Depois da abertura, no dia 09 de agosto, a exposição “Mulheres Líquidas” realiza um debate nesta quinta, 16, às 18h, e segue aberta até dia 6 de setembro, na Galeria Theodoro Braga.
Um debate, bate papo, um espaço aberto à troca de ideias, conceitos e opiniões sobre o feminino na arte.
A ideia é que cada artista fale sobre seu processo criativo individual, para cruzar com a fala do acontecimento da junção de coletividade, sobretudo da pluralidade destas cabeças que compõem o grupo. Várias pessoas foram convidadas para o debate, que tem parceria com a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.
“Neste debate pretendemos abrir a questão, já tão polêmica suscitada por esta nossa liquidez. Pretendemos debater assim, arte e direitos humanos. O conceito do Mulheres Líquidas tem foco na produção feminina na arte”, explica Isabela do Lago.
De Isabela do Lago |
"Na exposição, encontramos trabalhos com pontos de vistas diferentes, mas que formam um contexto.
Pretendo relacionar as obras e explicar um pouco do processo de curadoria coletiva, um ponto muito discutido por nós, além de colocar em questão pontos como a vivência que cada uma possui com a sua própria obra, além de incentivar o diálogo entre questões como produção e recepção do público”, arremata Cinthya Marques.
Isabela conta que se envolveu com esta ideia há três anos, quando ela fazia um trabalho do coletivo “Resistência Marajoara”, em Soure, Marajó e conheceu a narrativa da Sucuriju, uma princesa que “ajuremou-se” e encantada transformou-se numa cobra gigantesca.
“Hoje, esta entidade paira nos cultos da encantaria sagrada e trabalha na linha de cura. Desde então, compreendi que a dinâmica das nossas raízes culturais estão repletas de água, e de toda a simbologia que todo este aguaceiro amazônico carrega. Descobri também, que nossas princesas não têm absolutamente nada haver com o modelo pueril de princesinha encantada dos contos europeus, que se mantém linda e passiva à espera do príncipe encantado, e mesmo assim, isso ainda reside nas consciências, nas atitudes de muitas meninas”, explica Do Lago.
De Renata Aguiar |
Falar dos problemas sociais que as mulheres precisam superar, cujo pensamento precisa ser superado é um dos focos das artistas que compõem a mostra. Além de Cinthya Marques e Isabela do Lago, Renata Aguiar, Flávia Souza, Glauce Santos, Elieni Tenório e Lúcia Gomes.
"Todas já sabemos, mas o que fazemos para dar a volta nisso tudo? Decidi ir em busca de muitos outros questionamentos e descobri, que no caos da vida urbana de Belém, no distanciamento da natureza e das raízes cultuais de seu povo existem mulheres artistas que não se submetem a determinados comandos comportamentais e que reagem fazendo arte de qualidade e com um ímpeto de autonomia que merece ser observado com mais atenção”, continua Isabela.
Para ela isso tudo merece ser absorvido enquanto poesia líquida.
“No sentido da não vulnerabilidade de quem se molda a padrões da cultura artificial de consumo da atual modernidade (tal qual as mulheres marajoaras que carregam sua cultura ancestral mesmo depois de séculos e séculos de repressão por parte da colonização branca), assim, fui em busca desta princesas encantadas que transforma-se em criaturas horrendas para defender a vida, aqui estamos e não somos lenda”, conclui.
Já Cinthya Marques dá seu olhar sobre a produção feminina na arte. “Antes de tudo, acredito na produção feminina, independente de militância, paradigmas, acredito que a questão é bem maior. Essa é uma prerrogativa importante pra começar a refletir sobre a produção artística feminina, acreditar, porque somos tão desacreditadas, né? Dentro da exposição eu percebo a produção feminina como um grito. Fora dela como um desafio. Do ponto de vista pessoal vejo como parte de um processo”, defende Marques.
Depois do debate ainda haverá uma ultima atividade, com um laboratório de e Laboratório de Apreciação Criativa, no dia 23, às 16h. A Galeria Theodoro Braga também faz um convite às escolas da rede pública e particular que queiram conferir a exposição, por meio do agendamento para visitas monitoradas. A ação é um meio de impulsionar atividades relacionadas à educação e potencializar a relação “Artista x Público”, além de ampliar a divulgação da produção artística paraense, tanto de artistas novos como consagrados.
Serviço
Mulheres Líquidas. Debate no dia 16 com as artistas e convidados, a partir das 18h. A exposição segue aberta até dia 6 de setembro - Galeria Theodoro Braga, do Centur – Gentil Bittencourt n. 650. Mais informações: 91 8840.6879/ 8310.4838 (produção) ou 3202.4313 (galeria).
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