Intervenções no Porto do Sal (Fotos: Irene Almeida) |
Contemplado pelo Programa Rede Nacional Funarte de Artes Visuais – 12ª Edição, o projeto Margem: Encontros e devires sobre o rio, do Coletivo Aparelho, abre convocatória para residência artística no Porto do Sal. As inscrições foram prorrogadas até 24 de setembro no site do Coletivo, onde também estão informações sobre do edital.
A residência será realizada entre os meses de novembro e dezembro de 2016. Das quaro vagas oferecidas, duas vagas são direcionadas a participantes residentes em estados da Amazônia Legal Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e mais duas vagas, para residentes dos demais estados. Podem se inscrever artistas brasileiros e estrangeiros, residentes no país há mais de dois anos, com idade mínima de 18 anos.
Espaço de fluxo, o Porto do Sal é um vai e vem de comércio, de cultura e tradição às margens das águas doces e escuras da Baía do Guajará, em Belém do Pará. Área periférica e portuária da Amazônia localizada no arrabalde mais antigo da capital, o Porto mira uma paisagem insular, e concentra, a um só tempo, signos urbanos e ribeirinhos. Tamanha efervescência humana e espacial convida a experimentações artísticas em diálogo com seus moradores e seu contexto.
Elaine Arruda, do Coletivo Aparelho |
Criado em fevereiro de 2015, o Aparelho é um projeto de arte e cidadania que atua no Mercado do Porto do Sal e seus arredores, desenvolvendo atividades educativas com a comunidade, e ocupações artísticas.
O coletivo é composto por artistas e gestores advindos predominantemente do campo das artes visuais: Elaine Arruda, Josianne Dias, Vivian Santa Brígida, Verônica Limma, Débora Oliveira, Elisa Arruda, Luíz Júnior e Manoel Pacheco.
O Coletivo ocupa o Porto do Sal, um reduto de conhecimento tradicional, potencialmente aberto a diálogos e trocas com artistas, inserido em um conjunto de paisagens complexas que refletem uma Amazônia contemporânea, a um só tempo urbana e ribeirinha. Neste contexto humano e espacial, o Aparelho promove múltiplas linguagens artísticas, estabelecendo dinâmicas com os trabalhadores, artesãos e moradores da localidade.
Contação de histórias |
Neste contexto, o Aparelho desenvolve múltiplas linguagens artísticas, estabelecendo dinâmicas com os trabalhadores, artesãos e moradores da região.
“Nossas ações são atravessadas pelo intuito de democratização da arte, cuja presença é negociada pelas relações por ela estabelecidas. Nosso interesse é provocar encontros que desdobrem-se em trocas, estranhamentos, inquietações. Deslocar sujeitos-sentidos-vidas dos seus contextos naturalizados e agregá-los em um espaço-tempo que propicie novas formas de ser-estar no mundo”, diz a artista visual Elaine Arruda.
Com essa perspectiva, a primeira chamada pública do Coletivo Aparelho prioriza a participação de artistas que em suas trajetórias já desenvolvam linhas de atuação frente a contextos similares, mobilizando práticas, aproximações e estratégias de estabelecimento de diálogo e produção de sentidos junto a comunidades locais e seus respectivos contextos.
Oficina de música para crianças (Foto Divulgação) |
“A busca é nos deslocarmos para o espaço público, criar uma cena aberta, acionando uma rede de relações disforme, rizomática, cuja tática é o encontro veiculado pela arte. Como artistas, nosso modo de operação é estar em relação, pois em rede, a trama é uma cadeia, uma sequência, um conjunto de nós”, defende Elaine.
Mais recentemente as ocupações artísticas do Mercado do Sal, realizadas pelo Coletivo Aparelho e também pelo Coletivo Pitiú, foi destaque na Revista Circular N. 1, que aborda nesta edição o patrimônio humano do Centro Histórico de Belém.
Em entrevista à reportagem, vários moradores e trabalhadores do Mercado do Sal ressaltam que o trabalho desenvolvido pelo Coletivo Aparelho tem estreitado os laços da comunidade com o fazer artístico, provocando assim, verdadeiras mudanças de paradigmas na área.
Mais informações sobre o edital: http://www.aparelho.org/
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