Fotos: Denys Costa |
O que fazer quando tudo parece sem luz? Lucas Guimarães, cantor e compositor paraense, aponta o caminho que forjou em sua desafiadora jornada contra a depressão: música e poesia.
“A ideia era falar sobre minha experiência de uma maneira, ao mesmo tempo, séria e leve. Queria tocar no assunto, mas não acessar gatilhos dolorosos e tampouco soar autoajuda. Então fui colocar nas músicas a maneira que eu vivi com depressão. Fiz com ritmos que são normalmente ligados a músicas felizes. Quem já ouviu as músicas diz que ficou quase em um clima carnavalesco, mesmo com um tema que nos remete à tristeza”, diz Lucas, que também já lançou “Caliandares” (2015) e “Valente” (2019).
O show, projeto contemplado pelo edital de incentivo à cultura da Lei Aldir Blanc (Secult/PA), foi gravado no Gasômetro, em Belém. No palco, o artista e o teatro, nada mais. Sem plateia e sem banda de apoio, Lucas vive a experiência de uma solitude que se impôs nesses tempos de distanciamento social.
“Acredito que ainda não seja o momento de retomado de um show com público. É um trabalho que marca esse contexto, de alguma forma é resultado de tudo que estamos atravessando. Faço essa apresentação com a alegria de quem fechou um ciclo”, fala o artista que volta a Belém, após sair de sua cidade natal, Abaetetuba, interior do estado, firmar carreira na capital paraense e passar longa temporada em São Paulo.
Participações especiais
“Eu morava em Abaetetuba ainda e já estava depressivo, desconfiava de mim o tempo todo, a autoestima lá no chão, e eles com toda aquela coragem de fazer algo novo, estranho e bonito, me deram coragem pra retomar minha vida musical. Morando em São Paulo, tive a oportunidade de conhecê-lo. Conforme a vida foi passando, o papo foi rolando, a admiração aumentando. Então tomei coragem e convidei para fazer a guitarra de ‘A paz’”, conta.
Disco de estúdio, “Mantra” combina composições recentes a algumas escritas há dez anos. Lucas explica que a ponte entre esses tempos é o desafio de lidar com a condição do adoecimento psíquico. “Hoje vejo que escrever, tocar e criar salvou minha vida; se não houvesse contato com essas coisas, eu explodiria. Então, como mantras são melodias repetitivas, com sons ou palavras que se repetem com poder de cura, esse nome, esse disco e a arte em si, são meus mantras, foram minhas orações durante esses anos”, explica Lucas.
Serviço
Show “Mantra”, de Lucas Guimarães, nesta quinta-feira, 23, às 19h, pelo Youtube: https://youtube.com/c/lucasguimaraesmusic.
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