Carajás |
“Acho que as pessoas não estão conscientes do quão grande são esses movimentos de mineração, de como eles são destruidores. Eles destroem a vida, para produzir coisas mortas”, avalia a artista e educadora paulista Beá Meira, uma das participantes da mostra com uma série de gravuras que registram plantas de seis grandes minas em operação na região amazônica.
Ao mesmo tempo, a exposição aborda como as mulheres permanecem sofrendo mais nessa sociedade exploratória. “A gente consegue fazer um paralelo muito claro entre o corpo da montanha, o corpo do território, que é explorado pela mineração, e também o corpo da mulher. Ambos sofrendo por uma lógica de objetificação, de mercantilização da vida. E nesse sentido, para a gente pensar em futuros possíveis, para a gente cocriar outras narrativas”, explica Isadora Canela, uma das artistas e também curadora da mostra.
Além de Isadora e Beá, também integram a mostra, as artistas Julia Pontés, Shirley Krenak, Luana Vitra, Isis Medeiros, Mari de Sá, Lis Haddad, Silvia Noronha e, do Pará, as artistas Murapijawa Assurini, do Coletivo Kujỹ Ete Marytykwa'awa, e Keyla Sobral.
Cristina Serra participa de Debate ambiental
Obra de Julia Pontés |
Temas como "Greenwashing" - expressão usada para designar a “maquiagem verde” feita por empresas e marcas para dar à opinião pública uma falsa ideia de que há sustentabilidade em seus negócios – e mudanças e impactos nos territórios causados por grandes projetos de exploração minerária estão na pauta da programação de abertura do evento, que terá convidados como a jornalista Cristina Serra e também as artistas Beá Meira, Isis Medeiros, Lis Haddad e Mari de Sá.
A exposição é uma realização do Instituto Camila e Luiz Taliberti, ONG voltada para ações educativas e culturais sobre sustentabilidade ambiental, criada para homenagear os irmãos Camila e Luiz, vítimas do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em 2019.
“É importante fazer as pessoas perceberem o mundo em que nós estamos vivendo, como a mineração age junto às comunidades. Isso precisa ser dito, as pessoas precisam ter essa consciência. É preciso falar. O Instituto foi criado para ser voz, nossa e de quem mais precisar falar”, diz a presidente do Instituto, Helena Taliberti, que é mãe de Camila e Luiz.
Em Belém, o evento tem a parceria da Associação FotoAtiva, Kujỹ Ete Marytykwa'awa – Coletivo de Mulheres da Família Marytykwa'awa, Instituto Janeraka, Constelar Ancestral – Rede Cocriativa entre Povos da Floresta, Herbário da UFPA, e apoios da Apiência Ambiental, Instituto Cordilheira, Observatório da Mineração e Conectas Direitos Humanos.
VISITE
Paisagens Mineradas: Marcas no Corpo-Território
Abertura: 5 de setembro de 2024, às 18h.
Visitação: Até 5 de outubro de 2024, de terça a sexta-feira, das 14h às 17h, e sábado, de 9h às 13h.
Onde: Associação FotoAtiva (Praça das Mercês, 19, Bairro da Campina – Belém/PA)
Programação de Abertura
Quinta-feira, 5 de setembro:
- 18h: Presença das artistas Beá Meira, Isis Medeiros, Lis Haddad e Mari de Sá para visitação.
- 18h30: Performance "Evocação ao Rio" com Lis Haddad.
- 20h: Roda de saberes e práticas - Itakui Re'e Urujumugyta.
Sexta-feira, 6 de setembro:
- 18h: Presença das artistas para visitação.
- 18h30: Performance "Evocação ao Rio" com Lis Haddad.
- 19h15: Exibição do curta-metragem "Solastalgia" de Lucas Bambozzi.
- 19h30: Roda de conversa "A propaganda na era do Greenwashing" com Carla Romano, Isis Medeiros e Renée Chalu. Mediação de Marina Kilikian.
Sábado, 7 de setembro:
- 11h: Aula aberta - "Ure Petywu Ape I'lka'a - Vozes e perspectivas da floresta".
- 14h: Roda de conversa "Arte e luto: somos sementes" com Time'i Awaete, Mari de Sá, e Beá Meira. Mediação de Lis Haddad.
- 16h: Exibição do filme "Na fronteira do fim do mundo - mineração no sudeste do Pará".
- 17h: Roda de conversa "Local e global: os impactos da mineração no Pará" com Ismael Machado, Mário Santos, e Rosane Steinbrenner. Mediação de Cristina Serra.
Ingressos: Gratuitos
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