Novamente em cartaz no circuito de cinemas de Belém, o cineasta Roman Polanski dirige “Deus da Carnificina” (Carnage), com Kate Winslet, Christoph Waltz e Jodie Foster. A estreia foi ontem mas o longa continuará em cartaz nesta sexta (02) e sábado (03) em dois horários, às 18h e 20h30, e no domingo que também terá a tradicional matinal das 10h, no Cine Estação das Docas. O ingresso custa R$ 8,00.
O filme é uma adaptação da peça homônima de Yasmina Reza, ganhadora do Tony Awards, e acompanha a história de dois casais que se encontram depois que seus filhos se envolverem em uma briga na escola, um desatre que dá início a uma análise conjugal e um estudo clínico sobre conceitos como educação e civilidade.
A princípio, o encontro tem a intenção de selar a paz entre os garotos e colocar um ponto final na história. A cordialidade lentamente transforma-se em alfinetadas que culminam em hilárias situações e ofensas grotescas.
Comédia de humor negro, “Deus da Carnificina” presta tributo as suas origens teatrais, concentrando as filmagens em um só cenário para uma espécie de encontro de máscaras que vai se destruindo pouco a pouco a partir de uma bolsa jogada ao alto, um celular sempre interrompendo as conversas, alguns goles de uísque e um hamster abandonado.
Considerado um dos melhores diretores do mundo em atividade, Roman Polanski é responsável pela famosa trilogia do apartamento ("Repulsa ao Sexo", "O Bebê de Rosemary" e "O Inquilino"), o thriller noir “Chinatown”, a coreografia macabra de “A Dança dos Vampiros”, e um passeio por gêneros distintos que renderam a realização de “Tess”, a pegada hitchcockiana de “Busca Frenética” e “O Escritor Fantasma”, o humor sinistro de “O Último Portal”, e dramas contundentes como “O Pianista” e “A Morte e a Donzela”.
Eternamente.... Polanski |
Ao mesmo tempo em que conserva a estrutura básica de uma peça teatral, Polanski controla o ponto de vista do público, com enquadramentos e escolhas de profundidade de campo diferenciadas.
Mais uma vez o diretor enfoca o cenário de um apartamento, o que remete a sua própria trilogia, e outros títulos que exploram uma certa claustrofobia a provocar reações primitivas, num diálogo com os clássicos “Festim Diabólico”, de Alfred Hitchcock, “O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel e filmes esquecidos como “Os Rapazes da Banda”, de William Friedkin e “O Exército Inútil”, de Robert Altman, entre outros títulos.
O mundo teatral comemorou quando Yasmina Reza, uma argelina radicada na França, ficou conhecida nos anos 90 com a peça “Arte”, sucesso em diversos países, inclusive no Brasil. Desde então, ela não parou mais, tendo escrito uma série de peças, comédias e romances. Um dos seus últimos textos apresentado no Brasil, interpretado por Paulo Goulart e Nicette Bruno, foi o “O Homem Inesperado”, indicado ao Prêmio Eletrobrás de Teatro nas categorias de melhor atriz e melhor direção.
“Deus da Carnificina” teve montagem dirigida por Emilio de Mello, com Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Orâ Figueiredo e Paulo Betti.
No filme, a câmera, assim como as relações de poder, mudam segundo o jogo de cena dos personagens. O uso do close-up valoriza a mudança de expressão dos rostos expostos.
Adaptação do cineasta traz cortes e acréscimos
Há a inserção de cenas que não estão na peça original (a conversa de Nancy e Alan no banheiro), e nos pontos de vista de cada personagem. Diálogos afiadíssimos e mise en scène que valoriza a atuação dos atores dão o tom na montagem final.
Polanski abre e fecha o filme com duas sequências externas, filmadas num parque de Nova York por um de seus assistentes, pois o diretor não pode pisar nos EUA desde o escândalo provocado pelo abuso sexual cometido em 1977 contra uma adolescente de 13 anos.
O roteiro foi escrito durante os meses de prisão domiciliar em seu chalé na Suíça, em 2009, quando foi surpreendido pelos procedimentos protocolares da polícia internacional como consequência do ocorrido na década de 70.
O diretor deu o papel do garoto agressor ao seu filho Elvis, de 14 anos, e convidou o designer americano Dean Tavoularis para fazer o cenário, importando dos EUA, os itens de cozinha e banheiro do apartamento-locação.
As cenas de Nova York, vistas da janela, foram elaboradas a partir da computação gráfica, com aproximadamente 400 efeitos digitais.
Uma co-produção envolvendo a França, Alemanha, Espanha e Polônia, “Deus da “Carnificina” ganhou o prêmio de melhor elenco (Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly) no Boston Society of Film Critics e indicado ao Cesar como melhor roteiro adaptado (Roman Polanski e Yasmina Reza).
Serviço
Deus da Carnificina
De Roman Polanski. Com Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly (80 min. 18 anos. Cor) - Sexta e sábado às 18h e 20h30 . No domingo às 10h, 18h e 20h30. Na próxima semana o filme ficará em cartaz apenas na sexta, 16, e no sábado, 17.
Ingressos: R$ 8,00 (com meia-entrada para estudantes). Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado.
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