A exposição abre neste domingo, 23, às 15h, no Casulo Cultural, reunindo o trabalho de duas fotógrafas negras. Através de um olhar particular elas revelam a diversidade da cultura paraense, assim como eveidencia a beleza negra dentro dos seus contextos diários.
O Pará é hoje o estado com o maior número de pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas no Brasil, cerca de 70% dos 7,5 milhões de habitantes do Pará, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretaria de Políticas de Promoção e Igualdade Racial.
Foi este o desafio que inspirou Ana Carla Oliveira e Aíssa Mattos, mulheres negras que conhecem o universo cultural paraense ligado à Àfrica, que fez surgir o Consciência Negra ParÁFRICA, projeto que tem como objetivo fotografar centenas de paraenses negros, motivar debates e provocar olhares para esta população.
“Fotografamos essas pessoas em seus contextos diários, em lugares que falam de suas histórias. Historicamente a população negra do Brasil convive com o abono do Estado.
O que causa a invisibilidade de um povo que possui fundamental importância para a formação da sociedade. Na escola, pouco se aprofunda nos debates sobre a questão negra no país, a não ser quando se fala do período de escravidão, tão somente”, revela Aíssa.
Em fotos digitais em preto e branco, as diferentes formas dos negros e negras paraenses são apresentadas com naturalidade, seja no modo como usam o cabelo, suas vestimentas e até mesmo a tonalidade da pele. De forma poética, a escolha por fotos preto e branco fazem uma analogia à resistência do povo negro. “Com grande durabilidade, elas conseguem resistir à ação do tempo sem abandonar a sua beleza e essência”, comenta Aíssa.
O projeto nasceu em novembro do ano passado, mas já deu muitas voltas.
As imagens produzidas são material para mais de 30 exposições que já ocorreram em espaços como escolas, associações de bairro, universidades, quilombos, não somente na capital, Belém, mas nas cidades de Marabá, Baião, Ourém, Capitão Poço, Marituba, Castanhal e também em Salvador, na Bahia.
Aíssa conta que os resultados se podem ver na mudança de comportamento, sobretudo entre as crianças e jovens, que se sentiram mais confiantes e orgulhos de sua cor. “Os professores nos contam que as crianças passam a se achar mais bonitas, já vão de cabelos soltos para a escola. Isso porque elas passam a se identificar com outras pessoas como elas”, afirma.
Serviço
Exposição ParÁFRICA, abertura no domingo, dia 23, as 15h, o Casulo Cultural - rua Frutuoso Guimarães, nº 562, Campina. Entrada franca. O Casulo Cultural, que recebe a mostra, é uma casa de artista aberta para encontros, vivências e relações entre pessoas e ideias, para a criação e difusão de saberes artísticos e culturais.
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