Contando com a curadoria e apoio da artista visual alemã Jana Doell, o projeto nasceu a partir da necessidade de se divulgar arte no período pandêmico, em que os museus permaneceram fechados. Mais que isso: ao expor obras de cerca de 45 artistas, de diversos países, em varais de diferentes residências de Veneza, o projeto visa aproximar pessoas, ideias, trabalhos e espaços, até mesmo virtualmente, já que a “exposição” pode ser acessada via internet. Varais, vidas e vozes se interconectam em uma nova forma de “galeria”, em que o público também é diverso.
Apesar da imagem quase “idílica” de Veneza, a cidade possui grandes problemas estruturais e, também, no modo como ocorre seu planejamento urbano. “Veneza, ainda que aparentemente muito pomposa, não governa para as pessoas que vivem nela. Turistas são prioridade e muitas pessoas se sentem ‘largadas’. Existem muitos espaços culturais organizados por cidadãos comuns, que não são ajudados pelo governo. A gentrificação é muito presente. Projetos como estes possibilitam ver a cidade e as pessoas que moram nelas com outros olhos”, analisa Jaqueline.
Arte independente na Europa
“Me perguntei antes de começar se eu realmente queria correr o risco de ser tratada mal por procurar varais. Era um medo que eu tinha. Apesar do receio, encontrei pessoas muito abertas e, através do projeto, posso falar de temas relevantes. Posso também expor a situação de artistas, principalmente pessoas como eu, negras e migrantes. Ao mesmo tempo, saio da minha ‘cápsula’ de turista e me deparo com uma realidade que não seria possível de ver sem ter que morar anos na cidade. O projeto agilizou o meu processo de integração com Veneza. Eu entro nas casas das pessoas, elas me contam suas histórias e perguntam as minhas e dos artistas”, informa a paraense que chegou a Itália em fevereiro de 2021.
É com esta experiência e repertório, sem deixar de lado as origens, que “nasce este projeto, também da vontade de que eu, pessoa do Norte do Brasil, migrante, mulher negra, ‘encontre’ uma pessoa que eu buscava. Procurei uma pessoa com uma história e características como as minhas no meio das artes e, principalmente, na curadoria e não encontrei com facilidade. Eu decidi, então, que eu seria essa pessoa, porque cansei de só ver referências masculinas, de pessoas do sul, brancas”, sintetiza a artista.
O projeto Sestiere di Venezia possui uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo), que visa arrecadar € 2 mil para custeio da infraestrutura e organização da “exposição”. Até o momento foram arrecadados 580 euros. A campanha segue até o dia 25 de setembro e as doações podem ser feitas em diversas moedas, inclusive reais. Acesse e contribua: https://www.leetchi.com/c/sestiere-di-venezia.
Serviço
Exposição urbana Sestiere di Venezia: pessoas + arte + varais em Veneza (Itália), idealizada e organizada pela paraense Jaqueline Lisboa. Até 26 de setembro, em diversas residências de Veneza.
Acompanhe no mapa: https://bit.ly/3z9tDU8
Contribua com a campanha: https://www.leetchi.com/c/sestiere-di-venezia
Siga no Instagram: https://www.instagram.com/sestiere.di.venezia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário