7.12.10

"Invento é uma brisa leve e deliciosa no circuito musical da cidade"

Depois de três semanas em cartaz, sempre às terças-feiras,   o show se despede hoje do Espaço Reator, a partir das 21h, reunindo  a cantora Sônia Nascimento e os músicos Rubens Stanislaw (baixo), Renato Torres (violões) e Diego Xavier (bandolim).

A produção musical é de Léo Bitar, cenografia de Nando Lima e o Make Up, de Antônio Maurity. O Reator fica na Trav. 14 de abril nº 1053, entre Av. Governador José Malcher e av. Magalhães Barata. 

Haverá mais uma oportunidade para vê-lo, na próxima semana, 15 de dezembro, no Teatro Margarida Schivasappa do Centur, às 20h, dentro do projeto Uma Quarta de Música.O texto à seguir foi publicado nesta terça-feira, 07, originalmente no Caderno Você do Diário do Pará. As fotos são de Ana Flor.



Sônia Nascimento – “Invento” no Reator
Por Mariano Klautau Filho*

O show da cantora Sônia Nascimento no Reator é uma brisa leve e deliciosa no circuito musical da cidade. Suave e original, “Invento” marca a volta desta cantora desde suas incursões com as bandas “Jardim Elétrico” e “Florbella Spanka” nos anos 90. A voz de Sônia é particular e sutil. Delicada e firme, opera nos meios-tons com um timbre levemente aveludado. Não lembra, mas remete à mesma qualidade de vozes como as de Clara Sandroni e Dulce Quental.

A delicadeza da voz se mostra logo de cara na abertura. A canção “Clarear” de Renato Villaça é quase um mantra. De melodia minimalista que vai se repetindo várias vezes e de sonoridade derramada, a canção envolve a platéia e define o conceito sonoro do show: repertório construído com composições contemporâneas de gerações distintas e que dialogam na percepção poética (muitas vezes melancólica), mas sobretudo viajante e positiva sobre o mundo. Esta cosmovisão amorosa se observa de modos diversos tanto em “Água” (Kassin) como na belíssima “Balada de Agosto” (Fagner e Zeca Baleiro). A identidade do repertório vai se construindo ao longo do show com canções de Nei Lisboa, Moska, Zé Miguel Wisnick, Dulce Quental e dos paraenses Edir Gaia e Renato Torres, entre outros.

Cantora e músicos sabem o que tocam e cantam, pois partilham das mesmas visões elétricas sobre o mundo. Buscam, pesquisam, vivem a musica. A presença de Renato Torres (direção musical e guitarra) é fundamental. Cheio de charme pop, sabe ser sofisticado na medida certa. 

Seus comparsas no palco, outro deleite. Rubens Stanislaw (atuante desde os tempos da “MoonShadow”) no baixo é discreto e preciso. Diego Xavier é a surpresa da nova geração, pelo menos para mim. Cuida da percussão, toca muito bem seu bandolin e ainda traz de brinde um sorriso que imprime um otimismo no ambiente.

Sônia participa deste otimismo com desenvoltura entre os músicos, canta com contenção mas expõe um força afetiva na interpretação, especialmente em “Pérolas aos poucos” e “Balada de Agosto”. Destaque também para sua atuação na livre, leve e solta “Zensider” de Edwaldo Santana que fecha o show. Esta costura sonora também é comandada pelas boas mãos de Léo Bitar que é o produtor musical do show. 

O Reator, tem Léo na direção musical e Nando Lima como comandante geral na direção artística. O novo espaço, como o próprio nome diz, é um projeto independe de reação artística na cidade. Tem um conceito muito bem delineado e com isso pretende lançar sua programação com a marca do lugar. Com “Invento” na voz de Sônia o Reator dá sua partida. Um ótimo pontapé inicial!

*Mariano Klautau Filho é jornalista, graduado em Comunicação Social pela UFPA, é fotógrafo e professor de fotografia da Universidade da Amazônia.

Mais informações sobre o show: 91 – 8112.8497 e 91 8134.7719.



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