Pipira do Trombone, por Bruno Perllerin |
O semestre vai tomando forma, ganhando cor e intensificando em sonoridades a Black Sou Samba. Depois dos ritmos amazônicos de Nazaré Pereira e do show lado B de Rande Frank, em tributo aos 70 anos de Caetano Veloso, chegou a vez da Cidade Velha ferver mais uma vez, nesta sexta, 24, com o show apimentado de Pipira do Trombone e Power Trio. A cantora e instrumentista Iva Rothe e o guitarrista Jonas, da banda Soatá (DF), participam da festa. A partir das 21h, no Bar Palafita.
Ele, que nasceu Pedro Paulo dos Santos Souza, podia ser apenas um policial militar, talentoso na música e atuante na banda da corporação, mas não. De atitude inquieta, ele sempre vagou entre músicos e tocadas inesquecíveis entre amigos. Não podia dar em outra.
“É um trabalho que sempre fiz, mesmo quando estava fora deste
mercado. Eu tocava só, até entrar para o Metaleiras. Foi assim que
souberam de mim em São Paulo, no Itaú Cultural”, diz ele referindo-se ao
projeto Cartografia Musical Brasileira, do Itaú Cultural, para o qual
foi convidado nos anos 2000.
Pipira do Trombone, como é chamado no meio artístico, antes disso tudo, foi parar entre dois outros gênios da música instrumental de raiz, Manezinho do Sax, que tem participado de várias bandas, desde meados dos anos 70, gravando quatro discos pela Continental no final dos anos 80 e Pantojá, saxofonista de Igarapé-Miri, com seis LPs e três CDs gravados e que por mais de duas décadas acompanhou a banda do rei do carimbó Pinduca.
Os três, juntos, são imbatíveis. “Eu tocava só, até entrar para o Metaleiras. Foi assim que
souberam de mim em São Paulo, no Itaú Cultural”, diz ele referindo-se ao
projeto Cartografia Musical Brasileira, do Itaú Cultural, para o qual
foi convidado nos anos 2000.
No Terruá Pará, com Almirzinho e Toni Soares |
Intenso sempre, Pipira tem paixão pela música e uma poderosa
identidade musical amazônica. Foi também um dos convidados do Terruá Pará a
brilhar no Theatro da Paz, no mês de julho, fazendo a festa desde os
bastidores, no camarim, onde foi elencado a outros mestres, como Laurentino, Mestre Vieira, D. Onete e Curica. Tocou com Almirzinho Gabriel e Toni Soares, dando sabor a mais e aquele chamado "auxilio luxuoso" à música Clarão da Lua, antes de voltar à cena com seus parceiros maiores.
Compositor de músicas populares, Pipira do Trombone, mais recentemente, vem se dedicando a sua carreira solo, em mais do que boa hora, ainda que continue dentro do genial Metaleiras da Amazônia. Mas tocar e compor só, para ele, nunca foi uma novidade.
Pelo telefone, ele me conta que o CD está a caminho, mas ainda falta patrocínio.
“Faltam quatro músicas pra completar as 12 que queremos colocar. Toco minhas músicas. Há cúmbia, lambada, que eu adoro tocar, mas também tem xaxado, carimbo e surf music”, revela ele afirmando que nada disso faltará nesta sexta-feira, no Palafita.
E nem será a sua primeira vez na Black Soul Samba.
Além de já ter feito a alegria do público com o Metaleiras do Pará, ano passado, ele também já foi convidado do Tributo a Jorge Bem, realizado em abril deste ano. É um veterano, podemos dizer. Cúmbia, lambada e carimbó são meus fortes. Mas eu também gosto de tocar chorinho como já fiz várias vezes no Bar do Gilson. Eu toco onde me chamam. Mas é tudo bem caliente, como será este show da Black Soul Samba. Tudo bem tropical”, reforça.
Vão acompanhar Pipira três músicos não menos experientes. Além de Arthur Kunz (bateria) tem ainda MG Calibre (baixo) e Leo Chermont ( guitarra), que já integram junto com ele, o Metaleiras da Amazônia.
“Vai ser um show bem eclético. Vamos tocar as músicas do Pipira, como Mambo do Pedro, Lamento do Trombone, Paramambo, Passeei no Ver o Peso, entre outras e teremos uma participação especial da cantora e instrumentista Iva Rothe. Teremos também muito merengue e drums, além de tudo”, explica Mg Calibre, que também assina a direção musical do show.
Jonas Santos |
Soatá – Outra participação interessante na noite será do guitarrista Jonas Santos, da banda Soatá, que trabalha com temas que envolvem as tradições populares amazônicas desenham a atmosfera dos timbres e os rumos da poesia.
“Estou em Belém esta semana tratando de um projeto de documentário da banda Soatá, que quer mostrar o circuito de bandas daqui. Vamos filmar a Black Soul Samba desta sexta-feira, inclusive”, dia entusiasmado, em meio a um ensaio.
Jonas é de Belém, mas mora há 15 anos em Brasília. Nos anos 1990 estava aqui,tocando na noite, na época da Epadu, banda da qual fez parte antes. O som da Banda Soatá situa-se nas resistências dos povos amazônicos e se contextualiza nos elementos das quentes manifestações do carimbó, do lundu, do retumbão, do siriá, do marabaixo, fundidos aos ritmos da diáspora africana nas Américas: o funk, o reggae, o hip hop e o rock.
“Estou com muita vontade de tocar e vamos registrar tudo. Isso é o documentário que estamos fazendo. Queremos mostrar esta diversidade da música paraense, inclusive na noite de Belém”, explica Jonas, que vai tocar "Put faith" (Bote Fé) no show de Pipíra do Trombone nesta sexta.
E a noitada tem ainda, abrindo e fechando a festa, os DJs da Black Soul Samba, que não vão deixar ninguém parado. Fernando Wanzeler, Uirá Seidl, Eddie Pereira, Kauê Almeida, Homero da Cuíca vão garantir os melhores sets latinos do mundo. Não, eu não perderia se fosse você.
Serviço
Pipira do Trombone e Power Trio na Black Soul Samba. Nesta, 24 de agosto, a partir das 21h. no bar Palafita – Rua Siqueira Mendes, ao lado do Píer das 11 Janelas, na Cidade Velha. Ingresso: R$10,00 – com meia-entrada para estudantes (em respeito à lei nacional da meia-entrada). Informações: (91) 8134.7719 e (91) 8413 0861 / blacksoulsamba@yahoo.com.br.
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