15.8.15

Festival fecha ciclo paraense em Estado de Poesia

Chico Cesar é o presente final do 17º Festival do Teatro Brasileiro no Pará. O projeto, que trouxe a cena paraibana para a cena paraense de teatro, apresenta a partir das 22h, no palco montado no Portal da Amazônia, o show "Estado de Poesia", que também dá nome ao novo disco do cantor, compositor, músico e jornalista paraibano. Entrada franca.

Desde que teve início, no dia 4 de agosto, mais de 4.000 pessoas já participaram do festival, assistindo aos espetáculos que circularam entre Belém e Marabá, ou interagindo nas ações educativas e de formação oferecidas gratuitamente. 

A programação continua neste sábado, com a oficina de formatação de projeto para editais, com Sergio Bacelar, criador do festival e, à noite com apresentação do espetáculo “Flor de Macambira”, às 19h, no Forte do Presépio. Aliás, não percam que é garantido!

No mais, o festival gerou o essencial, um intercâmbio de cenas e de poesia. Já em seu desfecho, outras conexões se constroem. Antes de Chico Cesar entrar em cena, a noite será aberta pelo Edilson Moreno, representante legítimo do brega paraense. 

“Ainda não conheço o trabalho dele. Vou dar uma espiada pela internet para conhecer, diz o cantor, que já esteve em Belém várias vezes e estabeleceu suas próprias conexões. “Tenho sempre boas lembranças, os encontros com Nilson Chaves e Pinduca, entre as melhores delas. Sinto que me identifico com esse calor, essa equatorialidade que está também no espírito das pessoas”, comenta o músico, em entrevista ao Holofote Virtual.

Chico Cesar está de volta depois de alguns anos afastado do cenário musical brasileiro. Enquanto esteve como Secretário de Cultura da Paraíba, a carreira esteve em segundo plano, embora estivesse sempre em gestão.  

“Evitei fazer shows contratados e pagos dentro do estado. Fiz algumas apresentações beneficentes apenas. E dividia o meu tempo da seguinte forma: a semana é do gestor, o fim-de-semana é do artista; o dia é do gestor, a noite é do artista”, diz.Chico. 

“Naquele período eu sabia que era impossível me envolver de cabeça em um disco de estúdio e todas as suas etapas, que vão da pré-produção å distribuição e divulgação com uma agenda de shows. Pré-produzi o disco ainda na Paraíba e depois gravei no interior de São Paulo para agora poder rodar o país com ele, sem me ater a uma outra agenda - a de secretário”, continua.

No final de 2014, ele deixa o cargo para se dedicar novamente e de maneira focada em sua carreira. É assim que surge “Estado de Poesia”, com produção do próprio artista, em parceria com Michi Ruzitscha, e produção executiva da Urban Jungle, distribuição pela Pommelo Distribuições e distribuição digital pelo Laboratório Fantasma.  

O disco une a riqueza dos ritmos brasileiros à sonoridade universal. Num mesmo álbum, samba, forró, frevo, toada e reggae se misturam, dando vida a este novo trabalho. Nenuma novidade extrema nisso, mas Chico faz questão de ressaltar algumas diferenças.

“Do ponto de vista da sonoridade, destaco a presença da guitarra elétrica - que toco em todas as faixas, com exceção de ‘Miaêro’, em que toco meu violão. Sempre gostei de não estar preso a ritmos, para mim eles existem para levar as canções”, observa.

O CD reúne 13 músicas inéditas e uma regravação, que se traduzem em letras que tratam o amor com amor e como instrumento de transformação e denúncia social. “É sim o meu estado, um estado pleno de viver poético radical”, afirma Chico.

Maria Bethania já havia gravado a música “Estado de Poesia”, em 2012, reforçando uma parceria que se constrói há décadas. “Bethânia grava músicas minhas desde a década de 90 e temos construído, para além da parceria compositor-intérprete, uma linda amizade em que o ingrediente principal é a verdade dita com doçura, mas firmeza”, diz Chico. 

Ele conta que quando compôs a música que dá nome ao novo CD, há cerca de 4 anos, ou mais, não hesitou em mandar para ela e foi inclusive a partir disso que o cantor diz ter percebido que tinha um novo disco pra ser gravado. 

“Mandei várias versões em tons diferentes, gravações caseiras diferentes. Mas ela já tinha se apoderado da música desde a primeira versão. Mais recentemente, quando ia começar a recolher canções para seu disco ‘Meus Quintais’, eu mostrei muitas músicas pra ela. E ela acabou gravando duas: "O Arco da Velha Índia" e `Xavante`. Ao mostrar aquele punhado de canções pra Bethânia percebi que tinha material para um disco meu e que a poesia seria meu guia”, confessa.

O Festival do Teatro Brasileiro chegou ao Pará trazendo a cena paraibana, ou seja, encera-lo agora com Chico Cesar é mais que realçar as raízes daquela cultura que está tão impregnada também na obra de Chico.

“Para mim é uma honra encerrar este momento do Festival Brasileiro de Teatro que tematiza a Paraíba. Sinto-me muito feliz em ver circulando a produção cultural paraibana pois os primeiros contatos e as primeiras tratativas para que isso acontecesse se deram ainda quando eu era secretário de cultura, no finalzinho de minha gestão. E hoje sinto-me livre para me juntar aos meus na condição privilegiada de artista”, diz ele.

O músico ficará em Belém pouco tempo. Chega agora à tarde, toca à noite, parte de madrugada. A circulação de "Estado de Poesia" está em pleno andamento, e quando pergunto se ele tem novos planos, a resposta é rápida. “Nada planejado além da turnê do novo disco. Para mim é bastante e apenas necessário focar no trabalho de levar ‘Estado de Poesia’ ao país inteiro. Sem ansiedades”, conclui.

Nenhum comentário: