Mário Lúcio Sousa Foto: Jorge Simão |
Ele é referência na música e cultura contemporâneas. Ex-ministro da Cultura de Cabo Verde, o cantor-compositor é também o escritor mais premiado do país, internacionalmente e o poeta que marcou a viragem na nova poesia cabo-verdiana com o livro Nascimento de Um Mundo, um dos conceituados pensadores da sua geração. É também autor do Manifesto a Crioulização, a obra mais atual sobre o fenómeno da Crioulização no mundo.
O livro “Meu Verbo Cultura”, nesta nova edição, traz apresentação de Gilberto Gil que chama atenção para o pensamento contemporâneo e futurista de Mário Lúcio traduzido por uma série de artigos, entrevistas e discussões que o revelam suas articulações na área das artes e gestão artística, através do seu trabalho na frente do Ministério da Cultura de Cabo Verde, entre 2011 e 2016. Mário Lúcio destacou-se em todo continente africano pelas suas parcerias e modelo de trabalho para a criação e desenvolvimento de políticas culturais para a melhoria do seu país.
Desta vez, Mário Lúcio é o foco artístico central do projeto. Além do lançamento do livro, previsto para o sábado (11), ele também participará da abertura da programação Jornadas de Gratidão aos Povos Negros, evento da prefeitura de Belém, que será realizado nesta quinta (9), no Teatro Margarida Schivasappa, alusiva ao Dia Internacional do Afrodescendente, comemorado, pela primeira vez, em 31 de agosto, data criada pelas Nações Unidas, para agradecer e dar visibilidade à diáspora africana, a imigração forçada de africanos.
Mário Lúcio apresentará um show conferência e haverá ainda um desfile de diversos modelos confeccionados pela Hounsou, marca de Israël Sèwanou Hounsou, empreendedor da moda africana e afro-brasileira. No repertório, ele vai apresentar repertório autoral, mas estará aberto também ao momento, o que fluir, será! O mesmo se dará no dia 11, no Gasômetro.
Intercâmbio gestado desde 2018
2019 | lançamento do álbum "sem chumbo nos pés", com artistas paraenses. |
Como se pode ler no livro que chega ao Pará, a imagem de um entrelace de culturas, é uma manifestação do que ocorre "quando abrimos o olho do coração" e nos expandimos para além da separação entre os limites dos nossos territórios e os dos outros. A cultura e o turismo enquanto possibilidades de expressão cognitiva e de reconhecimento das manifestações mais diversas de pertencimento, respectivamente, proporcionam a flexibilidade da imagem do entrelace.
E o livro “Meu Verbo Cultura” trata desse manifesto, desse reconhecimento e do amor ao encontro do outro e do que nos parece, ao primeiro olhar, estranho. Manifestar-se ao outro, portanto, é o que conduz a leitura desta obra instigante e desafiadora que deve ser lida tirando-se as vendas dos olhos e as amarras da vergonha do coração.
Política, cultura e pensamento
Na área da música, tem nove discos gravados além de uma compilação de 80 canções suas mais escutadas, colaborações com Cesaria Evora, (Cabo Verde), Manu Dibango (Camarões) Touré Kunda (Senegal), Paulinho Da Viola, Gilberto Gil, Milton Nascimento (Brasil), Pablo Milanes (Cuba), Mario Canonge e Ralph Tamar (Martinica) Teresa Salgueiro, Luis Represas, (Portugal) Toumani Diabate (Mali), Harry Belafonte (EUA), Oliver Mtukudzi (Zimbabué), para além de trilhas sonoras para filmes, documentários, teatro e dança.
Já na literatura, entre suas obras constam: Nascimento de Um Mundo (poesia, 1990); Sob os Signos da Luz (poesia, 1992); Para Nunca Mais Falarmos de Amor (poesia, 1999); Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo (Prémio do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa); Vidas Paralelas (2002); O Novíssimo Testamento (Prémio Carlos de Oliveira, Portugal), Biografia do Língua (Prémio Miguel Torga- Cidade de Coimbra 2015; Prémio PEN Clube de Literatura para melhor romance em língua portuguesa de 2016), O Diabo Foi Meu Padeiro (2019).
Como dramaturgo é autor das peças: Adão e As Sete Pretas de Fuligem (2001). Sozinha No Palco (2004). Vinte e Quatro Horas na Vida de um Morto (2006), Um Homem, Uma mulher e um Frigorífico (2007), Adão e Eva (2012), Os Dias de Birgit (2018).
Serviço
Abertura do evento Jornadas de Gratidão, nesta quinta-feira, 9, às 19h, no Teatro Margarida Schivasappa. E lançamento do livro “Meu Verbo Cultura: escritos amorosos sobre cultura e desenvolvimento”, neste sábado, 11, às 19h, no Teatro Estação Gasômetro – Parque da Residência. De acordo com as novas medidas do Departamento de Vigilância à Saúde, da Sesma, a capacidade dos teatros será limitada a 20% de ocupação e as pessoas deverão apresentar a carteirinha de vacinação o público está limitado em 100 pessoas.
Siga o blog no Instagram: Instagram.com/holofote_virtual/
Nenhum comentário:
Postar um comentário