9.8.12

Mulheres Líquidas traz recorte do feminino na arte

As conversas entre elas começaram ainda no mês de maio, pois a previsão de lançamento do projeto “Mulheres Líquidas”, na Galeria Theodoro Braga, era pra julho, mas precisou ser adiado. Troca de ideias de forma presencial ou via grupo no Facebook agilizaram o processo. Fazer um trabalho coletivo não é tão simples quanto parece, mas o fato é que deu certo. Desde segunda-feira, a equipe se dedicou à montagem da mostra que traz fotografia, pintura, desenho. Nesta quinta-feira, 09, finalmente o resultado poderá ser visto pelo público, a partir das 19h. 

O nome da exposição pode nos enganar. “Mulheres Líquidas”. É que não se quer tratar somente de delicadeza feminina ou da inconsistência da água, embora tais qualidades estejam presentes nas obras das sete artistas que compõe a mostra. 

Isabela do Lago, Renata Aguiar, Cinthya Marques, Flávia Souza, Elieni Tenório, Glauce Santos e Lúcia Gomes mostram obras produzidas em seus ateliers, à exceção de Lúcia, que propõe ações de rua, e que são fotografadas por outras pessoas e estarão na galeria também. Tudo junto forma um conjunto variado de criações, onde se eleva o olhar do público sobre olhar de mulheres de idades, profissões e posicionamentos sociais diversos.

O grupo feminino tomou a iniciativa de expor, mas também de propor discussões sobre o feminino na arte na Amazônia, talvez nem sempre de forma tão específica, e por isso, além das obras que poderão ser vistas até 6 de setembro, com visitações de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30, uma programação se abre ao debate, no dia 16, a partir das 18h, e no dia 23, com a realização de um laboratório apreciação criativa, a partir das 16h. 

Obra de Cinthya Marques
Atuantes e de pensamentos que abordam questões, a partir da ação feminina na arte amazônica, elas são sagazes, feitas de sangue, carne, osso e sim, muita sensibilidade. É tudo inerente.

O título “Mulheres Líquidas” trata da liquidez feminina como simbologia quase mística, aproxima o pensamento urbano à natureza, trazendo como mote maior a possibilidade de transformação, diluição, morte e a regeneração de conceitos, atitudes e possibilidades inerentes aos ciclos criativos. 

Flávia Souza traz sua experiência de mãe e fotógrafa. É seu olhar belo sobre a odisseia de seu filho, Ulisses, contando essa história através de imagens, sendo mãe e filha ao mesmo tempo. A força do protesto contra a violenta construção da usina hidrelétrica de Belo Monte está no trabalho de Lúcia Gomes, fotografado e nesta oportunidade exposto de forma também coletiva. 

Já o trabalho de Elieni Tenório chega diferente estão presentes as cores maduras e vivas, representando as formas femininas de submissão. “Razões do Corpo” é um painel composto de cinco telas juntas, produzidas na bolsa de pesquisa do IAP em 2008, na categoria de desenho sobre tela. Glauce Santos nos leva à contracosta do arquipélago Marajoara e retrata essa longa viagem de barco em fabulosas xilogravuras. 

"Razões do Corpo", tela de Elieni Tenório
Portas se abrem nas obras de Isabela do Lago, para sermos recebidos por sacerdotisas da sabedoria tradicional popular, encontradas na encantaria da cabocla paraoara.

 Mulheres, artistas e fotógrafas, elas estão enunciando por meio da arte, a sua absoluta fluidez e incorporando numa mostra coletiva, questionamentos emoldurados às posturas opressivas impostas ao feminino pela sociedade. São diversas águas, sem a pretensão de inovar, mas assumindo a mudança de uma forma sólida para uma forma líquida. 

A mesa redonda que será realizada no dia 16, às 18h, dará oportunidade ao público, de fazer perguntas às participantes, que falarão sobre suas obras, desde o processo criativo até a concepção final da obra. O Laboratório de apreciação criativa, no dia 23 de agosto, com início às 16h, renovará a possibilidade do encontro anterior e aprofundará a discussão com estas mulheres e suas criações. 

Visitas escolares - A Galeria Theodoro Braga também faz um convite às escolas da rede pública e particular que queiram conferir a exposição, por meio do agendamento para visitas monitoradas. A ação é um meio de impulsionar atividades relacionadas à educação e potencializar a relação “Artista x Público”, além de ampliar a divulgação da produção artística paraense, tanto de artistas novos como consagrados. 

Da série: Odisséia, de Flávia Souza
Ficha Técnica - Curadoria, idealização, pesquisas e textos: Cinthya Marques, Flávia Souza, Glauce Santos, Isabela do Lago, Renata Aguiar. Produção Cultural e Executiva: Isabela do Lago. Projeto Gráfico: Isabela do Lago e Eliane Moura. 

Montagem: apoio de João Paulo do Amaral. Comunicação: Luciana Medeiros (Holofote Virtual) + Ascom (FCPTN). Iluminação: João Paulo do Amaral. Manutenção e Pintura da sala de exposição da Gerência de Apoio Operacional – GAO: Rosa Oliveira. Participantes das Mesas Redondas: SDDH + Sissa Aneleh. 

Serviço 
Mulheres Líquidas. Exposição e Curadoria Coletiva. Abertura no dia 09 de agosto, na Galeria Theodoro Braga, do Centur, às 19h – Gentil Bittencourt n. 650. A programação segue até o final do mês, trazendo mesa de debate no dia 16, às 18h, e Laboratório de Apreciação Coletiva, no dia 23, às 16h. Realização Governo do Estado do Pará. Mais informações: 91 8840.6879/ 8310.4838 (produção) ou 3202.4313 (galeria).

Nenhum comentário: