13.8.15

Mercede é a atração da vez no festival paraibano

O Festival do Teatro Brasileiro chega a reta final. Mercedes, da Galharufas Companhia de Teatro, tem apresentações, nesta quinta-feira, 13, e nesta sexta-feira, 14, às 20h, no Teatro Waldemar Henrique. No sábado (15), dia do enceramento, haverá várias ações da Cena Paraibana, em Belém. Agende-se e não deixe de ir, é gratuito. 

O espetáculo Mercedes, que entra em cena, hoje, 20h, no experimental Waldemar Henrique, fala de tempo e de vidas humanas que vão se traçando e entrelaçando. Tendo como mote, o nome fantasia de uma militante do Partido Revolucionário do Brasil, o espetáculo mostra a história de uma mulher que entregou mais do que sua vida à luta armada, mas descobriu na própria pele que poderia lutar contra tudo, menos contra o tempo que é senhor de todas as coisas.

Em uma teia cênica que envolve os anos de chumbo, como escreveu Chico Buarque “Um tempo, página infeliz da nossa história, Passagem desbotada na memória das nossas novas gerações”. O texto de Mercedes foi escrito por Paulo Vieira, especialmente para a atriz Suzy Lopes, que na equipe da companhia também assumiu a assistência de direção e a assessoria de imprensa. “E ainda mexi com o figurino”, brinca ela, para quem a peça é algo bem especial.

Suzy Lopes, em cena: "texto foi escrito para mim"
“Sempre quis fazer um espetáculo sobre ditadura militar, só que eu morria de medo, porque é um tema muito fácil de cair em clichê, ou em lugar comum, daí quando Paulo Vieira apareceu com este texto, eu fiquei super encantada, pois o foco não era somente a Ditadura Militar, na verdade ela é um conflito familiar e a Ditadura é o pano de fundo”, explica a atriz.

Utilizando a linguagem randômica, que vem sendo trabalhada com atores de Belém, na residência Artística conduzida pelo grupo, dentro da programação do festival, as cenas de Mercedes se cruzam aparentemente de forma casual, mas conduzida pela trilha sonora criada pelo guitarrista Didier Guigue, com execução ao vivo de Luã Brito (Guitarra), vai dizendo muito mais ao público.

“Mercedes é muito especial pra mim, porque sou dirigida por meu grande mestre, Paulo Vieira, além de dividir o palco com este grande elenco. Tenho muita dedicação e muito amor por este espetáculo e estou muito feliz em apresentá-lo aqui, porque é uma parte do país que eu não conhecia e que me apaixonei. Que terra linda, que comida maravilhosa,  que povo incrível, muito obrigada, estou completamente encantada”, finaliza Suzy.

Além da direção de Paulo Vieira e atuação de Suzy Lopes, o espetáculo conta no elenco com jovens e talentosos nomes em evidência no teatro paraibano, como Nyka Barros, Jorge Felix, Débora Menezes, Raquel Ferreira, e Luã Brito, que também completa a cena.

Uma semana em solo paraense

A Galharufas está em Belém desde sábado passado, com a chegada de Paulo Vieira, dramaturgo e diretor do espetáculo, que participa da programação paraibana no Ciclo de Dramaturgos e da Residência Artística, que traz para a cena o processo de montagem do espetáculo que o público confere hoje e amanhã.

“Estamos apresentando às pessoas, as técnicas que utilizamos em nosso grupo para a preparação da cena e, de maneira particular, para a montagem deste espetáculo, com os trabalhos de preparação corporal dos atores, que é a base para o nosso processo de dramaturgia, inclusive”, diz Paulo Vieira.

É a primeira vez que o grupo vem a Belém, mas Paulo já conhece a cena teatral paraense há algum tempo. “Conheci o trabalho do Cláudio Barradas, ainda na década de setenta, e o seu espetáculo Cobra Norato, que eu considero um dos melhores que eu vi em toda a minha vida teatral. Além do Cláudio Barradas, vi outros espetáculos de Belém, e em todos eu identificava duas coisas que me pareciam singulares: os temas, amazônicos, por assim dizer, e como resultante, a iluminação que tendia para tons verdes”, diz o diretor.

Também trabalha como dramaturgo, ensaísta e encenador. Tem vários prêmios de direção e dramaturgia em importantes festivais nacionais como Ponta Grossa, Campina Grande, João Pessoa e Anápolis. Entre suas obras destacam-se Anayde, Não se Incomode Pelo Carnaval,Noite Escura (dramaturgia); O Ronco da Abelha (romance); A Arte das Coisas Não Sabidas (dissertação sobre a dramaturgia de Paulo Pontes); Plínio Marcos: A Flor e o Mal (tese).

A Galharufas, ontem, no ensaio realizado no Experimental 
Teatro Waldemar Henrique. Estreia hoje, 20h.
Sobre a companhia - O Galharufas Companhia de teatro, fundada em 1997, estreou com a montagem do espetáculo Noite Escura, apresentado na Capela de Santa Tereza durante seis meses consecutivos, em João Pessoa.

A Capela, uma construção do século XVII, estava em ruínas quando o Galharufas a ocupou, chamando a atenção do Iphan para aquele acervo. Hoje, graças ao trabalho do grupo junto ao Iphan, a Capela foi recuperada e está incorporada ao acervo arquitetônico da cidade.

Depois disso, o grupo excursionou com o espetáculo durante dois anos seguidos. Em 2002, montou o espetáculo A Cantora Careca, do Ionesco; em 2004, Amor em Desatino, de Cely de Freitas; e Sobre os males que o fumo produz, do Tchekov.

Em 2010, a companhia montou “Lata Absoluta”, com texto e direção de Paulo Vieira e, desde 2014, estão em cena com o espetáculo “Mercedes”.  O grupo pretende permanecer mais algum tempo com este espetáculo, enquanto duas de suas atrizes concluem os mestrados que ora realizam, e após, pensar em outra montagem, por enquanto não definida. A carreira de Paulo Vieira como diretor e dramaturgo abrange: Doutor em artes pela USP (Universidade de São Paulo), é romancista, dramaturgo, encenador, ensaísta e professor do departamento de artes da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) desde 1982.

Flor de Macambira, hoje (13) em Marabá. E no sábado (15), 
de volta a Belém.
Programação - Em Marabá, o grupo Ser Tão teatro ainda apresentará, nesta quinta-feira, 13, Flor de Macambira, às 15h, na Escola Estadual de Ensino Médio Gaspar Vianna (Folha 16 Quadra Especial, Nova Marabá). 

Já aqui em Belém, a companhia também volta à cena, no Forte do Presépio, às 19h deste sábado, 15 de agosto, quando também estarão rolando outras ações do festival, como a oficina de formatação de projetos, com Sérgio Bacelar, na Casa das Artes (9h às 13h), e os shows de encerramento, às 21h, com Edilson Moreno e, às 22h, com Chico Cesar, que lança aqui seu novo disco, Estado de Poesia.

MERCEDES
FICHA TÉCNICA 

  • Preparação corporal: Nyka Barros
  • Preparação vocal: Jorge Felix e Luã Brito
  • Trilha sonora: Didier Guigue
  • Execução musical: Luã Brito (Guitarra)
  • Iluminação: Fabiano Diniz
  • Cenografia: Eliézer Rolim
  • Figurino: Ângela Lopes
  • Caracterização e adereços: Suzy Lopes
  • Arte: Márcio Miranda
  • Assessoria de imprensa/Produção: Suzy Lopes
  • Fotografo: Wênio Pinheiro

TEMPO: 74 minutos
Classificação: 15 anos

Serviço
Festival do Teatro Brasileiro – Cena Paraibana apresenta, em Belém, o espetáculo “Mercedes”, com sessões, às 20h, nesta quinta, 13, e na sexta-feira, 14 de agosto, no Teatro Experimental Waldemar Henrique – Praça da Repúbica - Av. Pres. Vargas, 645 - Campina, Belém/PA. Telefone (91) 3222-4762. Os ingressos serão distribuídos no dia da apresentação, na bilheteria do teatro, 2 horas antes de início do espetáculo.  Máximo de 02 ingressos por pessoa. Lotação: 220 lugares.

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