A harmonia e a qualidade dos violões, banjo, cavaquinhos e bandurras, destacam a confecção de instrumentos produzidos pelas mãos luthiers paraenses e alunos das oficinas do Curro Velho na exposição “O Som da Madeira” que abre nesta quinta-feira (06), às 19h, na Casa das Artes (antigo IAP). A exposição estará aberta durante todo o mês de agosto, com exibição de vídeos, shows e visitas monitoradas para escolas. Com entrada franca.
Mais de 20 instrumentos musicais em exposição entre instrumentos de corda e de percussão. Segundo o coordenador de linguagem sonora e idealizador da Lutheria, Paulinho Moura, o título som da madeira nasceu das influências musicais do mestre Cartola.
“A Lutheria começou em setembro de 2011. Desde sua origem, já foram produzidos e restaurados violões, cavaquinhos e bandurras. O Curro Velho formou vários instrutores de lutheria que estão fabricando os seus próprios instrumentos em suas oficinas”, explica Paulo Moura.
E origem da Lutheria no Curro Velho tem nome. Márcio Luthier, autodidata, foi um dos primeiros luthiers da capital paraense, a produzir instrumentos para grandes artistas nacionais como Paulinho da Viola, Jorge Aragão, entre outros.
Na abertura da exposição, haverá palestra com o luthier Paulo Matheus, que abordará como se deve confeccionar e restaurar instrumentos de cordas, e com Flávio Gama, instrutor das oficinas de reparos de instrumentos de percussão. Os visitantes vão poder manusear e tocar violão, cavaquinhos e bandurras e constatar a qualidade dos instrumentos expostos e apreciar um concerto com violonista Salomão Habib, com a participação de Paulinho Moura.
Aprendizado - O aluno em Lutheria, Gilberto Silva, informa que seu interesse pela arte de confecção e reparos de instrumentos de cordas partiu das experiências adquiridas com a música. A oportunidade veio com um anúncio de jornal, por meio das oficinas do Curro Velho que oferecia o curso de Lutheria.
Para fazer parte da turma de alunos, ele teve que passar por um processo de seleção, em que um dos critérios para participar era ter conhecimentos em música, saber tocar, conhecer notas musicais, ter boa audição e saber analisar o som da madeira. Depois de aprovado, Gilberto Silva, aprendeu a teoria e a prática de como se deve confeccionar e fazer reparos nos instrumentos de cordas.
Nesta etapa, ele aprendeu o processo de análise da madeira, que vem no estado “bruto”, em blocos, para em seguida ser lapidada, construída. “Trabalhar na minha área é muito gratificante e o retorno de minha experiência vem com o tempo. Aprender a confeccionar e criar instrumentos da arte de Luthier é muito gratificante”, pontua o aluno.
O técnico em confecção e manutenção de instrumentos, Paulo Matheus Oliveira, há 20 anos como luthier, possui uma experiência que foi adquirida com o curso de música e lutheria. Ele aprendeu a arte de produção e restauro de instrumentos com o professor búlgaro, Nikola Minev. Que na época, lecionava na Fundação Carlos Gomes no restauro e confecção do acervo da instituição, pois não existia profissionais que atuassem na área. E através desse desta parceria com o professor, que veio adquirir as habilidades de luthier. “Foi uma semente passada de mestre para o aluno”, comenta o técnico em Lutheria.
Já como instrutor no Curro Velho, ele leciona aulas com instrumentos de cordas (violão, cavaquinho, violino) para duas turmas, uma iniciante e outra avançada. No processo teórico e técnico, os alunos fazem uma análise do material de trabalho, no caso a madeira.
Dessa madeira é feita uma seleção, pois a maior parte desse material é descartada por construções, e doação de instrumentos que serve como material didático, sobras que são reutilizados para o processo de lapidação e produção de instrumentos musicais para os alunos.
Depois das atividades encerradas nas oficinas, o técnico criou um projeto de extensão que visa o acompanhamento dos alunos na confecção e aprimoramento das técnicas adquiridas nas oficinas. Nesta última etapa, o professor direciona o aluno na produção de instrumentos mais elaborados, com outros itens, na elaboração de projetos, definindo medida e diâmetros, trabalhos mais complexos. Com um espaço que trabalha diretamente na confecção e restauro de instrumentos de cordas, que tem como principal parceiros os alunos.
“O meu principal objetivo é formar novos profissionais que atuem na área, pois há uma carência de pessoas habilitadas nesta atividade”. Paulo Mateus comemora os resultados da oficina da Lutheria. “Estou muito satisfeito com a arte de lutheria, é algo muito prazeroso. Passar meus conhecimentos é muito gratificante, foi o que o Nikola me pediu, que repassasse os conhecimentos adquiridos com ele. Ver meus alunos na prática, na construção dos instrumentos musicais é poder pensar que o sonho de um trabalho terá uma continuidade”, declara o técnico em lutheria.
Serviço
Abertura da exposição “O Som da Madeira”, nesta quinta-feira (06), às 19h, na Casa das Artes (antigo IAP) - Pça Justo Chermont, ao lado da Basílica de nazaré. Realização: Fundação Cultural do Pará.
(Com informações da assessoria da FCP)
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