26.11.12

Paraenses nos bastidores e no palco da ópera

Mauro Wrona, com figuração paraense
O XI Festival de Ópera do Theatro da Paz apresenta nesta segunda, 26, e quarta-feira, 28,  récitas de “Salomé”, que estreou no sábado, com casa cheia. Em 2002 quando o evento iniciou foi realizado com cenário, figurino e iluminação importados de cidades como SP e MG, que já possuíam cancha com o formato. O tempo foi passando e hoje pouco se traz de fora.

Além de formação de plateia, o projeto idealizado por Paulo Chaves, secretário de estado de cultura, e Gilberto Chaves, diretor do festival, formou também profissionais e criou um núcleo competente e reconhecido nacional e internacionalmente por sua performance impecável. Na décima primeira edição do evento, a diretora do TP, Ana Cláudia Moraes, comemora o fato de 99% do Festival estar sendo feito por mãos paraenses.

“O Festival deste ano é genuinamente paraense. Ele está sendo feito por mãos paraenses, desde a concepção, com Gilberto Chaves, até a sua execução, com 99% da mão de obra empregada. É muito prazeroso chegar a este número e foi com muito trabalho que todos nós conseguimos. É um orgulho, pois quando a gente vê o resultado disso tudo, a resposta do público, dos profissionais envolvidos, da mídia especializa, que tem comentado nacionalmente sobre o trabalho dos profissionais paraenses”, celebra Ana Cláudia Moraes, que há dois anos é diretora do TP, mas participa da equipe realizadora do Festival desde 2002. 

Cláudio Bastos, diretor de palco e Rubens Almeida, da luz
Palco, luz - Vários nomes se destacam na constelação de estrelas do norte. Rubens Almeida é um deles. Funcionário do TP desde 1976, é considerado hoje um dos melhores iluminadores do Brasil. Na coletiva de Cavalleria Rusticana ele foi publicamente saudado e os elogios ao seu trabalho já fazem parte da história do Festival de Ópera do Theatro da Paz. 

A trajetória profissional intimamente ligada ao TP e o Festival de Ópera lhe rendeu, em 2010, a indicação para concorrer ao XXII Prêmio Carlos Gomes – Ópera e Música Erudita, na categoria Iluminação, pelo trabalho na ópera Romeu e Julieta, montada em 2009 no TP. 

“Comecei a trabalhar na área administrativa do Theatro. Consegui chegar na iluminação em 1978 no Theatro e me apaixonei pelo trabalho. Segui em frente, pois é um prazer chegar a este ponto, receber elogios e o reconhecimento pelo meu trabalho.  Em 2010 concorri com Paulo Pederneira e Wagner Pinto, dois grandes profissionais e consegui a segunda colocação”, diz Rubens. 

Cenografia - Com trajetória similar a de Rubens, Ribamar Monteiro Diniz também exalta os caminhos percorridos. O servidor público é cenógrafo oficial do Theatro da Paz e responsável pela confecção do cenário de Salomé, um dos maiores destaques da programação deste ano. 

Ribamar Monteiro, no Galpão onde os cenários são construídos
“Este cenário da Salomé foi o maior desafio da minha carreira, vê-lo pronto é uma das maiores satisfações da minha vida profissional. Trabalhamos em uma equipe de nove pessoas, além da Duda (Arruk), criadora do cenário, e da Clarice (Cunha), assistente de Duda", diz Ribamar.

"Eu fiquei surpesa com o que enocntrei aqui. Nós que somos de lá, achamos que aqui não há mão de obra. Na verdade não temos ideia de quanto vocês são profissionais e já adquiriram experiência coma ópera em todos estes anos. Fiquei muito satisfeita com este resultado e feliz em ter vindo pra Belém", diz Duda.

"Este contato com novas pessoas é uma das melhores coisas do Festival, a cada ano conhecemos novos profissionais, novas maneiras de criar, novas técnicas e é desta forma que conseguimos ampliar nossos conhecimentos. Você nunca sabe de tudo e sempre aprende alguma coisa com as pessoas”, considera o cenógrafo paraense.

