"O Mão de Vaca",
dos Palhaços Trovadores, volta à cena para deleite do púbico que
já viu, e como nova oportunidade para quem ainda não deu as boas
gargalhadas proporcionadas pelo espetáculo, livre adaptação do
clássico francês “O Avarento”, de Molière. É nesta quinta, 23, às 20h,
no Anfiteatro da Praça da República, às 20h.
A apresentação faz parte da
programação de defesa da Tese de Doutorado do diretor do grupo, Marton
Maués.
Intitulada "Criação Pública - o desvelar da poética dos palhaços
trovadores na montagem de O Mão de Vaca", a tese de Marton Maués, que
atualmente é também professor da Escola de Teatro e Dança da UFPA, com
doutorado cursado na Universidade Federal da Bahia, vai ser defendida no
dia seguinte, 16h00, no auditório da ETDUFPA, sob a orientação do prof.
Dr. João de Jesus Paes Loureiro.
A
montagem, utilizada em sua pesquisa, buscou desvelar a poética criada
pelo grupo, que atua na cidade há mais de 14 anos. “A peça é meu
experimento no Doutorado. Na pesquisa, digo que os Trovadores, nestes
quase 15 anos de atuação, já têm um poética definida, isto é, um modo
próprio de fazer teatro com palhaços”, conta o ator e também diretor.
Esta é a segunda montagem dos Palhaços Trovadores que utiliza um texto
de Molière.
Em
2006, o grupo montou “O Hipocondríaco”, adaptado da obra “O Doente
Imaginário”, do autor francês. As propostas se assemelham. Na atual
montagem, a encenação também utiliza como ideia central, a chegada de
uma trupe de palhaços de um circo decadente com a incumbência de
apresentar uma peça de Molière.
Sem muitos recursos, se utiliza o pouco
que se tem para a montagem da peça: bancos velhos, roupas gastas,
instrumentos avariados. Em
‘O Mão de Vaca”, Marton trabalha com a hipótese de que o público já
percebe a poética própria do grupo ou seja, já reconhece elementos
utilizado pelo grupo de espetáculo para o espetáculo.
Para comprovar
isso, o diretor montou esta adaptação de “O Avarento”, de Molière, com
três meses de ensaios abertos na Praça da República.
O público pôde então acompanhar e participar da criação, dentro de um
processo colaborativo, em que os integrantes do grupo também tomaram
parte de cada detalhe do projeto.
“Descrevo
na tese o que eu chamo de poética da recorrência, um modo próprio com
que os Trovadores foram elaborando o seu fazer teatro com palhaços,
utilizando-se principalmente de elementos do folguedos populares. O
público participou da montagem, que foi toda realizada de forma aberta,
com os ensaios acontecendo no Anfiteatro da Praça da República”, vai nos
contando Marton.
Assim,
segundo ele, o grupo todo pôde conversar com as pessoas e também contar
com a participação delas, através de um blog, criado especialmente para
o processo. “Fiz também algumas entrevistas e assim pude aferir que o
público, em certo grau, identifica sim os elementos que utilizamos nas
nossas criações”, revela.
O
espetáculo passou por várias fases. Houve o momento do mergulho na
obra, da construção das personagens, quando os integrantes também
revelam seus clowns únicos. Um processo demorado e prazeroso, com
resultados já apresentados em temporadas, sempre no anfiteatro da
República e de forma coletiva.
“Cada
palhaço é um palhaço, mas somos um coletivo. Esse processo, de
colaboração entre o grupo, também é discutido e mostrado na tese. É
trabalhando assim, mesmo com cada um guardando sua individualidade, que
construímos nossa poética, nossa maneira própria de criar enquanto
grupo, enquanto Palhaços Trovadores”, reforça.
Embora
reconheça que cada grupo é um grupo e tem uma história que merece ser
compartilhada pelos demais, Marton aposta nesta forma particular de
trabalho dentro do Palhaços Trovadores. “Acredito que montar Molière com
palhaços é coisa inédita sim, e não só no Brasil”, afirma.
A
defesa da tese de Marton, que inicia com a apresentação do espetáculo,
no Anfiteatro da Praça da República (quinta, 23, às 20h), será
completada no dia seguinte, sexta-feira, 24, quando ele apresentará o
trabalho escrito para a banca, que já assistiu o espetáculo, no
auditório da ETDUFPA, ás 16h00.
Tanto
a apresentação, quanto a defesa da tese são públicas, abertas a quem
quiser assistir.
A banca é constituída pelo Prof. Dr. João de Jesus Paes Loureiro (Ufpa),
meu orientador, e pelos professores doutores Daniel Marques da Silva
(Ufba), Eliene Benício (Ufba), Marisa Mokarzel (UNAMA) e Luizan Pinheiro
(Ufpa).
Os
Palhaços Trovadores são pioneiros no trabalho com o palhaço em Belém e
mantém uma regularidade no trabalho e possuem uma sede sempre com
atividades. “Queria muito que o público comparecesse à apresentação,
sobretudo pessoas que acompanharam o processo. Tenho certeza que irão se
divertir. E é isso que importa”, finaliza Marton.
Serviço
"O Mão de Vaca", dos Palhaços Trovadores.
Nesta
quinta-feira, às 20h, no Anfiteatro da Praça da República, às 20h. Na
sexta-feira, 24, às 16h, Marton Maués faz uma defesa pública de sua tese
"Criação Pública - o desvelar da poética dos palhaços trovadores na
montagem de O Mão de Vaca", no auditório da Escola de Teatro e Dança da
UFPA (Don Romualdo de SEixas com Jerônimo Pimentel), sob a orientação
do prof. Dr. João de Jesus Paes Loureiro.
Um comentário:
Que bacana, muito bom ver uma prática teatral ser enfrentada em um trabalho acadêmico. Parabéns ao Marton Maués e ao João de Jesus Paes Loureiro. Bjs prá ti querida, continue firme na divulgação da pauta cultural paraense: precisamos muito!
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