Carlos Maurício Mendonça Figueiredo é conhecido e reverenciado na música como Maurício Maestro. “Um nome sarcástico”, diz ele. “Eu faço arranjo, e todos os arranjadores eram identificados nas fichas técnicas do LPs, como Maestros. Quando perguntavam, que Maurício, diziam, o Maestro, e eu resolvi então adotar, mas não tenho formação em regência”, complementa o cantor, baixista e compositor, que esbanjou simpatia nas noites do Tapajazz e promete revelar para o público do workshop todos os segredos de sua trajetória.
Ele é um especialista. Assina os arranjos vocais e os arranjos instrumentais do Boca Livre e já trabalhou com inúmeros outros músicos da música brasileira. Faz parte de momentos históricos da música popular brasileira, como o emblemático Festival da Record de 1967, quando juntamente com David Tygel, Zé Rodrix e Ricardo Vilas, acompanhou Edu Lobo na apresentação de "Ponteio".
Em 2018, depois de seis anos sem novas produções, o Boca Livre retomou gravou um novo disco, Viola de bem querer, marcando os 40 anos do grupo, hoje com Zé Renato (violão e voz), David Tygel (viola de 10 cordas e voz) e Lourenço Baeta (violão, flauta e voz), além de Maestro que também tem sua carreira solo, trabalho que ele apresentou na segunda noite do Tapajazz em Belém.
O workshop com ele será uma grande oportunidade para quem estiver interessado em saber mais sobre arranjos tanto vocais, como instrumentais, além de trocar ideias e experiência sobre processos de composição. O Tapajazz Mostra Belém é uma realização da Fábrica de Produções, patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear do Governo do Estado, e patrocínio da Alcoa. Apoio cultural da Casa do Saulo – Onze Janelas e deputado Igor Normando.
Mostra Belém é sucesso e veio pra ficar
O jornalista Tito Barata, convidado para apresentar o evento nos conduziu pelos encantos da música amazônica, ou jazz amazônico, caracterizado pelas misturas sonoras hispano-americana e africana. O nome Tapajazz, Tito chamou de “achado criativo”. Une a descontração e a universalidade do Jazz com o nome do rio que banha Santarém, o Tapajós. Guilherme Taré, produtor e idealizador do festival, complementava dizendo que é também uma homenagem ao violonista Sebastião Tapajós, considerado o patrono do Tapajazz.
“Acredito que depois dessa experiência, não podemos mais deixar de fazer a Mostra Belém. Ela funcionará sempre como um convite ao intercâmbio entre Santarém e Belém, na Amazônia, e o resto do país e do mundo, onde houver música instrumental. Ainda estamos pensando em realizar o Tapajazz, este ano, em Santarém, mas vai depender da situação em relação ao momento pandêmico”, disse Guilherme Taré.
Foi o caso do grupo Conexão Amazônia, com Zé Miguel, Joãozinho Gomes e Enrico di Miceli; e do músico Alan Gomes, que entraram de Macapá (AP), trazendo uma sonoridade ímpar do cancioneiro amazônico. O encerramento foi no teatro, com o Trio Paraense, com Luiz Pardal, Paulinho Assunção e Jacinto Kahwage. Fechamos a noite de quinta-feira (24) com o som universal do grupo.
A sexta-feira (25) foi aberta por Maurício Maestro (RJ), que fez um belo espetáculo, repleto de canções que fazem parte da história da música brasileira, incluindo aí, Ponteio, defendida por Edu Lobo, em 1967, apresentação na qual Maurício fazia o vocal do grupo Momentoquatro, acompanhando o artista. A banda Silibrina entrou em seguida, quebrando tudo, de São Paulo. Ritmos brasileiros, com ênfase nas sonoridade nordestinas, como o frevo, ganharam os elementos incendiários dos metais, das cordas da bateria. Muito bom. A noite encerrou com o grande violonista Sebastião Tapajós, que ainda voltou ao Teatro Waldemar Henrique no dia seguinte, como plateia, para assistir aos últimos shows.
Em seguida, entrou em cena Toninho Horta, que estava em noite inspirada. Abriu o show sozinho, com o violão, e seguiu acompanhado por banda formada pelos músicos paraenses, Príamo Brandão (baixo), Kleber Paturi e Alcides Alexandre (percussão), Edvaldo Cavalcante (bateria) e Robenare Marques (piano). E ainda chamou para participações Maurício Maestro, que estava ali pela plateia e cuja amizade entre os dois remonta aos anos 1970, e também Delcley Machado.
Toninho executou canções que foram do clássico “Moon River”, de Henry Mancini, à popular “Manuel Audaz”, encerrando "o set de mais uma hora de show, com a plateia cantando alto e afinada, sob sua regência". Foi lindo mesmo, tanto para quem esteve na seleta plateia como para quem esteve atento a live, nestes três dias. Mas se você perdeu, a boa notícia é que está tudo gravado em alto e bom som e também imagem.
Acesse e assista:
Tapajazz Mostra Belém
- Conexão Amazônia
- Alan Gomes
- Trio Paraense
- Maurício Maestro
- Banda Silbrina
- Sebastião Tapajós
- Jardim Percussivo
- Toninho Horta
Serviço
Tapajazz Mostra Belém. Workshop com Maurício Maestro – Nesta terça-feira, 29, das 15h às 18h, no Núcleo de Conexões Na Figueredo – Gentil, próximo a Benjamin. Realização da Fábrica de Produções, patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear do Governo do Estado, e patrocínio da Alcoa. Apoio cultural da Casa do Saulo – Onze Janelas e deputado Igor Normando.
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