" Um filme "menor" de Alfred Hitchcock nunca é desinteressante. "A Tortura do Silêncio" (Inconfess) mostra uma curiosa variação do tema predileto do diretor, o homem acusado de crime que não cometeu" (Rubens Ewald Filho). Em cartaz na sessão desta segunda-feira, 20, às 19h, no Cineclube Alexandrino Moreira, no IAP. Entrada franca.
Em A Tortura do Silêncio, obra-prima de Alfred Hitchcock, o
padre Michael Logan (Montgomery Clift), aparentemente um modelo da piedade
religiosa, ouve a confissão de um assassino. Testemunhar o ocorrido a partir do
ponto de vista do matador e as normas da igreja impedem Logan de falar - mesmo
que seja em sua própria defesa - quando evidências circunstanciais apontam o
padre como o principal suspeito!
Anne Baxter e Karl Malden - dois ganhadores de Oscar® - co-estrelam o filme nos papéis de uma antiga paixão de Logan e do inspetor de polícia que parece ajudá-lo, apenas para tentar prendê-lo. Filmado em locações no Quebec, A Tortura do Silêncio conduz o espectador para um clímax inesquecível. E numa verdadeira tradição hitchcockiana, todos confessarão ter visto tudo, do começo ao fim.
Crítica de Rubens Ewald Filho - Os elementos religiosos e a notável atuação de Montgomery Clift dão novas nuances ao tema, assim como a fotografia sombria. O próprio Hitchcock assumia que o resultado final havia ficado excessivamente pesado e controverso, mas o filme preservou sua atualidade e ainda é intrigante.
Hitchcock nunca gostou muito do filme que rodou no Canadá, não se deu bem nem com a estrela que lhe foi imposta, Anne Baxter (ele queria a sueca bergmaniana Anita Bjork), muito menos com Clift.
Também teve problemas com a censura, que não permitiu que ele desenvolvesse o romance do padre com a moça.
Na verdade, tocar no assunto do segredo da confissão naquela época, em que a Igreja Católica mantinha a Legião de Decência e tinha força na indústria do cinema, foi uma ousadia.
Hitchcock faz sua pontinha habitual no fim dos créditos, cruzando o alto de uma escada. Feito em locações, o que também que era raro na época, marcando muito a indústria canadense.
Na edição em DVD, há ainda como extras o making of "Confissão de Hitchcock": Revendo a Tortura do Silêncio e imagens da pré-estréia canadense do filme. Faz parte da caixa "Coleção Alfred Hitchcock".
(crítica de Rubens Ewald Filho).
Nenhum comentário:
Postar um comentário