Londres. Agosto de 1899, mais exatamente dia 13. É quando e onde nasce o maior dos cineastas a explorar o gênero do suspense. Em sua homenagem a Associação de Críticos de Cinema do Pará, vem exibindo clássicos de sua carreira. Nesta terça, 28, encerrando o ciclo, a ACCPA volta a exibir, como fez no ano passado no Cine Olympia, uma das primeiras incursões no gênero que o transformou em ícone. "Assassinato" é de 1930. A sessão será no Cineclube Pedro Veriano, na Casa da Linguagem, às 18h, com entrada franca.
A programação de homenagem iniciou na Sessão Cult
do Cine Líbero Luxardo e com a obra “Suspeita”, e se estendeu pelo cineclube
Alexandrino Moreira do IAP – onde foi exibido “A Tortura do Silêncio". A ACCPA presta reverência a
Hitchcock, não apenas por sua genialidade, mas pela habilidade em tornar
o cinema aprazível para uma gama maior do público, sem ofender a
inteligência jamais.
Ele, que completaria 113 anos de idade este mês, permanece mais vivo do
que nunca. Referência constante para os cineastas atuais que se
aventuram não apenas no gênero do suspense, Hitchcock recentemente teve o
seu "Um Corpo que Cai" alçado ao primeiro posto da lista de melhores
filmes de todos os tempos produzida pela revista britância Sight and
Sound.
Com vários sucessos e alguns fracassos, ele havia decidido trabalhar com obras de suspense, após ter tido boas experiências com “O Inquilino” e “Chantagem e Confissão” e provado, aos 30 anos, que sabia contar uma história, migrando sem problemas do cinema mudo para o falado.
O gênero, apesar de já gerar inúmeros filmes naquela época, ainda não possuía suas especificidades ou características delimitadas e Hitch vai ser um dos grandes responsáveis a moldá-lo e torna-lo o que é hoje.
“Assassinato!” tem Norah Baring como Diana, uma atriz teatral acusada de assassinar a colega de trabalho com um atiçador de fogo. Catatônica, ela é encontrada ao lado do corpo carbonizado da vítima.
O público conhece a história durante a explanação do júri, composto por algumas figuras que trabalharam com as duas, caso de Sir John Menier (Herbert Marshall), que acredita na inocência de Diana e tenta convencer os outros jurados, mesmo não tendo um argumento plausível para justificar sua posição.
O filme tem uma estrutura interessante, que se desenvolve em parte como um drama de tribunal, mas que logo pende para o suspense, já que desde o princípio Hitchcock utiliza a famosa ferramenta do “quem é o culpado”, apontando prováveis falhas no inquérito, outros suspeitos que não Diana, através de uma investigação meio enfadonha.
Mas há um quesito marcante, que depois o cinema exploraria à exaustão e que Hitchcock pode ter pego emprestado da literatura, que é o ‘tempo psicológico’.
Seja de Sir John, de Diana ou de outros personagens – com um travesti acrobata que terá uma importância destacada na trama -, conseguimos ouvir o que eles pensam, até como uma forma de, no meio de tanta teatralização da narrativa, poupar o público de diálogos inúteis para a trama – mesmo utilizando um recurso teatral.
Com um quê de ‘Hamlet’, é feita uma leitura de uma suposta nova peça, que se passa numa ambiência semelhante à do crime, para tentar revelar o assassino.
Apesar dos esforços de Sir John e dos olhinhos inocentes de Diana, a motivação possível que ela poderia ter tido para eliminar a rival – ciúmes – se fortalece e acaba levando-a a condenação. A partir disso, ele busca testemunhas ou provas que possam salvar a moça da morte.
Serviço
Sessão ACCPA/Cineclube Casa da Linguagem apresenta “Assassinato”, de Alfred Hitchcock. Nesta terça, 28 de agosto, às 18h na Casa da Linguagem - Fundação Curro Velho. Endereço: Avenida Nazaré, 31 – esquina com a Travessa Assis de Vasconcelos. Entrada Franca. Após a exibição, debate entre os críticos da ACCPA e o público.
(Holofote Virtual com informações da ACCPA)
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