6.9.21

Poética visual lança o dia de retomada amazônica

Foi ao som de muito tambor e arte audiovisual que nasceu, neste último domingo (5), Dia Internacional da Amazônia, o primeiro DIAA – Dia de Inspiração Aniticolonialista Amazônica. A iniciativa do Ponto de Cultura Alimentar Iacitata, OCADHANA, Rede RAMA e Aparelho Digital, em parceria com a 100% Amazônia e Cas’Amazônia, contou com projeção de imagens de obras de artistas indígenas e artivistas. A ação foi realizada na Feira do Açaí, na beira do rio, com vistas para o maior cartão postal de Belém, o mercado do Ver-o-Peso.

O levante poético, em meio a biodiversidade exuberante paraense, chamou atenção a soma recordista de devastação e crimes contra a floresta e seus povos, uma interferência que vem alterando, num crescente, o clima e o ritmo do planeta. 

Participaram desta edição a arte indígena de Denilson Baniwa, Moara Brasil, do artista visual Kambô, do ilustrador Magno, as narrativas de Tainá Marajoara e Joanna Denholm e colaboração dos coletivos de arte visual do Greenpeace, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Projetemos, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e Conferência Nacional Popular de Segurança e Soberania Alimentar.

Em formato de projetaço, as artes ocuparam o complexo do Ver-o-Peso, na Feira do Açaí, a Ladeira do Forte e o Muro do Forte do Castelo, iniciada com saudação à mãe-floresta: Amazônia Guardiã. Mãe dos rios que voam. Casa dos que seguram o céu. Em diálogo com as artes de Moara Tupinambá, artista indígena em retomada pela ancestralidade de Cucurunã.

Projeções tomam muros dos colonizadores

Sobre os muros levantados pelos colonizadores e ainda erguidos como símbolos importantes de proteção militar e com ares de civilização, foi fincada a arte de Denilson Baniwa e a narrativa de Tainá Marajoara: "Tira o asfalto, tira o grileiro, tira o racismo! Tira tudo de cima Belém é terra indígena!". Belém é a Maery Tupinambá! É terra originária, é força ancestral amazônica que floresce entre as pedras e os grudes! É urgente a compreensão dos modos de vida da floresta, suas economias e os benefícios sociais e ambientais geradores de futuro”, diz a fundadora do Iacitatá, Tainá Marajoara.

Respiramos de acordo com onde pisamos, e o DIAA estava no Complexo do Ver-o-Peso, local onde desembarcam toneladas de peixe, milhões de hortifrútis, e cada vez mais o açaí passa dos barcos direto para a exportação, as denúncias sobre a fome, agrotóxicos e a escassez do dito “ouro negro da Amazônia” se fizeram presentes, pois o açaí está “dentro da safra e fora da mesa”. De acordo com dados da Conferência Nacional Popular de Segurança e Soberania Alimentar, cerca de 20% da população amazônica está em situação de fome.

Diante disso, Fernanda Stefani, da Cas’Amazônia e 100% Amazônia, aponta a emergência em estabelecer relações justas no mercado de produtos não-madeireiros e transformar o apetite voraz internacional sobre o açaí que acumula riquezas e escasseia benefícios. É imprescindível reconhecer o protagonismo dos povos da floresta e potencializar suas vozes e saberes.

Arte denúncia em defesa dos povos da floresta

As ilustrações de Magno e narrativas de Joanna Denholm também tomam o veropa e apontam a Amazônia sufocada e agonizante pela destruição, crimes ambientais, conflitos de terra, e pelas mudanças climáticas. A floresta deixa de ser depósito de oxigênio e passa a emitir CO2 em maior quantidade.

Este dia 05/09 foi data de retomada, o DIAA - Dia de Inspiração Anticolonialista Amazônica, realizado na área de "fundação" de Belém, onde Artistas Indígenas e aliados retomam o território como uma Cabanagem de Arte Contemporânea, que traz a luta, a proteção das matas, a cultura e a denúncia dos crimes contra a floresta e a humanidade, que assim como é superlativa a sua biodiversidade é alarmante o índice de crimes contra a vida amazônica!

Um levante poético-visual em defesa da vida amazônica, contra o marco temporal, contra a destruição socioambiental feito um caleidoscópio na arte vibrante do Kambo que se faz vacina de encantamentos, vem como um tajá-soldado de cores fortes anunciando a territorialide e os rostos de seus povos, seus sorrisos e suas lutas!

O registro visual foi feito pelo fotógrafo Rao Godinho, a produção por Isabela Dias e Carlos Ruffeil e ainda contamos com a colaboração de Thiara Fernandes na concepção. Assim, chegou o DIAA, com flechadas de encantarias para Amazônia pulsar no ritmo da criação e levantar o céu!

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(Holofote Virtual com informações do coletivo ativista)

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