27.6.10

Esopo entra na cena amazônica com a magia das marionetes

Trabalhar com o teatro de marionetes não é algo simples, exige muito treino do manipulador para lidar com esta arte milenar, de manipular bonecos à distância, sem contato direto, através de fios.

Para se ter idéia da complexidade, uma marionete pode chegar a ter nove fios. É preciso ligá-los em cada perna, mão, ombro, orelha e na base da coluna, para fazer o boneco se inclinar. Guiado por fios invisíveis, os personagens ganham vida própria em cena.

Dito isso, compreende-se porquê o grupo de teatro de bonecos Bric Brac levou cinco anos de pesquisa e ensaios com o espetáculo “Contos da Floresta”, que acaba de estrear, neste sábado, 27, no IAP.

O grupo traz à cena da produção teatral de Belém, toda a magia das marionetes, inspirada na obra fabulosa de Esopo. E é o próprio autor grego quem conta ao público suas histórias. Numa caricatura de um velhinho simpático, voz mansa, com o cajado em punho, toga e sandálias gregas, ele está no palco com mais nove marionetes.

Mas não pensem que as três histórias contadas na adaptação do grupo se passam na Grécia. Um aventureiro, Esopo vem para a Amazônia, e em 40 minutos ele conta suas aventuras por aqui em três atos: “O bode invejoso”, “A cigarra e a formiga” e “O couro de onça”.

Marionetes e cenário feito de isopor e papel marche, os elementos da cultura amazônica estão marcadamente na encenação da trupe. Sai o leão e entra a onça-pintada; a raposa é substituída pela mucura; onde tem mogno, entra a castanheira.

Esopo é uma espécie de mestre de cerimônias, que introduz o público às historias encenadas por Zé Caroço, Chico Capeta, Dr. Estica Osso e Anjo, na montagem que traz ainda personagens clássicos como Cigarra, Formiga, Bode e Burro – que, como em toda fábula, possuem características humanas e, inseridas num fundo didático e lição de moral no fim das histórias.

O objetivo do grupo, de acordo com o diretor do espetáculo Francisco Leão, é incentivar um resgate do gênero que originou o conto, a partir de um enredo simples, bem humorado e com um toque de ironia, além de fazer uma justa homenagem ao autor grego que influenciou La Fontaine, Fedro e outras dezenas de milhares de contistas modernos.

O projeto “Contos da Floresta” foi aprovado pelos editais da Funarte e da Secult. Tem direção e adaptação de Francisco Leão, produção de Tati Brito e coordenação de Vanessa Teixeira, que integra o elenco ao lado de Gisele Guedes, John Rentes e Marcelo Andrade.

Serviço
“Contos da Floresta”, do grupo Bric Brac. Nos dias 02, 03 e 04 de julho, às 20h, no IAP – ao lado da Basílica de Nazaré. A entrada é um livro que será doado ao Projeto Cantinho São Rafael, em Marituba.

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