“O Rubens e o Ribamar estão no TP desde a década de 70. Quando eles começaram não existia a função de iluminador cênico, cenógrafo ou de sonorização. Foram cargos que eles alcançaram com a experiência, com o trabalho. Ao longo da carreira deles, eles foram aprendendo e foram se aperfeiçoando. Hoje, o Rubens é um mestre em luz. Ele dá cursos, já foi premiado, trabalha com várias companhias. O Ribamar é contratado por produções de fora para construir cenários”, diz Ana Cláudia.

Fernando Pessoa, que criou cenário de Cavalleria Rusticana
Mais talentos - Vários outros paraenses se destacam no processo. Cristina Vianna, por exemplo, é a produtora de elenco, figuração, orquestra. 

Ela fica responsável pelas agendas de ensaios e por manter as informações conectadas entre todos os setores da ópera com a direção do espetáculo. Aliás, a figuração e segundo elenco de solitas também são formados por paraenses.
 
O maestro Vanildo Monteiro, que está na equipe do festival desde 2002, prepara o coro que canta nas apresentações, é outro paraense de destaque. Ele teve seu trabalho muito festejado este ano, recebendo elogios do maestro italiano Gian Luigi Zampieri, por seu trabalho em Cavaleria Rusticana, e recebeu ótimas críticas de público e crítica pela performance do coro, também no espetáculo “Quando o Jazz encontra a ópera”. 

Ana Claudia explica que Vanildo é um daqueles profissionais que sempre apresenta resultados de qualidade e que trabalhar com ele é garantia de sucesso. Sobre o trabalho no festival o maestro avalia o curso tomado.

“O festival hoje é de altíssimo nível. Nós construímos um trabalho e hoje vemos o resultado. Eu acho que neste processo todo me sinto cada vez mais privilegiado de participar e contribuir. A gente não para de aprender, com os regentes que chegam aqui, os diretores de cena. Há um intercâmbio com pessoas de outros lugares. E isso é enriquecimento musical e cultural, um trabalho de construção", comenta Ana. 

Equipe de visagismo preparando figuração
Ela lembra de 2002, quando montaram Macbeth, a primeira ópera executada. "O coro naquela época se comportava de uma maneira e no decorrer do tempo houve um aperfeiçoamento. Em 11 anos de festival, muitas pessoas ainda continuam no coro, outras, logo se tornaram solistas”, complementa.

Cláudio Bastos, contratado como diretor de palco do XI Festival de Ópera é outro profissional que tem sua carreira atrelada ao evento. Este ano assume a árdua função de organizar toda a caixa cênica do Theatro da Paz, durante o evento.

“É uma satisfação muito grande trabalhar no Festival. Hoje sou responsável por uma equipe de seis contrarregras e nosso trabalho é garantir que não haja problema algum durante a apresentação das óperas. Comecei a trabalhar com isso. Este festival me fez crescer profissionalmente e ainda me inspira a ser ainda mais”, fala Cláudio. 

Outros paraenses que vem se destacando são o figurinista Helio Alvarez, assistente de figurino de Cavalleria Rusticana e Salomé; Omar Junior, que prepara a maquiagem de solistas, coro e figurantes das três montagens deste ano; Fernando Pessoa, que montou o cenário de Cavalleria Rusticana e vários outros que trabalham nos bastidores. E isso sem falar nos solistas e na figuração também paraense que complementam o elenco das óperas, somando talento com os grandes cantores que também participam, como convidados. 

Ana Cláudia Moraes afirma que cada equipe desta possui no mínimo mais 10 pessoas. Por isso, dos quase seiscentos profissionais envolvidos, mais de 90% são paraenses, um grande feito para a cultura do estado e uma iniciativa celebrada pela classe artística do Pará e pelo Governo do Estado, realizador do evento. 

Serviço
O encerramento do evento será dia 1º de dezembro, às 20h, em frente ao Theatro da Paz. Patrocínio Secult, Governo do Estado, com realização do Theatro da Paz e apoio da Academia Paraense de Música e Fundação Amazônica de Música. Mais informações: 4009.8750. 

(Texto: Julia Garcia/AG c/ edição e + informações: Holofote Virtual)

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