Capa: Delianne Lima |
Tiago Júlio Martins, após sofrer um grave surto psicótico, descobriu, em 2013, que era portador do Transtorno Afetivo Bipolar. No ano seguinte, motivado por um concurso literário, ele decidiu produzir um romance autobiográfico. O resultado está em "Tardis", cujo lançamento será no dia 10 de outubro - Dia Mundial da Saúde Mental. Os exemplares, porém, já estão disponíveis em pré-venda até 16 de setembro, com desconto especial. Mais informações pelos fones: (91) 98198-7644, (91) 3347-9468. Segue o link para a pré-venda: www.versosseremos.com.
Antes de ser diagnosticada, a doença levou o autor, literalmente, à loucura. Tiago viveu o descontrole, ironicamente, de forma lúcida. Apesar da representação da realidade ter se desorganizado durante a psicose, o jornalista se manteve consciente durante o processo. Por cerca de duas semanas, ele conheceu fantasias como viagens no tempo, contatos com extraterrestres e até a crença de que havia morrido e era Jesus Cristo. No meio da crise, tentou se matar.
Lidando com depressão desde criança, o jornalista se propôs a narrar sua vida da infância à idade adulta, motivado por um concurso literário cujo prazo das inscrições encerravam em 27 dias. O objetivo era traçar um perfil psicológico que percorresse os caminhos que levaram o autor à loucura. Assim, nasceu "Tardis" (Ed. Versos Seremos), que mostra a vida sob o prisma da bipolaridade.
Fotos: Raoni Arraes |
O autor partiu da auto-exploração, revisitando episódios engraçados, fatos marcantes, desilusões, traumas e paixões que pontuaram sua vida até seus 20 e poucos anos.
A maior parte do romance foi escritos naqueles 27 dias, mas sua conclusão, contrariando a vontade do próprio autor, precisou ser adiado. O romance foi enviado a tempo de concorrer ao concurso literário que lhe deu origem, mas "Tardis", que empresta seu nome da máquina do tempo e nave espacial do seriado Doctor Who, ainda precisava fazer viagens maiores antes de ser publicado.
"Eu o inscrevi, logo depois que saí do segundo surto, mas o livro estava incompleto, então escrevi mais coisas e corrigi outras entre janeiro e maio de 2015. Quando o resultado do prêmio saiu e eu não fui contemplado, fui atrás de editoras, recebi algumas aprovações, mas fechei com a Versos Seremos em junho desse ano, porque apresentaram uma proposta que coube no meu orçamento", conta Tiago.
Reescrito durante cinco meses, "Tardis" foi desconstruído e ressignificado, utilizando recursos metalinguísticos. Tiago analisa a própria produção, colocando em cheque a si mesmo, enquanto se revela de forma crua e honesta ao leitor. Proveniente de um fluxo criativo irreprimível, o livro possui um final surpreendente, que se provou imprevisível até mesmo para o jornalista.
A partir de uma espécie de mosaico virtual do seu passado, Tiago buscou matéria-prima para contar sua biografia e reviver pessoas e situações que compuseram sua trajetória. Abordando temas que vão de relacionamentos à distância a amizades virtuais, o livro traz um breve panorama das relações afetivas na era digital.
"Tardis" trata, em essência, do crescimento de um jovem lidando com uma angustia anormal enquanto busca, idealizando o amor, algum consolo para a vida prática. Divida em 21 capítulos, boa parte da narrativa é ambientada na internet: refúgio encontrado pelo narrador para escapar de sua inabilidade social e de suas inseguranças crônicas.
Percorrendo espaços como janelas do MSN, salas de bate-papo, comunidades do Orkut, páginas de blogs, perfis do Facebook e chamadas do Skype, o desenvolvimento da trama e dos personagens levou o autor a mergulhar em uma pesquisa pessoal por seus registros de conversa e arquivos pessoais digitalizados.
Longe de se pretender um livro egocêntrico maçante, o romance busca, a partir do relato pessoal, uma identificação direta com o leitor. Para construir esta relação de proximidade, "Tardis" contém passagens como brincadeiras de rua; paixões platônicas e desilusões amorosas; dificuldades com mudanças de escolas; bullying no Ensino Médio; o drama do vestibular; as possibilidades da universidade; a descoberta do sexo; os primeiros porres; a perda de um grande amor, enfim.
São experiências comuns a milhões de pessoas que, certamente, terão empatia pelo narrador por se reconhecerem vivendo ou tendo vivido situações semelhantes. A história é repleta de referências à cultura pop, cinema, videogames, música e literatura. Mesmo tratando de temas sérios, como a perda de personalidade e suicídio, Tiago busca através do sarcasmo e da auto-ironia minimizar o impacto negativo de sua narrativa a levando, em alguns trechos, à tragicomédia e ao humor negro.
Sobre o autor - Bipolar, escritor, aprendiz de poeta, jornalista e roteirista, não necessariamente nesta ordem, Tiago Júlio de Farias Martins tem 25 anos. Nasceu e mora em Belém do Pará. É formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade da Amazônia (Unama) e pós-graduado em Produção Audiovisual pela Estácio Iesam.
Desde 2008, mantém, despretensiosamente, o blog literário Vago (va-go.blogspot.com). Atualmente, cursa mestrado em Comunicação, Cultura e Amazônia na Universidade Federal do Pará. TARDIS é seu livro de estreia.
Transtorno Afetivo Bipolar - Atingindo cerca de 4% da população mundial, o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é um distúrbio psiquiátrico caracterizado por alternâncias patológicas entre as fases de tristeza (depressão) e euforia (hipomania ou mania). A causa exata da doença ainda é desconhecida, mas cientistas atribuem peculiaridades biológicas, características genéticas, hormonais e o desequilíbrio entre neurotransmissores como alguns dos fatores que podem levar ao desenvolvimento da mesma.
A bipolaridade é crônica e seu controle é feito com uso de medicamentos específicos associados, geralmente, à psicoterapia e à criação de hábitos saudáveis. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), de 30 a 50% dos bipolares brasileiros tentam suicídio. Aproximadamente 20% conseguem se matar.
Muito relacionado à criatividade, dezenas de artistas já vieram a público assumir que são portadores do Transtorno Bipolar. O círculo de apoio é criado com o objetivo de quebrar estigmas que ainda persistem sobre as doenças mentais e desfazer estereótipos que dificultam o controle da bipolaridade. Dessa forma, falando abertamente e discutindo o problema, outras pessoas são estimuladas a buscar tratamento.
A longa lista de bipolares famosos inclui: Rita Lee, Cássia Kis, Ben Stiller, Jimmy Hendrix, Jim Carrey, Scott Fitzgerald, Fernando Pessoa, Axl Rose, Marilyn Monroe, Chaplin, Van Damme, van Gogh, Virginia Woolf, Catherine Zeta-Jones, Tim Burton, Tom Waits, Ozzy Osbourne, Kurt Cobain, Daniel Johnston, Emily Dickinson, Carrie Fisher e Britney Spears.
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