafita
(Rua Siqueira Mendes, ao lado do Píer das 11 Janelas, na Cidade Velha).
Ingressos: R$10,00.
Informações:
www.blacksoulsamba.blogspot.com / Fan page: Black Soul Samba /
Twitter: @blacksoulsamba.
Produção: (91) 8413 0861.
Imprensa: (91) 8190 8270 - site: www.blacksoulsamba.com.br.
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