As conversas entre elas começaram ainda no mês de maio, pois a previsão de lançamento do projeto “Mulheres Líquidas”, na Galeria Theodoro Braga, era pra julho, mas precisou ser adiado. Troca de ideias de forma presencial ou via grupo no Facebook agilizaram o processo. Fazer um trabalho coletivo não é tão simples quanto parece, mas o fato é que deu certo. Desde segunda-feira, a equipe se dedicou à montagem da mostra que traz fotografia, pintura, desenho. Nesta quinta-feira, 09, finalmente o resultado poderá ser visto pelo público, a partir das 19h.
O nome da exposição pode nos enganar. “Mulheres Líquidas”. É que não se quer tratar somente de delicadeza feminina ou da inconsistência da água, embora tais qualidades estejam presentes nas obras das sete artistas que compõe a mostra.
Isabela do Lago, Renata Aguiar, Cinthya Marques, Flávia Souza, Elieni Tenório, Glauce Santos e Lúcia Gomes mostram obras produzidas em seus ateliers, à exceção de Lúcia, que propõe ações de rua, e que são fotografadas por outras pessoas e estarão na galeria também. Tudo junto forma um conjunto variado de criações, onde se eleva o olhar do público sobre olhar de mulheres de idades, profissões e posicionamentos sociais diversos.
O grupo feminino tomou a iniciativa de expor, mas também de propor discussões sobre o feminino na arte na Amazônia, talvez nem sempre de forma tão específica, e por isso, além das obras que poderão ser vistas até 6 de setembro, com visitações de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30, uma programação se abre ao debate, no dia 16, a partir das 18h, e no dia 23, com a realização de um laboratório apreciação criativa, a partir das 16h.
Obra de Cinthya Marques |
Atuantes e de pensamentos que abordam questões, a partir da ação feminina na arte amazônica, elas são sagazes, feitas de sangue, carne, osso e sim, muita sensibilidade. É tudo inerente.
O título “Mulheres Líquidas” trata da liquidez feminina como simbologia quase mística, aproxima o pensamento urbano à natureza, trazendo como mote maior a possibilidade de transformação, diluição, morte e a regeneração de conceitos, atitudes e possibilidades inerentes aos ciclos criativos.
Flávia Souza traz sua experiência de mãe e fotógrafa. É seu olhar belo sobre a odisseia de seu filho, Ulisses, contando essa história através de imagens, sendo mãe e filha ao mesmo tempo. A força do protesto contra a violenta construção da usina hidrelétrica de Belo Monte está no trabalho de Lúcia Gomes, fotografado e nesta oportunidade exposto de forma também coletiva.
Já o trabalho de Elieni Tenório chega diferente estão presentes as cores maduras e vivas, representando as formas femininas de submissão. “Razões do Corpo” é um painel composto de cinco telas juntas, produzidas na bolsa de pesquisa do IAP em 2008, na categoria de desenho sobre tela.
Glauce Santos nos leva à contracosta do arquipélago Marajoara e retrata essa longa viagem de barco em fabulosas xilogravuras.
"Razões do Corpo", tela de Elieni Tenório |
Portas se abrem nas obras de Isabela do Lago, para sermos recebidos por sacerdotisas da sabedoria tradicional popular, encontradas na encantaria da cabocla paraoara.
Mulheres, artistas e fotógrafas, elas estão enunciando por meio da arte, a sua absoluta fluidez e incorporando numa mostra coletiva, questionamentos emoldurados às posturas opressivas impostas ao feminino pela sociedade. São diversas águas, sem a pretensão de inovar, mas assumindo a mudança de uma forma sólida para uma forma líquida.
A mesa redonda que será realizada no dia 16, às 18h, dará oportunidade ao público, de fazer perguntas às participantes, que falarão sobre suas obras, desde o processo criativo até a concepção final da obra. O Laboratório de apreciação criativa, no dia 23 de agosto, com início às 16h, renovará a possibilidade do encontro anterior e aprofundará a discussão com estas mulheres e suas criações.
Visitas escolares - A Galeria Theodoro Braga também faz um convite às escolas da rede pública e particular que queiram conferir a exposição, por meio do agendamento para visitas monitoradas. A ação é um meio de impulsionar atividades relacionadas à educação e potencializar a relação “Artista x Público”, além de ampliar a divulgação da produção artística paraense, tanto de artistas novos como consagrados.
Da série: Odisséia, de Flávia Souza |
Ficha Técnica - Curadoria, idealização, pesquisas e textos: Cinthya Marques, Flávia Souza, Glauce Santos, Isabela do Lago, Renata Aguiar. Produção Cultural e Executiva: Isabela do Lago. Projeto Gráfico: Isabela do Lago e Eliane Moura.
Montagem: apoio de João Paulo do Amaral. Comunicação: Luciana Medeiros (Holofote Virtual) + Ascom (FCPTN). Iluminação: João Paulo do Amaral. Manutenção e Pintura da sala de exposição da Gerência de Apoio Operacional – GAO: Rosa Oliveira. Participantes das Mesas Redondas: SDDH + Sissa Aneleh.
Serviço
Mulheres Líquidas. Exposição e Curadoria Coletiva. Abertura no dia 09 de agosto, na Galeria Theodoro Braga, do Centur, às 19h – Gentil Bittencourt n. 650. A programação segue até o final do mês, trazendo mesa de debate no dia 16, às 18h, e Laboratório de Apreciação Coletiva, no dia 23, às 16h. Realização Governo do Estado do Pará. Mais informações: 91 8840.6879/ 8310.4838 (produção) ou 3202.4313 (galeria).
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